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Estado de Minas TRÂNSITO

Nem explosão de multas libera espaço para ônibus em BH

De 1º a 14 de julho, 144.857 motoristas foram punidos por invadir faixas de coletivos em BH, 55% mais que em igual período de 2022


26/07/2023 04:00 - atualizado 26/07/2023 05:31
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Flagrante de veículo não autorizado em faixa exclusiva para ônibus e táxis: infração pode levar a multa de R$ 293 e perda de 7 pontos na carteira
Flagrante de veículo não autorizado em faixa exclusiva para ônibus e táxis: infração pode levar a multa de R$ 293 e perda de 7 pontos na carteira (foto: JairAmaral/EM/D.A Press )
Os sete pontos somados na carteira de habilitação e a multa de R$ 293 não têm sido suficientes para impedir que motoristas invadam os espaços exclusivos para ônibus na capital mineira. Neste ano, de janeiro até o último dia 14, o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) registrou 144.857 infrações de condutores que invadiram a faixa destinada para coletivos. O número é 85,7% maior se comparado ao mesmo período de 2022, quando foram registradas mais de 78 mil multas. O alto número assusta especialistas e as autoridades. Mensalmente, entre janeiro e maio, foram aplicadas mais de 24 mil multas. Em 2022, durante o mesmo período, foram 10,5 mil multas cadastradas todos os meses.

Segundo Márcio Aguiar, especialista em engenharia de transporte e trânsito, a falta de uma fiscalização a mais, além dos radares, é um dos principais fatores para que os motoristas se sintam seguros para invadir as faixas exclusivas. “É um número alto. Um dos motivos é a falta de fiscalização mais firme. O Estado acaba não tendo uma estrutura para fazer isso. Para resolver, teríamos que ter uma fiscalização mais rígida, que não temos. E também precisamos melhorar o sistema de transporte público. Melhorando isso, teríamos menos infrações. Como o transporte público é muito ruim, as pessoas usam mais carros. O advento dos aplicativos também vai aumentar o número de infrações”, explicou.

O especialista aponta que o forte trânsito, principalmente nos horários de pico, eleva as chances de o motorista ficar impaciente e cometer pequenos erros. “O congestionamento deixa as pessoas mais impacientes. Elas procuram fazer manobras menos apropriadas. Temos que fazer uma educação mais firme. Observamos que a fiscalização trabalha de forma pontual, sem abrangência. As pessoas acabam não acreditando nela”, disse.

Na faixa exclusiva da Cristiano Machado no sentido Centro, entre a Avenida Vilarinho, em Venda Nova, e o Bairro Dona Clara, na Região da Pampulha, o desrespeito é frequente no horário de pico da manhã. Por lá, motoristas de carros fazem filas no espaço destinado aos ônibus para fugir do trânsito intenso nas outras duas faixas, deixando as viagens dos coletivos mais lentas. Os infratores só saem da área nos locais onde estão instalados os radares que flagram o desrespeito. No entanto, voltam a trafegar no espaço dos ônibus assim que passam pelos equipamentos de fiscalização.

Segundo a BHTrans, atualmente Belo Horizonte conta com 59 radares fiscalizando as ruas. A quantidade de equipamentos se reflete no número de multas, que representa 96% das infrações de invasão de faixa exclusiva em todo o estado.

Efeito negativo

Quem sofre com a imprudência dos condutores no dia a dia reclama da falta de fiscalização. Weslley Verissimo é motorista de ônibus e diz que é comum ver os carros invadindo sua faixa exclusiva. “Atrapalha em todos os sentidos. Temos que ficar de olho no trânsito, no passageiro, andar na faixa certa. Acontece que, de repente, aparece um motorista e para na faixa que é nossa. Aí temos que sair da faixa, gera um trânsito enorme porque o cara não segue uma lei”, disse.

O tenente Lehônidas, do Batalhão de Polícia de Trânsito, também acredita que o grande fluxo de veículos contribui para que o motorista cometa erros. “O motorista pode acreditar que vai cometer as infrações e não vai ser autuado. Ele percebe a faixa livre, com o trânsito intenso, e acredita que consegue ganhar algum tempo. Mas tem a fiscalização por câmeras, que fazem o registro e seu veículo é fotografado”, disse.

Encontrar uma solução para o problema não é fácil, mas Márcio acredita que conscientizar os motoristas e melhorar o transporte público são ações que podem ajudar. “Temos que fazer uma educação mais firme. Observamos que a fiscalização trabalha de forma pontual, sem abrangência. As pessoas acabam não acreditando nela. Quando o transporte público atende melhor a população, o número cai. A fiscalização vai beneficiar toda a via, não só onde ficam os radares. Precisamos de uma estratégia mais eficiente no trânsito.”


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