![Animais estão sendo cuidados por funcionários em um condomínio de empresas. Alguns deles ficaram feridos após brigarem. (foto: Arquivo pessoal) Animais estão sendo cuidados por funcionários em um condomínio de empresas. Alguns deles ficaram feridos após brigarem.](https://i.em.com.br/S_MPorISq4PgHKaxL_zwF2aThTc=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/03/04/1464789/animais-estao-sendo-cuidados-por-funcionarios-em-um-condominio-de-empresas-alguns-deles-ficaram-feridos-apos-brigarem-_1_128586.jpg)
Ao Estado de Minas, Sandra Maria Chagas, de 40 anos, funcionária no local, conta que quatro filhotes de fêmeas foram deixados lá. Depois apareceram mais três machos. Na última quarta-feira (1º/3), um dálmata e outro cão de grande porte foram abandonados.
Ela conta ainda que o trecho da rodovia utilizado como ponto de abandono, na altura do km 786, fica em uma rua deserta que dá acesso ao condomínio. “Aí os animais começaram a entrar aqui. Os vigilantes veem, mas ficam com pena e deixam eles entrar”, completa.
Outro funcionário ouvido pela reportagem, que pediu para não se identificar, relatou, inclusive, que as fêmeas começaram a entrar no cio e não estão castradas. “Apenas remover eles de lá e deixá-los em outro local da cidade não irá resolver o problema. Eles precisam de um lar de verdade”, opina. Segundo ele, alguns animais ficaram feridos, pois acabaram brigando.
Superlotação no Canil Municipal
Procurado pela reportagem, o diretor do Canil Municipal, Átila de Jesus Souza, pontuou que o espaço abriga 835 cães. O quantitativo supera a capacidade do canil, que conta com 500 vagas. A superlotação, no entanto, já teve um número mais expressivo – quando, em janeiro de 2022, antes da nomeação de Átila, mais de 1,2 mil animais estavam no local.
Segundo Átila, no canil "entram apenas animais doentes, atropelados, feridos gravemente e cadelas no cio". Ele relatou ainda um pouco sobre as dificuldades que protetores de animais enfrentam.
“Cuido deles com uma equipe de aproximadamente 30 auxiliares de limpeza e cinco veterinários. Se está lotado, sem vagas, é porque hoje não se mata cães a revelia. Mas a sociedade não enxerga isso e simplesmente quer transferir o problema para quem eles entendem como responsáveis”, avalia.
Atuante na causa animal há mais de 28 anos, Átila, antes de assumir a direção do Canil Municipal, atuou como presidente do Conselho Municipal de Proteção Animal (Compa-JF). Ele afirma ter conhecimento de muitos outros pontos de abandono na BR-040 em Juiz de Fora.
“Esse crime é praticado todos os dias e sempre termina em impunidade. Existem leis estaduais que permitem cuidar e alimentar os animais soltos nas vias públicas, mas não existe no mundo espaço para todos os animais soltos pelas ruas. A chamada ‘carrocinha’ já não existe mais, pois cidades mais evoluídas em tratamento de animais entendem que o animal sadio na rua é melhor do que preso em um abrigo ou canil lotado, tendo que disputar espaço, água, sombra e comida”.
“Os casos de abandono de animais sadios e dispensa de animais doentes, nas proximidades dos grandes centros, estão fora do normal. Essa situação é ignorada pelos ‘políticos protetores’”, finaliza.
O que diz a lei?
A legislação – conforme o artigo 32 da Lei 9.605/98 – assegura pena de detenção de três meses a um ano para quem “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, além de multa.
Porém, quando se tratar de cão ou gato, a penalidade aplicada varia de dois a cinco anos de prisão, podendo ser aumentada de um sexto a um terço, caso a violência ocasione a morte do animal.