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Estado de Minas EXPOSIÇÃO

A história de Sabará vista sob o olhar de seus moradores

Depoimentos serão gravados em aúdio, vídeos e fotos, e serão posteriormente exibidos em praça pública


03/11/2021 13:58 - atualizado 03/11/2021 14:56

Sabará
Projeto ouvirá história afetiva de Sabará contada pelos próprios moradores (foto: Leandro Couri/EM-DA Press- Belo Horizonte/MG - Brasil)

Os habitantes de Sabará, cidade histórica situada na região metropolitana de Belo Horizonte, começaram na manhã desta quarta-feira (3/11), a ser protagonistas de um outro olhar sobre o registro histórico do município, a partir da afetividade com o local e a se reconhecer como patrimônio cultural. Os relatos serão colhidos em uma tenda, no adro da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição (Praça Getúlio Vargas), até a próxima sexta-feira (5). No sábado, será transferida para a quadra da Escola Municipal Maria Aparecida Batista, no Bairro General Carneiro. Os depoimentos serão fotografados, filmados e transformados em exposição de imagens em grande formato, varal fotográfico e documentário.


A ação é a 22ª edição do projeto "Moradores - A Humanidade do Patrimônio", movimento de arte urbana pela valorização da memória dos moradores como sendo o maior patrimônio que uma cidade pode ter. Um grupo de jornalistas, fotógrafos e diretores de cinema recebem os moradores para fotografá-los e registrar suas histórias e memórias relacionadas à cidade. 

Gustavo Nolasco, da Nitro Histórias, promove o projeto que completa 22 anos no ano que vem. Ele ressalta a importância de Sabará, cidade que inspira muitas histórias em seus mais de 300 anos, e contém um patrimônio vivo. O projeto já passou por outros municípios de Minas, São Paulo, Rio, Pernambuco e Bahia.
"Começamos hoje pela manhã, as pessoas estão chegando. A expectativa é ficar até sábado e conversar com bastante gente. Em cada lugar que passamos, a gente acaba tomando uma paixão grande pela cidade. Em nosso trabalho, o mais gostoso é ouvir histórias. A gente se apaixona pela cidade, nos sentimos moradores dela e começamos a entender porque cada lugar é importante na vida das pessoas."

Na pandemia, diante das restrições sanitárias, o grupo desenvolveu duas etapas de forma virutal, no Edifício JK, condomínio da Região Central da capital, "onde fizemos um teste e foi muito bacana. Criamos um mecanismo para que as pessoas dessem o depoimento e fossem fotografadas em seus apartamentos. Também com todos os cuidados, em João Monlevade. Agora, com menos restrições, é a primeira vez que voltamos para a rua. É muito bom poder ouvir as pessoas e o barulho das cidades".
História
Silas vê as pessoas como protagonistas do patrimônio da cidade. "Somos nós que contamos as histórias dos prédios, praças e igrejas." (foto: Leandro Couri/EM-DA Press- Belo Horizonte/MG - Brasil)

Um dos primeiros depoimentos colhidos foi do poeta, escritor e servidor público aposentado Silas da Fonseca, de 70 anos. Em mais de uma hora de gravação, o sabarense contou sobre sua infância, sobre o sentimento de pertencimento da cidade, de uma forma bem resumida, segundo ele próprio. "Poderia falar por pelo menos mais umas três horas, afinal, aos 70 anos, tenho muita história", brinca.

Segundo o entendimento do poeta, os prédios, os rios, as praças e os espaços públicos "precisam de nós e não nós deles. Um prédio sem ter sua história contada tornar-se-a um prédio como outro qualquer. Sujeito a ser demolido a qualquer momento para dar lugar a outro. Nossa compreensão da importância daquela edificação, nosso olhar e os relatos que passamos às gerações que vão chegando são garantias de sua permanência."

Para Silas, se a iniciativa "servir" para chamar a atenção das pessoas sobre a importância de se conhecer a história "está de bom tamanho. Temos que entender que patrimônio não se trata de prédios, teatros, igrejas ou praças, mas o olhar sobre as coisas que foram construídas ao longo do tempo, seguindo uma trajetória de história e vida de cada morador".

Para ilustrar seu entendimento, Silas cita as ruas do bairro onde mora. "Quando abriram as ruas, que lá não existiam, deram nomes em homenagem a pessoas que moraram no bairro. Hoje, ninguém mais sabe quem são esses nomes. Umas 15 ruas sem que se saiba a história desses personagens. Resgatá-los é importante para a identidade da cidade e a herança que deixaremos para filhos e netos."

A aposentada Mina Auxiliadora, nascida em Sabará, soube do projeto por meio de um grupo de moradores da terceira idade. "Olhei pelo nosso grupo de terceira idade e soube do projeto que iria reunir relatos das coisas antigas de Sabará. Tenho minha mãe, com 87 anos, que terá muita história para contar. Vou trazer minha família. Sabará tem muita história. Sou nativa e trabalhei 34 anos na Arcelor Mitral. Não conhecia o projeto. Meus avós eram mineiros da antiga Belgo."

O lançamento da exposição e do documentário está previsto para 4 de dezembro, na Praça Melo Viana (Igreja do Rosário), quando será aberta a mostra de retratos dos moradores (12 painéis de 4m x 2m). Também será promovido um concurso de redação, em que estudantes de Sabará contarão histórias sobre moradores da cidade.

Uma comissão julgadora elegerá as vencedoras, que farão parte do catálogo da exposição. O projeto Moradores é uma criação da Nitro Histórias Visuais, de Belo Horizonte. Já passou por cinco estados e registrou a história de aproximadamente 3,5 mil pessoas. Foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como ação de sucesso em educação patrimonial. 


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