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Estado de Minas COVID-19

Campeões dos impactos

Cotidiano de 77% dos brasileiros mudou com a pandemia, maior índice mundial, diz pesquisa. Medo e desejo de se vacinar também se destacam


20/05/2021 04:00

Pedestres se movimentam no Centro de BH usando máscaras: 87% dos brasileiros dizem conhecer alguém que já se infectou pelo coronavírus, contra 42% da média mundial (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 29/6/20)
Pedestres se movimentam no Centro de BH usando máscaras: 87% dos brasileiros dizem conhecer alguém que já se infectou pelo coronavírus, contra 42% da média mundial (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 29/6/20)

Mais de um ano depois do início da pandemia, a ilusão de que o convívio social seria afetado por poucos dias ficou para trás. Tudo mudou rapidamente e, aos poucos, as pessoas passaram a sentir os efeitos do isolamento mais prolongado do que se imaginou inicialmente em todo o mundo, com destaque para o Brasil. Segundo uma pesquisa divulgada ontem, os brasileiros são líderes no quesito “sentir impactos da pandemia em seu cotidiano”.

O levantamento, feito pelo Grupo Kantar, foi realizado em 21 países com 11.500 pessoas, entre os dias 15 a 19 de abril deste ano. Dos brasileiros entrevistados, 77% afirmaram que sentiram o impacto da pandemia em seus cotidianos. Em todo o mundo, a média de pessoas que contraíram o vírus ou conhecem alguém que se infectou é de 42%, menos da metade do resultado entre os brasileiros, de 87%. Nesse grupo, 16,2% tiveram COVID-19, 60,5% têm um parente próximo que se infectou e 50,1%, um amigo próximo. Globalmente esses números foram de 8%, 23% e 23%, respectivamente.

A preocupação com a situação foi outro ponto abordado e, novamente, o Brasil lidera em medo, com 55% dos entrevistados extremamente preocupados, contra 31% no levantamento mundial.  Um dos escapes no momento de pandemia e maneira de deixar as pessoas conectadas são as redes sociais. Entretanto, a internet também é a forma mais usada para difundir as informações sobre o momento, o que causa um grande fluxo de informações, que nem sempre são relacionadas a um assunto que o usuário queira acompanhar.

LUTO Devido à pandemia, um tema muito específico e pouco falado começou a ser recorrente nas redes sociais: a morte. O impedimento de realizar velórios e se despedir de entes queridos é um dos principais motivos para as pessoas realizarem publicações em homenagem a alguém que partiu.

Mas os constantes posts sobre luto em um canal que antes era visto como forma de distração passaram a desencadear sentimentos de tristeza e medo entre os usuários. Segundo a Fundação Dom Cabral (FDC), essas são as principais reações encontradas na internet diante de uma publicação sobre mortes pela COVID-19.

Para evitar aglomerações, a despedida de muitas famílias precisou ser virtual, mas segundo a psicóloga Luciana Carvalho, os velórios e enterros são essenciais na elaboração do luto.

"O luto se torna mais difícil de ser elaborado sem as missas, velórios ou enterros. O que a pessoa tem para expor são as redes sociais. Para o enlutado, é saudável se expressar através disso. É uma forma de homenagear o ente querido”, diz a psicóloga especialista em luto.

Apesar de serem importantes para quem está passando pela situação, as publicações causam uma tensão em quem lê. O medo e a tristeza são normais e, até, esperados, segundo Luciana: “Para a pessoa que vê isso, é esperado que sinta medo e tristeza. É natural estarmos todos um pouco tristes com a situação. O medo existe a partir do momento que a morte se tornou muito próxima de todos, ainda mais na nossa cultura ocidental”.

Mas a psicóloga faz um alerta para que o comportamento de sensibilidade com a dor do outro não se transforme em uma síndrome e cause pânico, ansiedade e outros sintomas que fazem mal à saúde: “Até um certo ponto, sentir medo e tristeza faz parte, é humano ter compaixão. O que não pode acontecer é a pessoa viver todo o tempo voltada para olhar a situação da pandemia nas redes. Aí, ela passa a ter um comportamento, de certa forma, patológico. Pode desenvolver uma síndrome do pânico ou depressão”.

Estar por dentro das notícias sobre a pandemia é algo essencial e segundo o levantamento realizado pelo Grupo Kantar,  62% dos brasileiros afirmaram que acompanham com frequência os noticiários. Porém,  o excesso de informações das redes sociais e veículos de comunicação pode causar as mesmas sensações de desespero.

Para evitar que isso ocorra, a psicóloga deixa uma orientação: “Sugiro que essas coisas que estão deixando a pessoa com medo e tristeza sirvam de incentivo para que tome os devidos cuidados, evitando que ela ou a família se contaminem. O usuário não precisa, também, só focar na questão da doença e das mortes. É necessário impor limites, não se encher de informações. Não é ser negacionista, mas se afogar nas informações também não é saudável”.

VACINAÇÃO 


Na pesquisa realizada pelo Grupo Kantar, o Brasil também é líder em expectativa pela vacinação. Com 66% dos entrevistados afirmando que definitivamente se imunizarão e 20% provavelmente. Globalmente, apenas 43% responderam definitivamente sim e 27% possivelmente.

Apesar da disposição e desejo de tomar a vacina, brasileiros ainda enfrentam uma série de dificuldades e incertezas sobre quando, finalmente, terão direito às doses. Segundo balanço de ontem do Ministério da Saúde, até o momento, foram distribuídos a estados e municípios 89,5 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19. Deste total, foram aplicadas 54,7 milhões de injeções, sendo 37,1 milhões da 1ª dose e 17,6 milhões da 2ª .

TROPEÇOS 


Com histórico de ótimas campanhas nacionais de imunização, o Brasil tropeça desta vez e dá curtos passos em direção à cobertura vacinal contra COVID-19. Uma das principais vacinas usadas no país, a CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, passa por mais uma dificuldade para ser produzida.

Na semana passada, o instituto já tinha anunciado pausa na produção por falta de insumos vindos da China. Em entrevista à Agência Brasil, o governador de São Paulo, João Doria, disse que o material não tinha sido liberado por causa de “declarações desastrosas” feitas por autoridades do governo brasileiro em relação à China.

Ontem, o presidente do Butantan, Dimas Covas, anunciou que o país asiático encaminhará apenas 3 mil litros de insumos para a produção, cerca de um terço da quantidade informada anteriormente, de 10 mil litros que era suficiente para 18 milhões de doses. Agora, os 3 mil litros de insumos autorizados pelo governo chinês devem chegar entre os dias 25 e 26 de maio e são suficientes para fabricar apenas cerca de 5 milhões de doses do imunizante.

PREVENÇÃO 

Enquanto a vacina não é para todos, a melhor maneira de se cuidar é a prevenção da doença, mantendo as medidas recomendadas com o uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social. Esses cuidados pessoais também cresceram significativamente. Segundo a pesquisa da Kantar, 69% dos brasileiros se mostram muito atentos à adesão de medidas de saúde e segurança, 58% ficam bravos quando veem regras sendo desrespeitadas e outros 58% se afastam quando outras pessoas se aproximam em espaços públicos.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie



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