Jornal Estado de Minas

PANDEMIA NA CAPITAL

COVID: descuido causa alta na transmissão em BH, dizem infectologistas

O sinal de alerta para a transmissão do coronavírus em Belo Horizonte deve ser aceso já nas próximas horas. Há mais de 20 dias, o RT – índice que mede o contágio da doença – está em ascensão e atingiu, nesta quarta-feira (23/3), o patamar de 0,98. Atualmente, significa que cada 100 pessoas podem transmitir o vírus para outras 98. Ontem, ele estava em 0,97 e chegou a figurar na casa dos 0,7 nas últimas semanas. 





 

O crescimento lento desse índice está atrelado uma série de fatores, não apenas às aglomerações registradas em alguns pontos da cidade durante o carnaval, diz o infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à COVID da Prefeitura de Belo Horizonte.

 

"Esse aumento lento do RT aqui em Belo Horizonte não é somente devido ao carnaval, que já ocorreu há quase um mês. Creio que tem relação também com a variante Ômicron, pois não sabemos se a sua subvariante BA.2 já entrou em nosso estado com mais intensidade. Outro ponto é o relaxamento das pessoas e isso nos preocupa um pouco, mas por outro lado tivemos um avanço na cobertura vacinal e felizmente há uma estabilidade com tendência de redução de mortalidade em decorrência da COVID por causa da vacinação", ressaltou.

 

O infectologista Carlos Starling, que também faz parte do comitê da PBH, avalia que a elevação do RT é provocada pela falta de cuidados da população e pelo relaxamento das medidas protetivas, ligadas a sensação de a pandemia estar sob controle.





 

"Esse ligeiro aumento do RT é resultado das flexibilizações que estão ocorrendo há algum tempo e pelo fato de as pessoas estarem relaxando com as medidas de controle fundamentais. Principalmente o uso de máscaras em ambientes fechados. As pessoas estão se aglomerando mais em função da falsa sensação que a pandemia está absolutamente controlada", ressaltou.

 

O especialista volta a alertar a população para manter os cuidados devidos, pois a pandemia permanece presente com a Ômicron e suas subvariantes.

 

"É preciso alertar que a pandemia não está controlada. Nós estamos, sim, com uma baixa incidência de internações e redução no número de mortes. A vacinação tem feito o seu papel, assim como a infecção natural foi explosiva com a Ômicron. Todos devem entender que o vírus continua circulando e as novas variantes ou subvariantes da própria Ômicron têm assolado o continente europeu, e nós não vamos ficar fora dessa nova onda, como aconteceu anteriormente", alertou o infectologista Carlos Starling.

 

Outro ponto preocupante é a chegada do tempo frio que contribui para o surgimento de várias outras doenças, segundo o infectologista Unaí Tupinambás.

 

"A chegada do outono trouxe quedas nas temperaturas e com o frio nessa época é comum a transmissão de outros vírus respiratórios. Isso pode impactar na assistência de saúde. E a gente já adianta a importância que é a campanha de vacinação contra a gripe que deve ser iniciada em breve. A população deve se vacinar contra a gripe. Importante lembrar também a população que ainda não recebeu a terceira dose da vacina anticovid e que já está no momento de ser imunizada que procure a assistência à saúde para receber essa dose para reduzir ainda mais o risco de casos graves da COVID", concluiu.





 

 

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