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Estado de Minas DIFICULDADE

Preços altos levam à queda nas doações de alimentos em BH, segundo ONGs

Segundo responsáveis pelas instituições de caridade, queda se deve também aos reflexos da pandemia


23/05/2022 14:52 - atualizado 23/05/2022 16:41

Distribuição de alimentos na Praça da Estação, em 2020
Distribuição de alimentos na Praça da Estação, em 2020: cesta básica já custa quase 60% do valor do salário mínimo (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O aperto financeiro pelo qual passa muitas famílias tem impactado a assistência à população vulnerável em Belo Horizonte. Voluntários que atuam na capital relatam queda nas doações de alimentos. O cenário já vem sendo sentido desde meados de 2021, mas se acentuou nos últimos seis meses. Os motivos estão relacionados à pandemia e ao preço das verduras, legumes, cereais, como o arroz e o feijão, e a carne.

No município, de acordo com a Fundação Ipead/UFMG, o custo da cesta básica em abril foi de R$ 716,26, com alta de 3% em relação a março e equivalente a 59,10% do salário mínimo. Em março, por exemplo, o custo de vida, em Belo Horizonte, aumentou em 1,39%, impulsionado pelo preço dos combustíveis e dos alimentos in natura, segundo o Ipead.

Fraternidade Espirita Lar de Luz (Felluz)

De acordo com Alexandre Lima, um dos fundadores da Fraternidade Espirita Lar de Luz (Felluz), criada em 2004, as campanhas para a recolha de alimentos ocorrem mensalmente, ao contrário, das roupas de frio, por exemplo, que, geralmente, acontecem nos meses de inverno. No entanto, se antes a quantidade de doações era grande, agora esse número caiu expressivamente.

“Além da população de rua, nós ajudamos toda a população carente do entorno de Belo Horizonte, como Santa Luzia e Ribeirão das Neves, e alguns aglomerados, como o Cercadinho.  Até o ano passado, sempre que algumas lideranças entravam em contato conosco, tínhamos alimentos em boa quantidade e cesta básica para poder doar. Hoje, para conseguir arrecadar, é necessária uma mobilização extrema e fazer campanhas, e mesmo assim é baixa a quantidade”, assegura.

Ele afirma que conseguiu recolher muito agasalho e cobertor na campanha mobilizada pelo frio neste mês, mas a doação de alimentos permanece reduzida. “A doação de comida é recorrente, as pessoas são sempre solidárias. A conta e os locais de distribuição ficam sempre ativos, mas vemos uma redução nos últimos seis meses. Por exemplo, em abril, conseguimos arrecadação para montar, dificilmente, 20 cestas pequenas e com itens básicos, e costumamos a montar cestas gigantes, com dois pacotes de arroz”, contou.

Para Alexandre, as explicações seriam a queda do poder aquisitivo e os valores dos alimentos. “A situação está difícil para todo mundo. Além disso, a inflação está altíssima, a cesta básica completa está R$ 700. Outro projeto de que eu participo é o Sertão de Minas, que leva caminhões de alimentos, fralda e ração para a região do Norte de Minas, e bater as metas está cada vez mais difícil”, comenta.

A solução para melhorar, segundo um dos fundadores da Felluz, é a doação de itens não perecíveis. “Doar uma certa é complicado, mas a doação pode ser também de itens ou qualquer valor em dinheiro. A pessoa pode trazer para gente ou tem equipes que buscam em algumas regiões”, conta.

Saiba como ajudar

Endereços de entregas de doações: Pastoral de Rua — Rua Além Paraíba, nº 208, Bairro Bonfim; Rua Itajubá, nº 173, Bairro Floresta.

CNPJ: Pix:  07.747.821/0001-35

Informações da Fellluz: (31) 98643-1056

Sopão Solidário

Emily Borges, atuante no setor administrativo do Sopão Solidário, que fará sete anos em 2022, afirmou que, desde a pandemia tem notado a queda nas doações de alimentos, que antes eram fixas. “Recebíamos muitas verduras, legumes e macarrão para fazer a sopa. Atualmente, com a inflação e, consequentemente, o aumento do preço dos alimentos no mercados, a doação caiu muito. Anteriormente nossa arrecadação de verdura era fixa, agora temos que procurar em sacolões e outros estabelecimentos para ver se conseguimos”, explicou.

Emily afirma que ainda há pessoas que ajudam mensalmente, mas a redução é evidente. Para solucionar o problema, a ONG criou um bazar de roupas e sapatos, para arrecadar dinheiro e comprar os alimentos. “Recebemos muitas roupas, principalmente femininas. Para não faltar nada na preparação da sopa, montamos esse bazar. Caso a pessoa não tenha como ajudar com dinheiro ou algum alimento, ela doando uma roupa em bom estado já nos auxilia”, completou.

O maior objetivo da instituição é poder aumentar a recolha dos produtos alimentícios. “Na pandemia caiu também, mas, atualmente, é ainda mais expressivo. A situação acabou respigando na gente”, contou.

Saiba como ajudar

O interessado em ajudar pode acionar o Instagram do Sopão Solidário ou fazer qualquer doação via Pix (00060857684).

Rede Solidária BH

Rosemeire Aquino, diretora financeira da Rede Solidária BH, também acredita que o baixo fluxo na doação de alimentos é reflexo da pandemia e da inflação. “Em 2020, quando começamos a atuar mais de frente, vimos as pessoas se solidarizando bastante por conta da pandemia. Hoje, devido a tudo que passamos, desemprego e empresas fechando, notamos uma queda expressiva”, comentou.

Ela conta que na campanha emergencial de frio deste mês a situação difere, pois, conseguiu um bom retorno e arrecadou muitos itens para a população em situação de rua. “Na última sexta, quando fomos distribuir os agasalhos nas ruas, havia muitas instituições entregando também e não vimos um morador de rua sem uma blusa e coberta. Conseguimos muitas coisa, estamos pensando em fazer uma ação nas comunidades”, disse.

Além disso, conforme Rosemeire, a circunstância também auxilia na arrecadação de donativos. “Na pandemia, as pessoas ficaram muito sensibilizadas, e o número de doação aumentou. Neste frio, também houve uma grande mobilização para conseguir auxiliar a população em situação de rua. A gente, mesmo fazendo o pão e achocolatado para entregar na sexta (20), conseguimos pouco alimento, mas muitos cobertores”, completou.

Para reverter o quadro, a diretora financeira da Rede Solidária BH sugere que as pessoas doem os itens mais importantes da cesta básica, como arroz e óleo. “Se a pessoa não pode doar uma cesta, convém os projetos fazerem campanhas para arrecadar produtos específicos e a própria instituição montá-la. Assim, quem pode doar uma cesta completa doa, mas quem não tem essa possibilidade também pode ajudar”, afirmou.

Saiba como ajudar


Banco Inter
Banco: 077
Agencia: 0001-9
Conta: 6535315-3

CNPJ:  Pix : 37.197.947/0001-44
Associação Voluntária de BH

Iluminata

A Associação Grupo Iluminata, atuante há 22 anos, faz a mesma queixa.  Kênia Avany da Silva, uma das fundadoras da instituição, explica que os voluntários estão precisando tirar do próprio bolso, nos últimos seis meses, para continuar servindo o almoço à população carente.

“Tem meses que a instituição não está recebendo doação de alimentos e não sei se é a inflação ou o aumento das pessoas que precisam. Isso porque doadores que nos ajudavam sempre, atualmente, conseguem ajudar só quando podem”, explicou

Ela ressalta que, anteriormente, se conseguia 100 cestas básicas,  agora para conseguir 10 é preciso mais de um mês.  “A situação financeira e os valores dos alimentos, que aumentou bastante. O quilo da cenoura era de R$ 3, hoje estamos pagando cerca de R$ 9. Por isso, estamos pedindo que as pessoas, se não puderem, doem produtos separados, pacotes de arroz ou feijão. Tirar um pouquinho do pacote da compra mensal também ajuda, caso não possa doá-lo todo”, afirmou.

Saiba como ajudar


Para doar, o interessado pode entrar em contato no Instagram do grupo Iluminata.

Situação muda de acordo coma localidade da instituição

Jeane Mondin, que é participante do grupo Naasp, da Arquidiocese de BH, afirma que não sentiu tanto a queda das doações nesses últimos meses. “O grupo é grande e reúne várias paróquias da cidade, incluindo a minha. Como estamos localizados no Buritis, que é um bairro que não tem um perfil de necessidade, nossa organização acaba doando mais em vez de receber doações”, afirmou.

Por ter um grupo maior, a voluntária também não tem grandes problemas no momento de fazer uma campanha. “Conseguimos as doações no próprio grupo, sem precisar levar externamente. Além disso, algumas pessoas fazem campanhas de aniversário pedindo cestas e, quando conseguimos uma quantidade maior, entregamos para outros grupos também, pois a rede foi criada para que uma paróquia ajudasse a outra, em casos de necessidade”, explicou.

Para ela, a rede consegue se apoiar, atendendo os bairros do entorno do Buritis que precisam de doações. “Além de alimentos, recolhemos roupas, calçados itens de higiene, fornecemos jantas e lanches para crianças carentes e apoio psicológico, fazemos vários projetos e conseguimos manter a nossa rede”, completou.

O grupo realiza um bazar para arrecadação de dinheiro, mas caso apareça alguém precisando de roupas, estas serão passadas. “As vezes aparece uma pessoa necessitando de uma blusa ou calçado e entregamos para ela. Então, além das vendas, nós doamos”, contou.

Sobre a pandemia, Jeane afirma que, antes dela, havia um padrão e, com o isolamento, surgiu outro. “Muitas pessoas limparam seus armários, por exemplo, e doaram muitas roupas. Houve uma grande sensibilização, sem dúvidas. Porém, também tivemos o desempego e fechamento de lojas e, consequentemente, aumentou a quantidade de pessoas que precisam de ajuda. Atualmente, com a endemia, é outro caminho”, explicou.

Apesar do grupo ajudar nas doações, eles também recebem das pessoas de fora. “Toda ajuda é bem-vinda, mesmo porque tudo será entregue a pessoas que precisam desses donativos”. ressaltou a voluntária.

Como ajudar


Paróquia Santa Clara de Assis
Endereço: Rua Alessandra Salum Cadar,  650, bairro Buritis
O horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 09:30 às  11:30 horas e das 13:30 às 17:30 horas, e aos sábados das 08:30 às 11:30 horas.


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