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Estado de Minas

Coronavírus: ônibus com ar-condicionado deixam passageiros preocupados em BH

Quase metade da frota de coletivos da capital mineira possui o sistema de ar-condicionado; tecnologia não permite que as janelas dos veículos sejam abertas


postado em 17/03/2020 20:03 / atualizado em 18/03/2020 11:34

Dos 2.920 ônibus de BH, 1.258 têm ar-condicionado(foto: Juarez Rodrigues/EM)
Dos 2.920 ônibus de BH, 1.258 têm ar-condicionado (foto: Juarez Rodrigues/EM)

Dezenas de pessoas em pé e sentadas, respirações ofegantes, espirros, tosses e contatos. Ônibus e metrôs são polos de concentração de vírus no dia a dia e, em tempos de surto epidemiológico, a preocupação aumenta ainda mais. Em Belo Horizonte, quase metade da frota de coletivos tem ar-condicionado e, com isso, os veículos precisam ficar fechados. A permanência em locais como esses é contraindicada pelos infectologistas em momento de pandemia do novo coronavírus.

Diferentemente de muitos veículos com o sistema de ar-condicionado, os coletivos da capital mineira não permitem que as janelas sejam abertas. Ainda que o aparelho seja desligado, passageiros, motoristas e cobradores só sentem a entrada de ar renovado quando as portas dos coletivos são abertas durante o trajeto. Dos 2.920 ônibus de BH, 1.258 têm ar-condicionado. O mesmo ocorre em veículos do Move Metropolitano – de acordo, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), são, ao todo, 342 veículos com ar-condicionado, sendo 72 do Metropolitano Executivo e 42 do Conexão Aeroporto.

“Ônibus fechado é muito pior. Estou sempre pegando ônibus e, quando tem ar-condicionado, além de ficar frio, tem esse problema de doença. Os ônibus que eu pego passam na região hospitalar e no Hospital da Baleia e aí carregam gente doente mesmo. Já peguei gripe umas três vezes”, conta Antônio Vitor, de 59 anos, a um ano de entrar no principal grupo de risco da COVID-19. Agora, Antônio prefere “indubitavelmente” pegar os ônibus sem ar-condicionado. No momento da entrevista, ele subia em um veículo com janela, da linha SC02A – Praça 7/Savassi, via Praça da Liberdade/Santa Casa.

Antonio Vitor diz já ter ficado três vezes gripado, devido a ônibus fechados(foto: Juarez Rodrigues/EM)
Antonio Vitor diz já ter ficado três vezes gripado, devido a ônibus fechados (foto: Juarez Rodrigues/EM)


Motorista da mesma linha, Elídio dos Reis Cachoeira, de 36, conta que chega a ficar 13 horas por dia dentro do ônibus fechado. “Isso é complicado, mas fazer o quê? Tenho que trabalhar. O que eu faço é deixar a minha janela aberta”, diz o condutor. Em todo o coletivo, há apenas uma entrada de ar, quando o veículo está em movimento: a janela do lado esquerdo ao motorista. Elídio conta também que devido ao coronavírus, ontem, o fluxo de pessoas caiu bastante, permitindo-lhe sair do ônibus no ponto final. “Normalmente, não dá nem tempo de sair. Chego ao ponto final e já vou conduzindo novamente”, explica.

Mais tranquilo está Lucas Teotônio, motorista de 24, também da linha SC02A. Trabalhando há dois anos como condutor, ele comemora o fato de estar à frente de um ônibus sem ar-condicionado. “Agora é mais tranquilo, porque, quando está fechado, só circula ar quando as portas abrem. Até o usuário está achando melhor”. Lucas chega a ficar 10 horas por dia no coletivo.
Quem também está preocupada é a passageira Marta Aquino, de 59. Esperando ônibus na Região Hospitalar de Belo Horizonte, ela conta estar com medo, principalmente pela idade. “A gente fica preocupada, né? Mesmo nos que não têm ar-condicionado, o pessoal pede para fechar a janela, seja por causa da chuva, do frio ou do cabelo que não pode estragar”, conta.

Do outro lado da rua, uma passageira que subia no ônibus da linha 3050 (Estação Diamante/Hospitais) gritou: “O ar-condicionado é cheio de poeira”. Por outro lado, há quem não está preocupado com a situação dos ônibus fechados. “Estou tranquilão com isso. A empresa (que administra a linha) nunca passou nenhuma restrição”, conta Wallace Alves, motorista do SC04A (Santa Casa/Savassi/Rodoviária). Ele explica que o intervalo da frota é de 10 em 10 minutos, mas que, normalmente, o ônibus chega a suportar de 10 a 15 pessoas em pé.

Procurada, a BHTrans, em um primeiro momento, afirmou que “junto com a Prefeitura de Belo Horizonte, está discutindo as medidas referentes ao transporte coletivo.” Na manhã desta quarta-feira (18), por meio de sua assessoria de imprensa, o órgão listou as medidas de prevenção ao COVID-19 que serão adotadas para o transporte público de Belo Horizonte:

  • Cartazes com recomendações para proteção contra o Coronavírus já estão afixados nos ônibus e estações do sistema municipal
  • Informes em áudio e vídeo com orientações são veiculados nas estações e nas TVs dos ônibus
  • A prefeitura exigiu a higienização de todos os veículos do transporte coletivo, antes e depois de cada viagem, sobretudo nos locais de maior contato dos usuários (barras de apoio e roletas) e também a manutenção emergencial de todos os equipamentos de ar condicionado
  • Todas as estações de integração e transferência estão sendo higienizadas pela prefeitura e a limpeza ostensiva está sendo feita várias vezes ao dia
  • Todos os táxis estão sendo higienizados a cada viagem, sobretudo nos locais de maior contato dos usuários (maçaneta da porta, bancos, apoios).
  • A prefeitura recomenda que os usuários do transporte público tomem cuidados de higiene individual, sobretudo antes e depois de utilizar o ônibus, metrô ou táxi. O pagamento deve ser feito preferencialmente com cartão.
  
Já a Seinfra informou que realizou uma reunião com representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram/Consórcio Ótimo). No encontro, ficou decidido que haverá a intensificação da limpeza e desinfecção dos veículos.

METRÔ

Os trens de superfície da Companhia Brasileira de Transportes de Trens Urbanos (CBTU) também são fechados. Por causa do coronavírus, a CBTU informou que vai reforçar a limpeza de suas dependências, estações e trens. Geralmente, uma higienização é feita todas as noites nos trens, logo após o fim da atividade comercial. Além disso, durante a operação, ocorre limpeza de todos os vagões entre os intervalos das viagens, nas estações Eldorado e Vilarinho.
“Com o avanço do surto, essas medidas passam a ser intensificadas. Na Estação Vilarinho, será realizada uma limpeza focada exclusivamente nos corrimãos. Na estação Eldorado, haverá um revezamento entre corrimãos e as os trens. Para que todo esse trabalho seja possível, será aumentado o número de funcionários que o realizam”, informou por meio de nota.
A companhia reforçou também que disponibilizará luvas e álcool aos funcionários que têm contato direto com o público. “A CBTU já solicitou a compra dos produtos e aguarda para implantar, em até três dias, o que foi acordado”, finalizou.

*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho


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