Jornal Estado de Minas

COVID-19

Fotógrafos do Estado de Minas relatam rotina nas ruas durante a pandemia do coronavírus

Diante da cobertura da pandemia do novo coronavírus e do desafio diário de ir atrás da notícia, a equipe de repórteres fotográficos do Estado de Minas e do Portal UAI pulveriza o preconceito contra os clichês, ditos banais e repetitivos, e reafirma o quão fundamental é a imagem que vale mais que mil palavras, que imortaliza uma ocasião, que captura um instante da vida para a eternidade ou ainda que tem o poder de revelar por meio da lente mais que o olho pode ver.


Com uma câmera na mão, uma pauta na cabeça e munidos de máscara e álcool em gel, eles cumprem diariamente o compromisso de ser os olhos do leitor nas ruas. É na rotina do trabalho que ficam chocados ao se deparar com cenas que contrariam as recomendações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como cidadãos e profissionais da notícia, nossos fotógrafos fazem um apelo: leitores, fiquem em casa

Aglomeração de pessoas no Barreiro (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 6/4/20)

Alexandre Guzanshe 20 anos de jornalismoe 17 de fotojornalismo: “Ir a redação para pegar equipamento e não encontrar quase ninguém é estranho. Outra questão é trabalhar com o invisível. Por ser um vírus e não saber onde ele está, é complicado. Mesmo protegido com máscaras, álcool gel e sempre lavando as mãos, o perigo pode estar ao lado. Já fui em necrotério, aldeia indígena (não entrei porque poderia levar o vírus para eles), andei pelo Centro da cidade. E, por falar na cidade, ela está triste. Mas isso tudo vai passar. Temos de fazer o nosso papel, levar a informação aos leitores e seguir a vida.”

Ruas do Centro de BH quase vazias no fim de março... (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 30/3/20)

Edésio Ferreira 15 anos de carreira: “Minha mulher é técnica em enfermagem, trabalha na linha de frente em um hospital, temos um filho de 12 anos. Tomamos todos os cuidados, os sapatos da rua não entram em casa, a roupa vai direto para a máquina de lavar e, antes de qualquer contato, tomamos banho. É incrível ver as pessoas por aí como se nada estivesse acontecendo. Já fui a várias regiões onde a vida segue normalmente. O comércio anda cheio no Barreiro, por exemplo. As pessoas todas juntas, no mesmo cotidiano de dois meses atrás. Diante dessas cenas, com a câmera na mão e a imagem na frente, só penso que o trabalho tem de ser feito.”



Flagrante da orla da Pampulha lotada no domingo (5/4) (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 5/4/20)

Gladyston Rodrigues 14 anos de profissão: “No dia a dia, procuro me preservar, uso máscara e a abordagem das fontes é diferente, com cautela. Até porque tenho a preocupação com a família. No início da cobertura, estava com muito medo. Às vezes, prendia a respiração pela rua. Agora, já me tranquilizei, a máscara dá mais segurança e faço meu trabalho. Lidamos com um mal que não vemos, mas ainda não entrei nas zonas quentes de COVID-19. Fico espantado com tanta gente tranquila, correndo por aí, pedalando. É um desafio. Ao mesmo tempo, sinto o dever de registrar, captar e trazer a melhor imagem informativa para o leitor.”

Moradores de rua auxiliam cadeirante a tomar banho (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 10/4/20)

Leandro Couri 23 anos de profissão: “Nosso trabalho é entregar ao leitor informação de qualidade. Imagem que não precisa de legenda, como a das pessoas lotando a orla da Lagoa da Pampulha. Uma explicação direta e com credibilidade. Percebo também que, mesmo as pessoas que desejam denunciar, revelar algo, por exemplo, não querem se expor, principalmente, por ser uma situação de ordem sanitária. Corremos riscos, tomamos cuidado, estou caxias com as regras de precaução durante e depois do trabalho. Vejo que a sociedade precisa de mim. As vísceras do jornalista ficam para fora, já que a informação correta salva vidas.” 

Funcionários da UPA Centro-Sul fazem apelo à população (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press - 20/3/20)

Juarez Rodrigues 32 anos de fotojornalismo: “Não há nada como o medo de encarar todos os dias a descrença das pessoas na letalidade desse vírus. É o mais grave e preocupante. Por ser um inimigo invisível, as pessoas não creem no poder de destruição e não cumprem as determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS). As ruas estão cheias, ônibus lotados, supermercados com as pessoas próximas umas das outras. Só vão acreditar quando os gráficos, números e tabelas incluírem alguém bem próximo. Será triste e tarde. Independentemente de onde estivermos na linha de batalha, o principal é confiar nos dados dos profissionais da saúde, crer no concreto, no que está à nossa frente.”


Túlio Santos 15 anos atuando como repórter fotográfico: “A redação se transformou, e o barulho de uma casa cheia e movimentada deu lugar a um quase silêncio, quebrado apenas por noticiários e entrevistas coletivas transmitidas pelas TVs. A Editoria de Fotografia, linha de frente do jornalismo da empresa, divide um andar agora quase vazio só com alguns editores e diagramadores. Não há trabalho remoto no fotojornalismo. Nas ruas, transformadas, somos agora todos vulneráveis, uns muito mais e outros menos. À noite, chama a atenção a divisão entre trabalhadores essenciais e os desamparados sem teto e opção, no momento mais visíveis devido ao contraste com a falta de gente.”


O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

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