Em clima de comoção e de homenagens, foi sepultado na manhã desta terça-feira (02), em Capitão Enéas, cidade de 14,2 mil habitantes do Norte de Minas, o corpo da auxiliar de enfermagem Maria Eliza Oliveira Andrade, a “Bila”, de 55 anos. Ela morreu na noite de segunda-feira (01), em decorrência da COVID-19, no Hospital das Clínicas Mario Ribeiro, em Montes Claros, na mesma região, onde estava internada. A profissional de saúde contraiu o novo coronavírus no trabalho.
De acordo com dados da prefeitura, Capitão Enéas tem 11 casos confirmados da COVID-19. A morte de Maria Eliza foi a primeira confirmada pela doença respiratória na cidade.
A auxiliar de enfermagem contraiu a doença na primeira quinzena de maio, ao atender a um paciente que testou positivo para o novo coronavirus na Santa Casa e Hospital Nossa Senhora da Guia, em Capitão Enéas.
Havia mais de 35 anos que ela atuava na instituição, onde era muito querida pelos colegas. Também era uma pessoa muito conhecida no município – a prefeitura decretou luto oficial por causa do falecimento da profissional de saúde.
Por causa da pandemia, não houve velório. Colegas de trabalho e familiares de Maria Eliza, juntamente com outros moradores de Capitão Enéas, se reuniram na entrada da cidade para acompanhar o cortejo, de carro, até o cemitério, em clima de muita emoção.
Bila, que era casada e mãe de três filhos, e também recebeu várias homenagens nas redes sociais.
Bila, que era casada e mãe de três filhos, e também recebeu várias homenagens nas redes sociais.
Afastamento
Logo que foi surgiu a pandemia da COVID-19, a técnica de enfermagem foi orientada pelos colegas a se afastar do trabalho, já que era hipertensa e fazia parte do grupo de risco. “Mas ela se recusou. Disse que tinha feito um juramento e que iria cuidar das pessoas”, relata a enfermeira Mara Fagundes Soares Alves, que trabalhou com Bila na Santa Casa de Capitão Enéas.
Assim como outros funcionários do hospital, Mara disse que ficou muito sentida com a morte da auxiliar de enfermagem: “A Bila era uma pessoa transparente e única, sempre a mesma com todo mundo. Era a primeira a chegar e a última a sair do trabalho. Ela sempre dizia que amava a profissão e que dava a vida pelos pacientes. Sempre dava conselhos, com muita paciência. Era uma 'mãezona' para nós”.
Mara,que teve o seu primeiro emprego no hospital de Capitão Enéas, conta que também apresentou sintomas respiratórios, febre e dor de cabeça. Foi afastada do serviço e está em isolamento domiciliar, em Montes Claros, onde é monitorada pelo serviço de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do município. Foi feito o recolhimento de material para teste para a COVID-19, e ela ainda aguarda resultado do exame de laboratório.