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Estado de Minas IMUNIZAÇÃO BEM-VINDA

Depoimentos: vacina contra a COVID-19 renova esperança de idosos em BH

Idosos residentes em asilos e casas de acolhida recebem a primeira dose da vacina em BH. Na Santa Casa, dia foi de comemoração e expectativa


02/02/2021 06:00 - atualizado 02/02/2021 13:07

Acolhida no Instituto Geriátrico Afonso Pena, Silvana Rossi foi uma das vacinadas ontem em Belo Horizonte (foto: Wander Veroni/Santa casa BH/Divulgação)
Acolhida no Instituto Geriátrico Afonso Pena, Silvana Rossi foi uma das vacinadas ontem em Belo Horizonte (foto: Wander Veroni/Santa casa BH/Divulgação)


A ansiedade é grande, o coração está a mil e o desejo de ser imunizado viaja nas alturas – tanto para quem já recebeu a primeira dose como para quem aguarda a segunda. Embora no interior do estado milhares de idosos institucionalizados (acolhidos em instituição de longa permanência, as ILPIs) tenham sido prioritários na vacina contra a COVID-19, somente ontem começou a imunização em Belo Horizonte para homens e mulheres acima de 60 anos e residentes em asilos, lares, casas de repouso e outras denominações.

“É um dia muito importante, pois essa doença causa preocupação demais. Já tivemos aqui casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, outras hospitalizadas e também óbitos. Por isso, é fundamental a vacinação”, disse Alberto Nazaré Pires, interventor da Obra Unida Cidade de Ozanan (Casa do Ancião Chichico Azevedo), da Sociedade São Vicente de Paulo. Em Belo Horizonte, segundo ele, há 19 unidades vicentinas, sendo a maior a Cidade de Ozanan, com 77 idosos, localizada no bairro Ipiranga, na Região Nordeste da capital. 
 
Maior hospital filantrópico de Minas e referência no atendimento (100% SUS) a pacientes com COVID-19, a Santa Casa BH, na Região Centro-Sul da capital, incluiu no grupo prioritário de imunização os 27 idosos acolhidos no seu Instituto Geriátrico Afonso Pena (Igap) e funcionários da unidade. A alegria tomou conta dos acolhidos, a exemplo de Silvana Rossi de Lima, de 63, Heloísa Helena Marques Campos, de 75, e José Ferreira de Brito, de 68. "Muita gente pode até reclamar de sentir dor na picadinha no braço, mas dou meu recado: não senti nada na hora de tomar a injeção, ficou só um pouquinho dolorido, o que é muito normal. Depois, então, foi muito tranquilo, não tenho nada do que me queixar", disse Silvana.

"Se Deus quiser, essa vacina vai chegar logo. Já não vejo a hora de receber a injeção para ficar livre dessa doença", confessou uma mulher de 70 anos acolhida numa casa de repouso particular do Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste da cidade. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, via Secretaria Municipal de Saúde, o município conta atualmente com 228 instituições de longa permanência cadastradas na Vigilância Sanitária. Essas instituições são compostas por 3,8 mil moradores e 3,6 mil trabalhadores. Desse total, 688 idosos são acolhidos nas 24 ILPIs parceiras da PBH.

Plano 


Ainda conforme a Secretaria Municipal de Saúde/PBH, a capital recebeu, na sexta-feira, a segunda remessa de vacinas contra a COVID-19. Foram entregues pelo governo estadual cerca de 40,5 mil doses de imunizantes AstraZeneca e 16,8 mil doses da CoronaVac/Butantan.

Em concordância com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, do Ministério da Saúde, os grupos definidos nesta fase são trabalhadores lotados nos 152 centros de Saúde do município; moradores e profissionais (cuidadores, equipe de enfermagem, auxiliar de serviços gerais e quem realiza a manipulação dos alimentos) que atuam em todas as instituições de Longa Permanência para Idosos; trabalhadores lotados nos 16 centros de Referência em Saúde Mental (Cersam) adulto, álcool e outras drogas e infantil; moradores e profissionais (cuidadores, equipe de enfermagem, auxiliar de serviços gerais e quem realiza a manipulação dos alimentos) dos serviços de Residência Terapêutica (SRTs); moradores, acima de 18 anos, e profissionais (cuidadores, equipe de enfermagem, auxiliar de serviços gerais e quem realiza a manipulação dos alimentos) das residências Inclusivas (para pessoas com deficiência institucionalizadas).

Em nota distribuída à imprensa, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, destacou: "É muito importante que novas remessas de vacinas continuem chegando a Belo Horizonte, para que possamos ampliar cada vez mais os públicos imunizados e com isso melhorar a situação epidemiológica e a pressão na assistência. Mesmo com o começo da campanha, é essencial a manutenção das orientações básicas de prevenção: o uso de máscaras, o distanciamento mínimo de dois metros sempre que possível, e a higienização das mãos”.


Depoimentos


“Estou sendo uma referência”

Silvana Rossi Lima, de 63 anos
acolhida no Instituto Geriátrico Afonso Pena, vinculado à Santa Casa BH

"Estou mais ansiosa agora para tomar a segunda dose da vacina do que antes da primeira. Meus três filhos dizem que sou cobaia para eles, e, na verdade, estou sendo uma referência, pois faço parte do primeiro grupo imunizado contra a COVID-19. Muita gente pode até reclamar de sentir dor na picadinha no braço, mas dou meu recado: não senti nada na hora de tomar a injeção, ficou só um pouquinho dolorido, o que é muito normal. Depois, então, foi muito tranquilo, não tenho nada do que me queixar. Se você quiser saber mesmo meu sentimento, digo que estou feliz, tão satisfeita como se tivesse recebido um presente especial desejado há tempos. Desde que saiu essa vacina, estou querendo tomá-la. Penso que dará um novo rumo na vida da gente, sabe? Durante  toda a pandemia, estamos bem protegidos aqui no asilo da Santa Casa, sem poder receber visitas, em contato apenas com funcionários. O que mais quero é poder sair e encontrar meus filhos e cinco netos. A vacina é realmente o melhor caminho para ficarmos livres da doença. Sempre tomei todas as vacinas, desde criança, sou totalmente favorável. Ficar doente, de jeito nenhum. Depois da segunda dose, quero ir passear. Estou doidinha para passear."

“Sou uma pessoa muito forte”

Heloísa Helena Marques Campos, de 75 anos
acolhida no Instituto Geriátrico Afonso Pena, vinculado à Santa Casa BH

"Será que tem uma vacina para trazer de volta a juventude? Se existir, pode aplicar que será bem-vinda. Nunca tive o menor problema com injeção, mas confesso que a máscara me incomoda, tenho resistência, porque fico com a parte de trás da orelha ferida... quero, um dia, ficar livre dela. Felizmente, não senti nada com a aplicação da vacina nem houve reação alguma. Sou uma pessoa muito forte, tranquila, quero muito tomar a segunda dose, se Deus quiser. Desde o início da pandemia, não saí daqui, então não escondo que estou com muita vontade de dar uma volta. O asilo é bom, tenho aqui o principal na vida: calor humano. Enquanto a segunda dose da vacina não vem, faço algo de que gosto muito: ler livros. Comigo acontece algo muito curioso. Leio o livro duas vezes. Na primeira, vou direto do início ao fim; na segunda, vou lendo com mais atenção, devagar. O último que li foi um romance espírita. Os livros são sempre bons companheiros."

“Quero tomar a segunda dose”


José Ferreira de Brito, de 68 anos
acolhido no Instituto Geriátrico Afonso Pena, vinculado à Santa Casa BH

"O que dói mesmo é a saudade da família, principalmente da minha bisneta Thayla, de um ano e três meses, que ainda não pude ver pessoalmente. Se a vacina doesse muito, nem chegaria perto desse sentimento. Estou torcendo muito por ela (imunização),  quero muito tomar a segunda dose. Sempre digo que tenho duas famílias: a biológica e a formada pelo pessoal do asilo..., mas a primeira é mais forte, né? Sou mineiro de Coroaci, no Vale do Rio Doce, e até os 29 anos trabalhei na lavoura; depois na construção civil, como servente de pedreiro, em São Paulo (SP) e Belo Horizonte. Tinha planos de formar uma dupla sertaneja com um amigo, porém em 9 de janeiro de 1982, trabalhando na construção de um prédio de 14 andares na Avenida Cristiano Machado, em BH, fui atingido na cabeça por uma peça de madeira de mais de 100kg caída do nono andar. Fiquei de 15 a 20 dias em coma. Estava no pátio, caí no chão, sofri lesão medular,  então preciso da cadeira de rodas para me locomover. Com o celular e o tablet, eu, que sou viúvo, me comunico com os dois filhos, três netos e vejo as fotos da Thayla. Para aqueles com medo da vacina, vai uma dica de quem já ficou muito em hospital e tomou não sei quantas injeções: quando olhar a seringa, a gente dá um grito antes da picadinha. E aí não sente nada."

 

Fila depende das remessas

 

Belo Horizonte iniciou ontem uma nova etapa da campanha de vacinação contra a COVID-19, com a chegada de 57,6 mil unidades de imunizantes. A PBH informou que as 40,8 mil unidades da AstraZeneca/Oxford serão distribuídas na proporção de uma dose para cada pessoa. A segunda aplicação, que pode ser feita em até 90 dias após a primeira, será feita quando o município receber novo carregamento da substância, ainda sem data para chegar. Já as vacinas CoronaVac serão aplicadas em aproximadamente 8 mil pessoas que, em até 21 dias, receberão a segunda dose do imunizante.

Para a fila andar serão necessárias mais doses. Belo Horizonte não tem data para início da imunização de idosos acima de 75 anos fora dos asilos. Eles foram retirados da primeira fase da campanha pelo Ministério da Saúde, que deixou o encaixe do grupo a cargo de estados e municípios. Outras capitais brasileiras largaram na frente e já começaram a vacinar a terceira idade não institucionalizada.

No Rio de Janeiro, idosos com mais de 99 anos receberam ontem as primeiras doses. A prefeitura carioca estima proteger todas as pessoas com mais de 80 até o fim de fevereiro. No Recife (PE), maiores de 85 anos já são vacinados desde quarta-feira.

Em Minas, onde a população com mais de 60 anos é de 3,45 milhões, apenas 10.894 idosos – todos residentes em casas de repouso – foram protegidos até o momento, segundo o vacinômetro da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.



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