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Estado de Minas ESTUDO

MP aponta que 900 casos de homicídios e tentativas não foram apurados em JF

Levantamento foi feito em casos ocorridos entre 2010 e 2021. Polícia Civil informa que número de crimes está diminuindo


27/04/2022 14:55 - atualizado 27/04/2022 15:03

Anderson Gibi, investigador de polícia, e Rodrigo Rolli, delegado titular de Homicídios
Anderson Gibi, investigador de polícia, e Rodrigo Rolli, delegado titular de Homicídios, durante coletiva, em juiz de Fora (foto: Divulgação/PCMG)
Levantamento feito pela Promotoria de Justiça da Vara do Tribunal do Júri de Juiz de Fora analisou 900 inquéritos policiais, abertos pela Polícia Civil ca cidade, entre 2010 e 2021, para investigar crimes de tentativas e homicídios que não foram concluídos pela corporação.

Deste número, 368 casos estão concentrados em 15 regiões da cidade. São elas: Benfica (43), Jóquei Clube (37), Vila Esperança (33), Vila Olavo Costa (32), Ipiranga (30), Jardim Natal (28), Santa Cruz (28), Santa Rita (23), Santo Antônio (21), Milho Branco (18), São Benedito (17), Linhares (17), Centro (15), Sagrado Coração de Jesus (14) e Vila Alpina (12). 
 
"Acho que é uma pesquisa que me ajuda a posicionar e sugerir uma política pública diante da necessidade de eu mesmo conhecer minha própria demanda. Estava intrigado para conhecer as regiões de Juiz de Fora mais problemáticas [em termos de violência]. Nessas áreas, há uma incidência elevada de assassinatos e tentativas de assassinatos sem nenhuma possibilidade de solução", explicou o promotor de justiça Hélvio Simões Vidal. 
 
De acordo com o promotor o número de casos é ainda maior, cerca de 1.050. No entanto, ele não conseguiu analisar toda a documentação. E entre as regiões que mais concentram casos não solucionados há uma relação em comum: são áreas com altos índices de vulnerabilidade social.

"Esses números também mostram que as pessoas que morreram não têm expressão, são pessoas invisíveis. Se os números que estão aqui estivessem afetando alguma camada social, não estariam aqui mais. Alguma coisa teria sido feita", afirmou Hélvio. 
 
E na visão do promotor, a violência não solucionada pela Polícia Civil pode gerar um ciclo de violência. Entre a motivação provável dos crimes sem respostas analisados por Hélvio, em 119 casos (13,22% do total), está a vingança.

"O Estado não é chamado para resolver este problema. Ninguém sabe [a autoria]". Mas, para elem o pior dado é o de que em 463 casos (51,44%) não há indicativo de autoria do crime.

"Não se pode fazer nenhuma aproximação do suspeito. Não teve nenhuma investigação. Só se sabe que houve uma morte. Daí pra frente não se sabe mais nada", detalhou Hélvio Simões Vidal. 
 
Na análise do promotor, os outros casos sem apuração do(s) autor(es) dos crimes são: atrito pessoal (173), tráfico de drogas (123) e crime passional (22).

"Esses dados são públicos, são expressivos e mostram um foco de problemas que vão se sucedendo. Espero que aqui em Juiz de Fora o poder público possa se sensibilizar e implantar um sistema de monitoramento e acompanhamento nestas áreas que são sensíveis na nossa cidade", concluiu. 
 

Polícia Civil diz que casos estão diminuindo

Segundo o levantamento feito pelo Ministério Público, 44% dos crimes contra vida são elucidados pela Polícia Civil. No entanto, a corporação diverge destes números. Explica que desde 2014 existe a Delegacia Especializada de Homicídios. E que desde então, 90% dos casos de homicídios são solucionados.

"Há cinco anos, o número de homicídios vem diminuindo e o número de condenações vem aumentando, comprovando a eficácia do trabalho de investigação realizado pela Delegacia Especializada,” enfatiza o delegado titular, Rodrigo Rolli.
 
Segundo a Polícia Civil, foi criado um núcleo de acervo cartorário, responsável por apurar crimes mais antigos. Essa estrutura, na visão da corporação, ajuda na elucidação dos crimes.

"Temos casos que estão em investigação, mas parte já foram concluídos e encaminhados ao Poder Judiciário, porém, com retorno para complementação de diligências”, explica, complementando que a investigação criminal, em muitos casos, revela-se extremamente complexa.

“Mas há o monitoramento do setor de inteligência policial que, ao se deparar com a possibilidade de ‘guerras ou conflitos’ interpessoais – que podem ocasionar em morte – busca evitar e pôr fim às vinganças privadas, que sempre dominaram a cidade”, ressalta Rolli. 
 
Um ponto destacado pela Polícia Civil é o baixo efetivo. A Delegacia conta com um delegado, um escrivão e quatro investigadores. E essa equipe é responsável por investigar crimes em Juiz de Fora, Chácara e Coronel Pacheco.

Mesmo assim, de acordo com Rodrigo Rolli, os números de crimes contra a vida diminuem na cidade. “Com a utilização e implementação de testemunhas sigilosas e de oitivas gravadas, ou seja, com o aperfeiçoamento das investigações, além do monitoramento e mapeamento feito pela delegacia, tanto de autores, quanto de locais, ocasionou na redução e impacto na criminalidade. É perceptível que o número de homicídios vem diminuindo em bairros como Santo Antônio, Olavo Costa, São Benedito, entre outros, trazendo maior sensação de segurança para a sociedade”, finalizou o delegado.
 


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