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Estado de Minas DA IGREJA AO CONGADO

Por que cidade de Minas será 1ª com tombamento híbrido

Por seu conjunto de preciosidades, Santana dos Montes, com origem no século 18, vai ganhar preservação simultânea de bens históricos e de tradições culturais


18/03/2022 04:00 - atualizado 18/03/2022 06:26

Núcleo histórico de Santana dos Montes - MG
Visão mineira: núcleo histórico de Santana dos Montes, município a 130 quilômetros de BH, que deve ser tombado em abril (foto: Prefeitura de Santana dos Montes/Divulgação)

 

Com raízes no século 18, olhos no presente e portas abertas às oportunidades futuras, o município de Santana dos Montes, na Região Central de Minas, está na reta final para ser protegido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) com uma novidade: o tombamento híbrido. Pela primeira vez, serão agregados ao dossiê elementos do patrimônio imaterial, incluindo atividades artísticas, como a Escola de Violeiros, e manifestações populares (congado e folia de reis). “Teremos, dessa forma, mais garantia de participação comunitária e menos arbitrariedades no processo”, disse, ontem, o presidente do Iepha, Felipe Pires.

 

Amanhã e domingo, Pires estará em Santana dos Montes, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, para encontro com autoridades municipais, integrantes do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) e outros representantes da cidade. “Vamos fazer um inventário participativo, com informações que serão adicionadas ao dossiê convencional de tombamento”, disse Felipe Pires, que é engenheiro civil, arquiteto e tem especialização em engenharia de monumentos. Amanhã, a reunião terá a presença do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, e do prefeito local, Avanilson Alves de Oliveira.

 

A expectativa é de que o tombamento do núcleo histórico ocorra no próximo mês pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep). O órgão tem Leônidas Oliveira como presidente e Felipe Pires como secretário-executivo, e apresentará nova composição (21 conselheiros) para o período 2022-2024. Para o secretário estadual, a cidade de Santana dos Montes é singular, e merece destaque o inédito tombamento híbrido. “A paisagem cultural que a circunda, seu casario, igrejas e fazendas são de uma beleza ímpar. Ao terminar esse dossiê e propor sua ampla proteção como patrimônio cultural material e imaterial do estado, o governo de Minas quer eternizar mais um capítulo importante da história originária da mineiridade, fundada no período colonial brasileiro. Ao proteger arquitetura, estilos e, de forma conjunta, suas tradições, torna-se também o primeiro modelo de tombamento híbrido.”

 

O secretário destaca que arte, materialidade e modos de vida são fundamentos de um povo. “Ganhamos enquanto povo, enquanto governo, e ganha o Brasil. Esperamos que a economia criativa promovida pelo turismo possa ser, a partir desse momento, indutora do desenvolvimento local, tendo o patrimônio histórico como centralidade. São dias de festa para a mineiridade. Ao povo de Santana, nossa reverência e gratidão por preservar a história de Minas Gerais.”

 

VALORIZAÇÃO A expectativa é grande no município de 3,8 mil habitantes, que comemora este ano o cinquentenário de emancipação de Conselheiro Lafaiete. “O tombamento do conjunto edificado e o reconhecimento do patrimônio imaterial são importantes não só para a valorização cultural e preservação dos monumentos, como para alavancar nosso turismo, que perdeu muito no período da pandemia”, ressalta a secretária Municipal de Cultura, Desenvolvimento, Turismo, Esportes e Lazer, Adriana Couto.

 

“Temos belos casarões, imponentes fazendas coloniais, natureza, a Igreja Matriz de Santana, da qual há registro em 1740, a Escola de Violeiros, fundada há 16 anos e reconhecida como patrimônio do município...”, enumera a secretária, lembrando que o núcleo histórico tem proteção municipal desde 2003. Outra iniciativa importante é a Via Liberdade, eixo turístico-cultural ligando o Rio de Janeiro (RJ) a Brasília (DF) pela rodovia BR-040, caminho que atravessa 70% do patrimônio nacional tombado e nove sítios reconhecidos como patrimônio mundial. “Estamos a 17 quilômetros da estrada. Conforto e tranquilidade são ingredientes de destaque nos hotéis-fazenda e pousadas da região”, observa Adriana Couto.

 

A secretária conta que a região foi habitada inicialmente por indígenas do povo carijó, seguidos dos colonizadores portugueses. Depois, recebeu escravizados africanos, cujos descendentes “mantêm viva a tradição da Festa do Rosário, a folia de reis e o congado”.

 

 

Enquanto isso

Identificação de bens culturais 

 

O Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, em parceria com o Observatório Lei.A, lançou uma ferramenta que permitirá a fácil identificação de quantos e quais são os bens culturais protegidos de cada localidade do estado. O objetivo do mapa, com georreferenciamento de mais de 4 mil bens culturais imóveis de Minas protegidos nos âmbitos federal (Iphan), estadual (Iepha) e municipal, é facilitar o acesso das pessoas a esse tipo de informação e, dessa forma, aumentar a salvaguarda do patrimônio mineiro. “Partindo da premissa de que a população é a melhor guardiã do seu patrimônio, a iniciativa busca trazer mais efetividade ao processo contínuo de vigilância do nosso patrimônio cultural”, diz o coordenador da CPPC, promotor de Justiça Marcelo Maffra.  


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