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Estado de Minas DEBATE E CULTURA

Importantes rios de Minas serão tema de festival on-line

Evento terá debates, shows e apresentação de estudos sobre os rios São Francisco, Doce e Jequitinhonha


26/07/2021 13:11 - atualizado 27/07/2021 14:48

Trecho do Rio São Francisco em Minas Gerais(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press - 17/8/17)
Trecho do Rio São Francisco em Minas Gerais (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press - 17/8/17)
Em um momento em que se discutem as questões ambientais, principalmente com a crise hídrica que atinge o Brasil, o debate sobre a importância dos rios para a sociedade vem à tona. Com uma abordagem multidisciplinar e estudos sobre a preservação das histórias e culturas que permeiam as águas dos rios Doce, São Francisco e Jequitinhonha, o Festival Seres-Rios, convida os mineiros a olhar esses recursos naturais com uma perspectiva diferente e mais aprofundada. 

O evento será realizado virtualmente de 2 a 10 de agosto. Sob curadoria da antropóloga Marcela Bertelli, do arquiteto e designer Wellington Cançado, do jornalista especializado em ciência e meio ambiente Bernardo Esteves, e da documentarista e antropóloga Júnia Torres e promovido pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o encontro promoverá debates, cartografias, lives, exposição de artes visuais e mostra de filmes para promover um encontro de quem navega pelos conhecimentos dos rios. 

“Juntamos música, artes visuais, cientistas, indígenas e antropólogos, com diversas visões para falar sobre os rios Doce, São Francisco e Jequitinhonha. Os rios são protagonistas muito fortes em Minas Gerais e um elemento muito agregador da comunidade. Pelo rio, vemos tanta coisa acontecer pelo ponto de vista cultural, econômico, político e social. Nós não entendemos o rio perante uma perspectiva de recurso para os homens, mas sim uma perspectiva de seres viventes que estão aqui e precisam estabelecer uma relação com eles. Daí vem o nome Seres-Rios”, disse Gabriela Moulin, presidente do BDMG Cultural.

A abertura do festival será na segunda-feira (2/8), às 19h, com o debate “Políticas cósmicas: Como viver sem o rio? Como viver com a Terra? Como viver no mesmo planeta?”, protagonizado pelo líder indígena, ambientalista, filósofo e escritor Ailton Krenak, ao lado de Marisol de la Cadena, antropóloga peruana, com mediação de Ana Gomes. 

Em seguida, às 20h, a cantora Mônica Salmaso, ao lado do pianista André Mehmari e do saxofonista e flautista Teco Cardoso, farão um show com canções clássicas que resgatam o lúdico dos rios. 

A programação completa pode ser conferida no site do BDMG Cultural. O acesso ao evento é gratuito pela plataforma do Seres-Rios.

“Mais do que reunir a perspectiva dos humanos que vivem com o rio, do rio, para o rio, o festival quer dar voz aos próprios rios, aos peixes e outras criaturas que nele vivem, às matas ciliares e a todos os seres em suas vizinhanças. Pretende-se reimaginar a própria ideia de rios como seres, organismos, sistemas vivos, para admiti-los como sujeitos que têm agência, direitos, se relacionam socialmente com outros seres e contam histórias: Seres-rios”, ressaltou Wellington Cançado, um dos curadores do festival.

Diálogos 

No espaço “Diálogos”, o festival apresentará seis mesas de debates que discutirão a memória, a beleza, as dores e o futuro dos rios. São eles: Mesa 1 - Rios Urbanos: “Qual o futuro dos rios nas cidades?”, Mesa 2 -  Futuro dos rios: “O que podem os rios no mundo pós-desenvolvimentista?”, Mesa 3 - Extinções: “Como morrem os rios?”, Mesa 4 - Desextinção - “Como renascem os rios?”, Mesa 5 - Ecossistêmicas: “Podem rios vivos curar humanos?” e  Mesa 6 - Rios sujeitos de direitos: “O que pensam os rios? Quem fala em seu nome?”.  A mostra de filmes “Rios para ver” apresenta quatro sub mostras – “Opará - São Francisco”, “Watú - Rio Doce”, “Yékity – Jequitinhonha” e “Interflúvios: outros Rios” – que trazem mais de 20 produções que falam sobre os rios, entre longas, curtas e médias.

Entre os participantes, está o fundador do Projeto Manuelzão, o médico sanitarista e ambientalista Apolo Heringer, que luta pela despoluição e preservação das águas do Rio das Velhas e da bacia do São Francisco. Segundo ele, o Seres-Rios é uma oportunidade para que mais pessoas se conscientizem sobre a causa, principalmente acerca da crise hídrica.

O ambientalista Apolo Heringer é um dos convidados especiais que participará do Festival Seres-Rios(foto: Wagner Ziegelmeyer/Divulgação)
O ambientalista Apolo Heringer é um dos convidados especiais que participará do Festival Seres-Rios (foto: Wagner Ziegelmeyer/Divulgação)
“Quando falamos dos rios, é difícil passar a ideia sobre ele. Muitas pessoas não estão abertas a ouvir. A crise ainda não chegou ao seu máximo. Pode chegar algum momento que isso seja compreendido, mas pode ser tarde demais. A maior dificuldade que vejo são as pessoas terem um pensamento interdisciplinar, em que as decisões do governo e autoridades sejam decisões envolventes da complexidade desse fenômeno. O meu esforço, tentativa e esperança é que o festival transmita o mínimo dessa questão”, disse o ambientalista. 
 
Apolo ressalta que a exploração das fontes de água descontrolada é o fator primário da crise hidroenergética agravada em períodos de seca, com o aumento na captação diretamente dos rios, causando assoreamento, escassez e a consequente queda na produção de energia.

“Desmatamento continental e a captação, sistemática e sem controle, de água dos rios e dos lençóis causaram dois fenômenos associados: a seca subterrânea e a dos rios, com os leitos com mais areia do que água. A crise energética é consequência da crise hídrica que, anualmente, deixa os reservatórios das hidrelétricas com níveis muito baixos”, completou o médico.
 

Cartografias 


Além dos diálogos, o evento também traz uma novidade com o trabalho de cartografia, que mapeia iniciativas e movimentos ribeirinhos das bacias dos rios Doce, Jequitinhonha e São Francisco, e uma exposição de obras artísticas encomendadas a artistas com a temática dos rios, em que serão exibidos trabalhos de Davi de Jesus, Edgar Xakriabá, Ana Pi, Nydia Negromonte, Paulo Nazareth e Sara Lana. 

“A cartografia traz a visão de como queremos ser mostrados, expondo iniciativas e experiências da sociedade para enfrentar os problemas, como o da crise hídrica que estamos vivendo. É um retrato do agora, do que está acontecendo”, disse a curadora do festival, Marcela Bertelli. 

Para as crianças

O festival também contará com uma programação infantil com a gravação de um episódio especial do podcast Maritaca, a disponibilização de uma oficina com Adelsin, de barquinhos navegáveis com Roquinho e a transmissão do espetáculo “Pra Nhá Terra”, interpretado pelo grupo de teatro Ponto de Partida e Meninos de Araçuaí e banda.

* estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz


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