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Estado de Minas BAIRRO BURITIS

Assédio e fome no lava-jato: imagens podem ter ido parar em sites eróticos

Funcionária relata propostas indecentes feitas pelo empresário, que chegou a pedir um vídeo dela com sua companheira para ser colocado em um site


15/03/2021 15:13 - atualizado 15/03/2021 16:47

Proprietário de lava-jato na Rua Josephino Aleixo, 120, no Bairro Buritis, foi preso depois de instalar câmeras no banheiro feminino(foto: Alysson Lisboa/Divulgaçao)
Proprietário de lava-jato na Rua Josephino Aleixo, 120, no Bairro Buritis, foi preso depois de instalar câmeras no banheiro feminino (foto: Alysson Lisboa/Divulgaçao)

Cada depoimento de uma vítima do empresário Luiz Eduardo Castellar, que instalou três câmeras de filmagem no banheiro feminino de seu lava-jato, é mais estarrecedor que o anterior. Agora, uma das vítimas, M., de 25 anos, fala que passou fome quando esteve trabalhando lá e que foi vítima de assédio. Ela suspeita que as imagens feitas no lava-jato possam ter sido publicadas em sites eróticos.

M. conta que trabalhou no lava-jato, na Rua Josephino Aleixo, 120, no Bairro Buritis, por pouco mais de três meses.

“Logo que entrei para lá, o proprietário se mostrou bastante solícito. Ele parecia ser muito legal. Mas, em pouco tempo, tudo foi mudando e ele se mostrando. Por exemplo, fui reclamar que não havia papel higiênico no nosso banheiro e ele não deu a mínima.”

 

Mas os problemas só aumentaram. “A gente não podia nem mesmo parar para lanchar, que ele achava ruim. Eu saía muito cedo de casa. Não tinha tempo de tomar café pela manhã. Chegava no serviço e já ia trabalhar. Teve dia que passei mal porque não tinha comido”, conta ela.

 

Aos poucos, passou a receber apelidos do patrão, o que a desagradava. “Ele, às vezes, me chamava de pretinha, outras de Michael Jackson. Era deboche.”

 

Uma situação de falta de humanidade é relatada por ela. “Meu pai morreu e eu tive de faltar ao serviço. Ele não gostou. Chamou a minha atenção. A situação piorou. E continuava a passar fome.”

 

Ela decidiu, juntamente com as companheiras, pedir para que tivessem um tempo para se alimentar. “A gente passava fome. Falamos com ele. No dia seguinte, deu um pãozinho pra cada um, e só. Depois, pedimos para levarmos lanche. Ele concordou. Mas reclamava que a gente parava para comer. Dizia que fazíamos hora. No sábado, era o dia de maior movimento. Na verdade, a situação só piorou.”

 

E por causa desse pedido, segundo M. aconteceu um fato inaceitável. “Tudo o que ele falava num dia, no dia seguinte era diferente, pois não cumpria o que havia combinado. Não me conformava com isso. Ficava chateada, pois passava fome.”

 

Em um dia, uma surpresa para as funcionárias, segundo ela. “Ele deu um pãozinho pra cada uma. Um pãozinho puro. Nem manteiga tinha. E café, também não. Era o pão seco. Pra mim, deu dois pãezinhos e, ironicamente, disse que era pra que eu não ficasse com fome.”

 

Segundo M., só ela recebeu dois pãezinhos e, alguns dias depois, foi chamada pelo patrão, que lhe disse que o serviço dela não estava bom. “Ele disse que não estava dando certo. Aí, me demitiu. Quer saber de uma coisa, eu me senti aliviada em sair de lá”.

 

Mas não foi só isso. segundo M. Ela é homossexual e conta que vive com uma companheira. "Ele, muitas vezes, se aproximava de mim e dizia que ficava pensando em mim e na minha companheira. Ficava imaginando nós duas deitadas na cama. E chegou a fazer proposta para fazer um programa com a gente. Depois, pediu que a gente fizesse uma filmagem da gente junta, que ele poderia colocar num site do exterior. Estou feliz que isso tudo acabou.”

 


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