
De uma forma atemporal, essas mesmas mulheres fazem um registro poético em vídeo, dirigido por Papoula Bicalho, que, em fragmentos, mostram a beleza do corpo feminino de todas as idades e alertam para a importância da discussão de pautas feministas.
Quarenta anos depois do ato da escadaria da Igreja São José, no Centro de Belo Horizonte, o movimento 'Quem Ama Não Mata' lança um vídeo contra a violência da mulher e o feminicídio; veja https://t.co/6lfJ6vPUCk pic.twitter.com/fzRDycIaWa
— Estado de Minas (@em_com) August 18, 2020
“Antes da pandemia, pensamos diversas vezes como faríamos nossa comemoração. Iríamos fazer seminários para discutir pautas feministas como o feminicídio. Foi nosso ato que colocou a violência contra a mulher na agenda nacional. Não existiam números, dados e não existia uma delegacia para a mulher. Não é vaidade, é uma data que marcou, que foi histórica e precisa ser comemorada”, afirma Mirian Chrystus, coordenadora do QANM.
“Por isso fizemos o vídeo, que é poético e segue a temporalidade do Instagram. A tensão é fluida. São corpos de diferentes idades e todos belos. A intenção é mostrar que é essa beleza que é retirada, esfaqueada e agredida”, explica.
“Por isso fizemos o vídeo, que é poético e segue a temporalidade do Instagram. A tensão é fluida. São corpos de diferentes idades e todos belos. A intenção é mostrar que é essa beleza que é retirada, esfaqueada e agredida”, explica.
No vídeo, além das imagens gravadas pelas integrantes do movimento, dados ilustram uma violência cruel: mais de 66 mil estupros em 2019, a metade de meninas até 13 anos. “A vida é bem diferente dos anúncios de margarina. É no espaço doméstico que as mulheres são mais abusadas, espancadas, estupradas e finalmente mortas”, lamenta a coordenadora.
Violência
De acordo com o Mapa da Violência Contra a Mulher de 2019, cerca de 50% dos estupros são cometidos por companheiros (namorados, maridos etc.) e familiares. Conhecidos da família representam mais de 15% dos algozes de mulheres. Os vizinhos representam 3,7% dos agressores. Os estupradores são desconhecidos pela vítima em 31% dos episódios de violência sexual.
Entre janeiro e novembro de 2018 (dados mais recentes), a imprensa brasileira noticiou 14.796 casos de violência doméstica em todas os estados. Os maiores agressores das mulheres ainda são os companheiros (namorados, ex, esposos) correspondendo a 58% dos casos de agressão. Os outros 42% ficam na conta dos pais, avôs, tios e padrastos. A maioria das vítimas (83,7%) tem entre 18 e 59 anos de idade, sendo que a faixa que mais concentra a idade das vítimas é entre 24 e 36 anos.
2020
Trancadas em casa com seus agressores por causa da pandemia do novo coronavírus, mulheres e crianças estão ainda mais expostas à violência. Nos últimos dias, o caso da menina de 10 anos estuprada e engravidada pelo tio tomou as manchetes do país.
“Uma casa não é mais um lar. Tornou-se local preferencial para mais violências. É repugnante. Eu não sou uma pessoa triste ou depressiva, mas quando vejo uma notícia dessas sinto que o país acabou. Não adianta a cultura da felicidade e samba no pé quando essas coisas estão acontecendo”, diz Mírian.
Ao falar sobre a evolução do feminismo, a ativista e jornalista ressalta a mudança do movimento através dos anos. "Hoje, o movimento se fundiu em diversas pautas. É importante até mesmo ressaltar o protagonismo da mulher negra. Mesmo todas vertentes tem um ideal parecido", explica.
“Uma casa não é mais um lar. Tornou-se local preferencial para mais violências. É repugnante. Eu não sou uma pessoa triste ou depressiva, mas quando vejo uma notícia dessas sinto que o país acabou. Não adianta a cultura da felicidade e samba no pé quando essas coisas estão acontecendo”, diz Mírian.
Ao falar sobre a evolução do feminismo, a ativista e jornalista ressalta a mudança do movimento através dos anos. "Hoje, o movimento se fundiu em diversas pautas. É importante até mesmo ressaltar o protagonismo da mulher negra. Mesmo todas vertentes tem um ideal parecido", explica.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz
