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Estado de Minas COVID-19 no interior

Taxa alta de infectados pelo coronavírus preocupa cidades pequenas

Boa parte das cidades de Minas Gerais com poucos moradores registra grande número de pessoas contaminados por grupo de 1 mil habitantes, inclusive acima da proporção medida em BH, como é o caso de Alvarenga, no Vale do Rio Doce; e São Sebastião do Oeste, no Centro-oeste do estado


10/06/2020 06:00 - atualizado 10/06/2020 11:35

Em Mar de Espanha, na Zona da Mata, a proximidade com o Rio de Janeiro preocupa e o município investe em testagem
Em Mar de Espanha, na Zona da Mata, a proximidade com o Rio de Janeiro preocupa e o município investe em testagem (foto: Prefeitura de Mar de Espanha/Divulgação)


As prefeituras de Mar de Espanha e Senador Cortes lidam com a mesma dificuldade para tentar conter o avanço do novo coronavírus. Com população pequena, as duas cidades fazem parte de um ranking dramático do alto número de pessoas infectadas, quando avaliadas em grupos de 1 mil habitantes. Distante apenas 24 quilômetros do Rio de Janeiro, um dos estados mais sacrificados pela doença respiratória, Mar de Espanha investiu em testagem e a preocupação aumentou, como reconhece o secretário de Saúde da cidade, Eder Souza. O universo de pessoas contaminadas pela COVID-19 em todo o estado alcançou, ontem, 16.102 e as mortes atingiram a marca de 399.

Com apenas 2.005 habitantes, Senador Cortes, vizinha de Mar de Espanha, tem quatro casos confirmados e lançou mão do mecanismo das barreiras sanitárias para tentar conter a ação do vírus. A propagação da doença no interior de Minas Gerais, que já havia colocado os prefeitos de cidades-polo de regiões como Vale do Aço, Zona da Mata e Triângulo sob alerta, agora pressiona também administradores de municípios pequenos.

Levantamento feito pelo Estado de Minas com base em dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgados ontem mostram que, entre as cidades com até 20 mil habitantes, Alvarenga, no Vale do Rio Doce, tem a maior taxa de pessoas infectadas a cada 1 mil moradores: são 20 pacientes nessa forma de análise dos números da doença respiratória. Rio Doce e Zona da Mata têm, cada uma, três municípios na lista dos 10 piores casos nesse tipo de comparação. Eles apresentaram números de infectados por 1 mil habitantes, maiores que o de Belo Horizonte, de 1 caso por mil habitantes.



Entre os municípios com até 5 mil habitantes, Alvarenga (20 casos/1 mil habitantes), Chiador (6,3/1 mil), na Zona da Mata, e São Sebastião do Oeste (4,7/1 mil), no Centro-Oeste, ocupam as três primeiras posições na lista das cidades mais afetadas pela contaminação (veja o quadro). A proximidade com cidades maiores ou que são referência nessas regiões facilita a circulação de pessoas e eleva o risco de transmissão de COVID-19. É dificuldade semelhante àquela que ocorre nas cidades próximas às divisas com São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos estados que puxam os números de infectados e mortos pelo vírus.

No ranking das cidades mineiras com 5 a 10 mil moradores nessa comparação aparece também Vargem Alegre, no Vale do Rio Doce, com 3,1 pessoas infectadas por mil habitantes. Dentro desse mesmo grupo, Tombos, na Zona da Mata, tem taxa de 2,7 contaminações por 1 mil habitantes, índice um pouco maior que o de Catas Altas (2,2), na Região Central, e Toledo (2,1), no Sul, que contabilizam 2 infectados por mil habitantes, cada uma.

Para o infectologista Antônio Toledo Jr, professor da Unifenas, surtos da doença em municípios como Alvarenga podem ser atribuídos à transmissão comunitária, quando não se sabe mais por quem o vírus foi transmitido, e também descumprimento das normas de prevenção, como distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel. “Os moradores de cidades pequenas têm a falsa impressão de que estão protegidos da doença. A contaminação pode vir do trânsito de pessoas das cidades-polo para essas cidades menores”, explicou.

Atendimento O excesso de casos em cidades pequenas sobrecarrega o sistema de saúde, como destaca o infectologista. “Dentro do SUS (Sistema Único de Saúde), existem as redes de referências microrregionais e macrorregionais para atendimento e internação. Cidades como Alvarenga e Chiador, que não têm recursos para manter unidades de terapia intensiva (UTIs) em seus municípios, encaminham pacientes para Juiz de Fora ou Governador Valadares”, comenta Toledo Jr. “Os recursos na saúde para esses encaminhamentos são caros. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) fornece os recursos para internação no município de referência para que gerenciem os leitos de UTI”.

“O levantamento mostra que o morador de Alvarenga tem 20 vezes mais chances de contrair a COVID-19 que um morador de Belo Horizonte”, explicou o infectologista. Segundo Toledo Jr., Minas Gerais tem melhorado o prazo para a entrega de exames, que passou para cerca de 24 horas, e isso contribui para a aproximação da estatística oficial ao número real de infectados no estado. Minas tem 522 municípios (61,19%) com ao menos um registro confirmado de COVID-19, segundo balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). *Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira
 
 
 
 
 
 
 

Teste é justificativa de prefeitos



(Marcos Alfredo e Portal Gerais) Mar de Espanha, na Zona da Mata mineira, com 12.814 habitantes, contabiliza 30 casos confirmados de COVID-19 ao todo, além de três mortes e 27 registros da infecção que não evoluíram para óbito. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). De acordo com o secretário local de Saúde, Eder Souza, a explicação para o alto índice de contaminação se deve aos testes rápidos aplicados pelo município. Segundo ele, nenhuma outra cidade tem feito o mesmo procedimento na região.

Desde maio, cerca de 1 mil testes foram adquiridos pela prefeitura e são aplicados assim que o paciente – com sintomas – passa pela triagem médica. Quando o exame testa positivo, familiares e pessoas que tiveram contato com o paciente também são submetidos à testagem. Em menos de quatro horas é obtido o resultado dos exames, feitos por sorologia.

Em Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas, a justificativa para o aumento dos registros de contaminação é também o investimento na realização de testes, como afirma o prefeito Edson Vilela (PSB). Com 22.478 habitantes, a situação do município não é confortável. São 67 casos confirmados de COVID-19 e três óbitos, dois deles de idosos da Vila Vicentina. O boletim mais recente da Secretaria Municipal de Saúde aponta 52 recuperados e outros 12 em monitoramento.

'Os moradores de cidades pequenas têm a falsa impressão de que estão protegidos da doença. A contaminação pode vir do trânsito de pessoas das cidades-polo para essas cidades menores'

Antônio Toledo Jr., infectologista da Unifenas



Ainda segundo o secretário de Mar de Espanha, Eder Souza, a preocupação na cidade é grande também porque fica próxima do estado do Rio de Janeiro. “Estamos a cerca de 24 quilômetros de Sapucaia (RJ), então, muita gente do Rio passa por aqui. Além disso, aqui em Mar de Espanha, há muitas indústrias com funcionários que vêm de outras localidades”, destaca Eder.

Com apenas 2.005 habitantes, Senador Cortes tem quatro casos confirmados da doença. Não houve evolução para óbitos. A secretaria local de Saúde informa que os registros são de uma mesma família e os pacientes estão recuperados. A pasta informa que o contágio ocorreu fora do município, provavelmente em Mar de Espanha que fica distante 15 quilômetros, já que a cidade vizinha é a principal passagem para quem chega em Senador Cortes. Com isso, desde 28 de abril, o município tem aplicado o sistema de barreiras sanitárias nos acessos ao município.

Comércio aberto No Centro-Oeste de Minas, São Sebastião do Oeste e Carmo do Cajuru contabilizam 108 registros da doença respiratória desde o início da pandemia. Elas perdem apenas para a cidade-polo da macrorregião Oeste, Divinópolis, que tem 221 infectados, e Lagoa da Prata, 111.

Com taxa de 4,7 infectados por 1 mil habitantes, São Sebastião do Oeste tem mais chance de ver contaminados
Com taxa de 4,7 infectados por 1 mil habitantes, São Sebastião do Oeste tem mais chance de ver contaminados (foto: Reprodução/Youtube - 20/2/20)


O secretário municipal de Saúde de Sebastião do Oeste, Gutemberg Antônio Dias, prefere não arriscar um motivo para justificar o alto número de infectados em comparação com municípios maiores. “Não tem como atribuir a um caso específico. Não tem como falar se é de algum lugar, empresa ou se veio de alguma cidade, porque temos várias pessoas que vão para o estado de nascimento e retornam”, alega. Com 6.775 habitantes, a cidade tem 41 casos confirmados do novo coronavírus, 36 pacientes recuperados e cinco em isolamento domiciliar.

Mesmo com o índice acima da média regional, o comércio está de portas abertas no município e a indústria não paralisou suas atividades. Para o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSB), a testagem da população é um dos fatores que colocam o município em evidência em relação aos demais. “Entendo que as outras cidades têm mais casos, mas a subnotificação é um problema sério”, enfatiza.

A média de testagem em Carmo do Cajuru é de aproximadamente 50%. Divinópolis, com 238,2 mil habitantes, por exemplo, testa em média 17% das notificações suspeitas. A despeito do avanço de infectados, o prefeito não recuou na flexibilização do comércio. A atividade econômica foi liberada com restrições, como horários e dias de funcionamento. *Amanda Quintiliano/Especial para o EM

Extrema retoma toque de recolher 


(Portal Terra do Mandu) Extrema, no Sul de Minas, está entre os 10 municípios mineiros com o maior número de casos de COVID-19 por grupo de 1 mil habitantes. A cidade de 36.225 habitantes, localizada na divisa do estado com São Paulo, registrou pulo de 52% nas confirmações em três dias, que passaram de 119 para 181 testes positivos.

De acordo com a prefeitura local, dos 62 moradores diagnosticados com o vírus, pelo menos 40 pessoas podem ter ligação com o feriado antecipado para maio pelo governo paulista. Uma das famílias é proprietária de um restaurante às margens da Rodovia Fernão Dias, por onde podem ter passado pessoas infectadas durante o período de descanso. Além dos membros dessa família, a cozinheira do estabelecimento foi infectada e pode ter transmitido a doença também para os familiares dela.

Considerando-se os dados oficiais da prefeitura, Extrema tem 4,9 casos de novo coronavírus a cada grupo de 1 mil moradores. Essa taxa sobe para 4,4 com os dados da secretaria estadual de Saúde, que ainda não tem o registro de novos casos do município. Extrema tem quatro mortes em decorrência do vírus.

Após o aumento do número de casos, a Prefeitura de Extrema voltou a endurecer nas medidas para o enfrentamento do novo coro- navírus. Nesta semana, só poderão funcionar estabelecimentos como supermercados, farmácias, postos de combustíveis, oficinas mecânicas e agências bancárias, entre outros serviços essenciais.

Desde segunda-feira, o toque de recolher está valendo entre as 18h e as 6h. A medida já vigorou durante alguns dias de abril e maio. “A gente vai acompanhando os números e a tendência é que diminua o surgimento de novos ca- sos. Mas, se essas notificações não baixarem, vamos manter as medidas mais rigorosas”, afirma o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Adriano Carvalho.

A cidade tem cinco pacientes internados em hospital e pronto- socorro. Nenhum caso é considerado grave, com necessidade de intubação. O município tem 10 leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS) num hospital particular e mais 12 leitos com respiradores num hospital municipal. *Magson Gomes especial para o EM


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