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Estado de Minas PATRIMÔNIO

BH: restaurada, Casa da Fazendinha é aberta com exposição

Casarão do início de Belo Horizonte retorna à comunidade. Moradores dizem que obra resultou de 'muita luta e resistência'


17/12/2022 19:21 - atualizado 17/12/2022 19:31

As obras de restauro do imóvel demandaram três anos
As obras de restauro do imóvel demandaram três anos (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Um patrimônio dos primórdios de Belo Horizonte, capital em plenas comemorações dos seus 125 anos de história, volta à cena urbana para valorizar ainda mais a vida cultural com a sua completa restauração. Na manhã deste sábado (17/12), foi inaugurada a Casa da Fazendinha, imóvel do início do século 20, na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul. 

No local, com a presença do prefeito Fuad Noman, foi aberta também hoje a exposição “De fazenda a casarão: trajetórias de preservação”, mostrando a história da construção, do processo de tombamento, há 30 anos, ao restauro. A gestão do espaço será da Associação Cultural Casa do Beco, que surgiu em 2003 a partir do trabalho artístico do Grupo do Beco (criado em 1995). 

Nascido e criado na comunidade da Barragem Santa Lúcia, um dos maiores aglomerados de BH, o diretor e fundador da Casa do Beco, Nil César, conta que, até chegar à inauguração, houve “muita luta, resistência e resiliência” por parte dos moradores, incluindo a família que habitava a casa, a fim de garantir a integridade do imóvel e reivindicar o tombamento. “Para administrações municipais anteriores, tombar e proteger o casarão era reconhecer a favela como parte da capital. Então, não assumiam isso. Foram necessários três décadas para essa conquista, mesmo o casarão estando tão perto do Museu Histórico Abílio Barreto”, explicou Nil César.  

De acordo com informações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), as obras de restauro do imóvel demandaram três anos, a partir  de um programa de ações com apoio e atuação da Secretaria Municipal de Cultura, Fundação Municipal de Cultura, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Secretaria Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Sudecap, Prodabel e Coordenadoria de Atendimento Regional Centro-Sul. Erguido na antiga colônia Agrícola Afonso Pena, em fazenda existente antes da construção de BH, a edificação foi tombada em 1992.

EMOÇÃO E ALEGRIA

 
O imóvel abre as portas com a exposição “De fazenda a casarão: trajetórias de preservação”,  que aborda a história do imóvel, destaca atuação da Casa do Beco na comunidade e homenageia Maria Izabel Rocha Magalhães, falecida em 2010, e sua família, responsáveis pela preservação por vários anos. A PBH informa que se trata “de um memorial, o qual também receberá, esporadicamente, exposições que ilustrem a construção e o crescimento da comunidade na cidade, a partir de vários outros olhares, tais como as mobilizações sociais, associações, grupos de jovens, religiões, entre outros”.

Para a filha de dona Izabel, Flávia Regina Rocha da Silva, de 53 anos, “ver o espaço de pé, com a certeza de ele não vai mais cair, é uma emoção muito grande”. Presente à inauguração, ela disse que o momento era de “alegria”, pois foram muitos anos de luta junto aos órgãos culturais.
 
Endereço: Avenida Artur Bernardes, 3.120, na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de BH
Endereço: Avenida Artur Bernardes, 3.120, na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de BH (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
 

Para a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a restauração do imóvel centenário, transformado em novo espaço cultural para comunidade da Barragem Santa Lúcia, “representa a valorização do patrimônio cultural da cidade e a requalificação de um novo espaço, que estão em consonância com a política cultural do município, que preza pela descentralização das ações e universalização do acesso.

Eliane Parreiras disse ainda que nada mais simbólico para marcar o aniversário de BH do que a entrega da Casa da Fazendinha à cidade, com gestão da própria comunidade, contando a história e potencializando a cultura local e a inclusão social. “Precisamos, cada vez mais, valorizar a cultura produzida nas comunidades e incentivar a formação de novos agentes que atuem também a partir das vivências locais. Nesse sentido, a gestão da Casa do Beco, instituição com forte presença na região, certamente cumprirá muito bem esse papel.”

Já a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, ressaltou que o casarão da Barragem Santa Lúcia preserva a história da capital  e marcou o início da ocupação daquela área. “Nada mais justo que ele retorne agora à comunidade, sendo dado ao imóvel um uso cultural.”

Após a exposição, o novo equipamento passará a atuar tanto na formação cultural e profissional quanto na apresentação de shows musicais e espetáculos. A Prodabel (Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte) irá equipar duas salas com telecentros, sendo uma para a inclusão digital de idosos e a outra um espaço de formação e profissionalização da juventude. De acordo com a PBH, será destinado um espaço multiuso para oficinas, palestras, cursos, seminários, formação de empreendedorismo cultural, gestão cultural, prestação de contas e produção cultural. Vale destacar que será mantida uma programação artística, tendo a varanda do casarão como palco para eventos musicais e performances.
 
O imóvel abre as portas com a exposição 'De fazenda a casarão: trajetórias de preservação'
O imóvel abre as portas com a exposição 'De fazenda a casarão: trajetórias de preservação' (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
 

CONSTRUÇÃO

 
A história do casarão da Barragem Santa Lúcia começa antes da construção da capital, quando o imóvel foi erguido em um terreno que, inicialmente, fazia parte da Fazenda do Capão, localizada na região que corresponde atualmente ao Bairro Santa Lúcia e adjacências. Pesquisas mostram que, em 1894, a fazenda pertencia a Ilídio Ferreira da Luz e foi desapropriada por estar na área onde seria construída Belo Horizonte.

Posteriormente, a fazenda passou a integrar a Colônia Agrícola Afonso Pena. Pesquisas recentes informam que a edificação foi possivelmente construída no lote 71 da Colônia Agrícola, entre 1900 e 1919. Há indícios de que a Cerâmica Santa Maria, que ficava em frente ao casarão até a década de 1950, tenha pertencido aos proprietários da antiga residência.
 
Em 1972, o casarão foi adquirido por Maria Izabel Rocha Magalhães e o marido. Em 1992, o imóvel passou a integrar o Patrimônio Cultural do município, em função de seu “valor histórico e afetivo para a comunidade e a sociedade”, conforme documento distribuído pela PBH.

 

SERVIÇO


- Exposição “De fazenda a casarão: trajetórias de preservação”.

- Aberta até 20 de dezembro, das 13h às 18h. Haverá nova temporada na segunda quinzena de janeiro.

Entrada: gratuita

Endereço: Avenida Artur Bernardes, 3.120, na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de BH.


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