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Estado de Minas EM MACACOS

Primeira etapa do desmanche da barragem que ameaça Macacos termina em abril

São necessárias mais 18 etapas para que a estrutura seja descaracterizada e 118 famílias que foram removidas por risco de rompimento possam retornar


12/02/2021 14:45 - atualizado 12/02/2021 20:52

Barragem B3B4 da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, deve ter primeira etapa do desmanche concluída em abril(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Barragem B3B4 da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, deve ter primeira etapa do desmanche concluída em abril (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
A primeira etapa da descaracterização da Barragem B3B4 da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, deve ser concluída em abril, com a remoção completa de uma pilha de estéril sobre os rejeitos. A estrutura será desmanchada pela Vale por estar no pior nível de instabilidade, com risco de rompimento iminente ao lado de Forquilha 3 (Itabirito) e Sul Superior (Barão de Cocais).

Apenas quando as próximas 18 etapas forem concluídas, as 118 famílias removidas de residências do vilarejo de Macacos (São Sebastião das Águas Claras) poderão retornar a suas casas e negócios fechados. O processo não tem prazo. 



Essa tensão da comunidade vai completar dois anos na próxima terça-feira (16/2), quando as sirenes de emergência da Vale soaram e a comunidade precisou ser evacuada. Ao todo, 434 famílias foram retiradas de zonas de auto salvamento (ZAS) de barramentos da Vale após o rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

A devastação, que levou 270 vidas, fez com que a Vale elevasse o nível de exigência de segurança para suas barragens e, com isso, as três barragens adquiriram o nível mais crítico de instabilidade.

No caso da Barragem B3B4, o nível crítico, o terreno acidentado e relevo restrito exigiram que a Vale adotasse um sistema inédito de trabalho com maquinário de controle remoto para preservar a segurança dos operários.

Estimava-se uma eficiência de um terço com essa metodologia, mas o aprimoramento continuo dos métodos e operadores permitiu que se chegasse perto de 50% de um desempenho normal. Foi necessários instalar estações repetidoras e unidades de controle semiautonomo por rádio com monitores e controles que podem conduzir nove caminhões, três escavadeiras, dois tratores de esteira, duas motoniveladoras e uma pá carregadeira a um quilômetro de distância.

“As operações são feitas dentro das unidades e os operadores passam por vários processos de treinamento. Primeiro por um exame psicológico para medir se estão aptos a esse estresse. Depois por mais um mês de treinamento e prática.

Os equipamentos tentam simular várias características do ambiente tripulado, como permitir ouvir o ruído dos motores e a visão do operador, mas o tato, por exemplo, ainda não é possível”, afirma Marcel Pacheco, gerente de descaracterização de barragens da Vale.

De acordo com o gerente, a estrutura de B3B4 não sofreu nenhuma piora desde 2018, quando passou por relatório. “Mas por ser uma estrutura de aldeamento a montante e por ter um elevado índice de líquidos no seu interior, tudo isso permite uma instabilidade muito grande pois a torna sujeita a processos de liquefação que fizeram as barragens de Mariana e Brumadinho romperem. Por isso a segurança é fundamental para os trabalhadores também”, disse.

Processo remoto se mostra eficiente

O processo remoto tem dado tão certo que todas as barragens sob risco receberão esse mesmo tipo de operação e um dos escritórios da empresa em Belo Horizonte, na Avenida Barão Homem de Melo, será readaptado em até 60 dias para fazer toda a operação de controle remoto de máquinas nas barragens que forem sendo descaracterizadas.

“Isso nos permitirá um aproveitamento melhor e mais conforto para os operadores que não terão de se deslocar até as minas. Com as chuvas, temos de parar as obras. Assim, com todos os operadores no mesmo escritório, podemos deslocar pessoal de uma área que está sob chuvas para outra barragem com sol”, exemplifica Pacheco.

Em caso de rompimento, os 2,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos da barragem levariam pouco mais de 15 minutos para chegar a Macacos. Por esse motivo as 118 famílias só vão voltar quando a barragem, mesmo sob obras, já tiver boa parte de sua carga removida.

Uma barreira de terra e concreto foi erguida pouco antes para impedir que os rejeitos desçam pelo Ribeirão Macacos e atinja o Rio das Velhas próximo à captação da Copasa para cerca de 60% dos consumidores da Grande BH.

A Mina de Mar Azul foi formada pela mineração Rio Verde, em 1966, depois adquirida pela MBR e só então pela Vale. A princípio, sequer se sabia que era uma barragem, mas uma pilha de estéril, o que foi verificado apenas na década de 2000.


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