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Estado de Minas DESMANCHE

Rejeitos de barragem que ameaça Macacos começam a ser removidos

Ao todo, 118 famílias removidas do povoado de Macacos, em Nova Lima, aguardam a Barragem B3/B4 ser descaracterizada, para voltarem às suas casas e comércios


05/07/2021 09:14 - atualizado 05/07/2021 10:14

Barragem B3/B4 obrigou 118 famílias a deixar Macacos, tendo um terço do conteúdo do rompimento de Brumadinho
Barragem B3/B4 obrigou 118 famílias a deixar Macacos, tendo um terço do conteúdo do rompimento de Brumadinho (foto: Vale/Divulgação)
Os rejeitos de minério de ferro contidos na Barragem B3/B4 começaram a ser retirados do reservatório da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, conforme informações da mineradora Vale. Em risco iminente de rompimento desde 16 de fevereiro de 2019, a estrutura forçou a remoção de 118 famílias do povoado de Macacos (São Sebastição das Águas Claras).

Como adiantado pela reportagem do Estado de Minas, o barramento tem intervenções há 8 meses que visam a sua descaracterização, ou seja, será desmanchado e reintegrado à natureza, perdendo as características de barragem e permitindo o retorno da comunidade.

A barragem se encontra desde fevereiro de 2019 em nível 3 do plano de emergência, que significa risco iminente de rompimento e prevê evacuação das Zonas de Autossalvamento (veja quadro abaixo).

Em caso de rompimento, os 2,7 milhões de metros cúbicos (m3) - cerca de um terço do volume que se desprendeu da Barragem B1, em Brumadinho - de rejeitos da B3/B4 levariam pouco mais de 15 minutos para chegar a Macacos. Por esse motivo as famílias só vão voltar quando a barragem, mesmo sob obras, já tiver boa parte de sua carga removida.

Não há prazo para o término desse processo. Na etapa atual de intervenções, a remoção dos rejeitos é feita ao mesmo tempo da retirada parcial de uma pilha de estéril (material bruto que não serve à mineração) no local, de onde já foram retirados 350 mil m3 de material desde novembro de 2020.

Nas etapas iniciais de trabalho na Barragem B3/B4, foram feitas obras de drenagem para impedir o ingresso de água das chuvas no reservatório em obras. Um reforço da estrutura do maciço também foi erguido preventivamente com a colocação de pedras para ampliar a segurança.

Todas as intervenções são feitas à distância, por tratores, escavadeiras, caminhões e outras máquinas não tripuladas e  comandadas de estações remotas em cabines onde os operadores assumem comandos em estações que simulam o maquinário real. Com isso, ninguém se expõe aos riscos do trabalho na área comprometida.

Trabalhos de descaracterização da Barragem B3/B4 utilizam maquinário de controle remoto
Trabalhos de descaracterização da Barragem B3/B4 utilizam maquinário de controle remoto (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)
Segundo a Vale, as ações foram analisadas e aprovadas pelo auditor técnico do Ministério Público. "Todo um corpo de consultores externos foi contratado pela empresa para elaboração dos projetos. Representam o avanço do Programa de Descaracterização da empresa e o comprometimento com uma abordagem integralmente voltada à segurança das suas estruturas e das pessoas", informa a mineradora.

Mesmo o trabalho de descaracterização envolve riscos de rompimento. Por isso, estruturas de contenção foram construídas a jusante das barragens da Vale em nível 3, que são a B3/B4, Sul Superior (Barão de Cocais) e Forquilha 3 (Ouro Preto). "As estruturas de contenção estão concluídas e têm capacidade para conter os rejeitos em um cenário em que haja essa necessidade. A da barragem B3/B4 tem 33 metros de altura e 221 metros de comprimento", informa a Vale.

Ainda como parte do controle de riscos, as barragens seguem sendo monitoradas de forma permanente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG). Em caso de necessidade, as atividades serão suspensas para as avaliações.


Programa de Descaracterização

Desde 2019, cinco barragens da Vale foram completamente descaracterizadas e reintegradas ao meio ambiente. A primeira foi a 8B, na mina de Águas Claras, em Nova Lima, ainda em 2019, seguida por três estruturas no Pará. A descaracterização do dique Rio do Peixe, em Itabira, também está concluída e a próxima a ser completamente descaracterizada será a barragem Fernandinho, também em Nova Lima (MG).

O Programa de Descaracterização de barragens da Vale é baseado em informações e estudos técnicos e considera a especificidade de cada uma das 30 estruturas geotécnicas, compreendendo 16 barragens, 12 diques e dois empilhamentos drenados.

A descaracterização das barragens a montante é uma obrigação legal de todas as mineradoras e a Vale tem realizado todas as atividades com o acompanhamento e suporte de consultores externos, autoridades e auditores técnicos das autoridades. Cada projeto, indistintamente, é revisado tecnicamente por mais de um especialista, dentre estes, o auditor técnico do Ministério Público.

O cronograma e demais informações sobre o andamento das obras estão disponíveis em www.vale.com/descaracterizacao.


Descaracterização
Conheça o precesso para desmanchar barragens sob risco

Conceito
Após processo de descaracterização a estrutura remanecente não recebe, de forma permanente, aporte de rejeitos ou sedimentos provenientes de atividades e deixa de possuir ou de exercer a função de barragem


Proposta 1

- Reforço da segurança
Bombeamento de águas superficiais
Construção de canais periféricos
Perfuração e operação de poços profundos para bombeamento
Reforço no maciço da barragem para melhorar a estabilidade

- Descaracterização
Reconformação do terreno
Remoção parcial ou total do reservatório
Revegetação 
Reintegração ao ambiente

- Monitoramento e controle
Acompanhamento da estabilidade biológica
Averiguação de possíveis impactos ambientais

Proposta 2

- Remoção dos rejeitos
Rejeitos são removidos da estrutura
Uso de veículos de trabalho pesado não tripulados, sistema de bombeamento e dragas 
Maciço da barragem é removido

- Recuperação
Reintegração da área ao meio ambiente local
Reflorestamento

- Monitoramento e controle
Acompanhamento da estabilidade biológica
Averiguação de possíveis impactos ambientais


Zona de Autossalvamento - ZAS

Região que está até 10km ou 30 minutos do ponto de rompimento da barragem. A própria pessoa deve providenciar seu salvamento. Ela deve se dirigir a uma zona segura por conta própria. Não há tempo para nenhum órgão publico realizar o salvamento


Níveis de estabilidade

Nível 1
Detectada anomalia com potencial comprometimento de segurança da estrutura, que demande inspeções diárias.
Ações imediatas: sinalização de instabilidade e intensificação do monitoramento

Nível 2
Ações adotadas na anomalia de Nível 1 não são controladas ou extintas necessitando de novas inspeções especiais e intervenções.
Ações imediatas: Evacuação das pessoas que estão na ZAS

Nível 3
Situação de ruptura iminente ou em curso.
Ações imediatas: cuidados estendidos para as pessoas que estão na ZAS por meio de medidas educativas adicionais


Condições das barragens mineiras

Nível 3 (3)
Sul Superior (Vale/Barão de Cocais) B3/B4 (Vale/Nova Lima) Forquilha 3 (Vale/Ouro Preto)

Nível 2 (9)
Forquilha 1 (Vale/Ouro Preto) Forquilha 2 (Vale/Ouro Preto) Sul Inferior(Vale/Barão de Cocais) B2 Auxiliar (Minérios Nacional/Rio Acima) Barragem de Rejeitos (ArcelorMittal/Itatiaiuçu) Xingu (Vale/Mariana) Norte Laranjeiras (Vale/Barão de Cocais) Grupo (Vale/Ouro Preto) Capitão do Mato (Vale/Nova Lima) 

Nível 1 (26)

Mina Engenho (Mundo Mineração/Rio Acima) Engenho 2 (Mundo Mineração/Rio Acima) 
Dique B3 Ipê (Emicom Mineração/Brumadinho) Doutor (Vale/Ouro Preto) Forquilha 4 (Vale/Ouro Preto) Dique B4 (Emicom Mineração/Brumadinho) Barragem Paciência (Serras do Oeste Eirele/Itabirito) 6 (Vale/Nova Lima) 7A (Vale/Nova Lima) Borrachudo 2 (Vale/Itabira) Área 9 (Vale/Ouro Preto) 5 (MAC) (Vale/Nova Lima) Vargem Grande (Vale/Nova Lima) Pontal (Vale/Itabira) Maravilhas 2 (Vale/Itabirito) Dicão Leste (Vale/Mariana) Campo Grande (Vale/Mariana) 5 (Mutuca) (Vale/Nova Lima) 
B1A Ipê (Emicon Mineração/Brumadinho) Marés 2 (Vale/Belo Vale) Paracatu (Vale/ Catas Altas) B (Vale/Nova Lima) Marés 1 (Vale/Belo Vale) Santana (Vale/Itabira) Peneirinha (Vale/Nova Lima) Itabiruçu (Vale/Itabira)

Fontes: ANM, Cedec-MG e Vale


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