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Estado de Minas Patrimônio

Restaurada, Maria Fumaça será atração em Uberaba

Passado ferroviário da cidade do Triângulo Mineiro volta aos trilhos e locomotiva da antiga Companhia de Estradas de Ferro Mogiana será entregue à comunidade


26/10/2020 06:00 - atualizado 26/10/2020 07:11

Máquina que hoje pertence à prefeitura do município foi fabricada na Inglaterra em 1910 e agora será exposta para os moradores(foto: Grupo Oficina de Restauro/Divulgação)
Máquina que hoje pertence à prefeitura do município foi fabricada na Inglaterra em 1910 e agora será exposta para os moradores (foto: Grupo Oficina de Restauro/Divulgação)

Terra famosa internacionalmente pela pecuária e paleontologia, tendo como ícones o zebu e os dinossauros, Uberaba, no Triângulo Mineiro, faz história também na preservação do seu patrimônio cultural. E põe nos trilhos o passado ferroviário.

Na manhã da próxima quinta-feira, será entregue à comunidade, totalmente restaurada, a Maria Fumaça da Praça Mogiana, no Bairro Boa Vista.

A locomotiva a vapor de fabricação inglesa, datada de 1910, pertenceu à antiga Companhia de Estradas de Ferro Mogiana, que dividiu suas linhas de operação em três regiões: a Alta Mogiana, especificamente, abrangia municípios paulistas e mineiros, saindo de Campinas e passando por Ribeirão Preto, Franca, Uberaba e Uberlândia, num itinerário de importância regional.

Tombada pelo patrimônio municipal e patrimônio da prefeitura, a locomotiva, com seu restauro, faz parte de um conjunto de ações do Geopark Uberaba Terra de Gigantes, implantado em 2017 e agora pleiteando a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

"Dentro dessa iniciativa, está a conservação de monumentos, a exemplo da Maria Fumaça", Informa a secretária-adjunta municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Anne Roy Nóbrega. O serviço no valor de R$ 145 mil se deu graças ao pagamento de contrapartida de uma empresa beneficiada pela lei de incentivos fiscais e estímulos econômicos de Uberaba.

A secretária se mostra satisfeita com o trabalho feito pelo Grupo Oficina de Restauro, de Belo Horizonte, com 33 anos de experiência na área e responsável pela recuperação, na capital, de dois bens únicos do acervo belo-horizontino: a Maria Fumaça e o bonde em exposição no Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB), na Região Centro-Sul de BH.

"Nossa Maria Fumaça ficará aberta à visitação e vai receber principalmente as crianças. Temos certeza que será um atrativo a mais para os visitantes", diz Anne Roy. Na Praça Mogiana, revitalizada, fica a estação que vai abrigar a guarda municipal. Perto, se encontram o Arquivo Público da cidade e a Casa do Artesão. "Esta praça é um marco histórico de Uberaba", explica.

Trabalho


Foram quatro meses de trabalho para restaurar a máquina e um vagão da Maria Fumaça, hoje toda reluzente nas cores preto e vermelho com detalhes verdes e brancos.

Trabalhos de recuperação da locomotiva foram feitos em quatro meses pelo Grupo Oficina de Restauro(foto: Grupo Oficina de Restauro/Divulgação)
Trabalhos de recuperação da locomotiva foram feitos em quatro meses pelo Grupo Oficina de Restauro (foto: Grupo Oficina de Restauro/Divulgação)


"Fizemos muita pesquisa para executar o serviço, embora tenhamos experiência no bonde e na Maria Fumaça do MHAB. Aliás, foi por essas duas intervenções que nos convidaram para trabalhar nesse projeto em Uberaba", diz Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro.

Para o especialista, foi motivo de satisfação contar, nessa empreitada, com profissionais de Uberaba, que trabalharam na solda, na fabricação do sino e recuperação de outros elementos.

Abandonada durante muitos anos, a Maria Fumaça passou por uma reforma em 2004. "Entretanto, novas perdas e desgastes ocorreram nesses últimos tempos, e a intervenção de agora objetivou basicamente a valorização da locomotiva como bem artístico e histórico", explica o especialista.

Os procedimentos, então, se direcionaram a devolver as características originais, como reposição de determinados acessórios e recuperação das cores, "de forma a resgatar a integridade física e estética e reapresentá-la ao público como um patrimônio cultural local."

Adriano explica que os trabalhos envolveram dois eixos: restauração, com resgate das peças, e revitalização das cores originais: "Havia perda de um farol, da sineta e de outras peças. Então, para refazê-las, foi necessário investigar bastante e buscar locomotivas idênticas."

Para sorte da equipe, eles encontraram exemplares nas cidades mineiras de São Lourenço e Corinto, além de localizar peças, dadas como perdidas, na própria cidade. "Ela ficou abandonada muito tempo, foi vítima de vandalismo e chegou até a morar gente lá dentro. Estava muito suja, fizemos uma grande limpeza, além de desamassar algumas partes."


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