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COVID-19: a conexão entre a corrida às farmácias em Divinópolis e o alerta em BH

Confirmação de coronavírus na cidade do Centro-Oeste mobiliza autoridades e moradores. Na capital, por onde paciente passou, prefeitura recomenda monitoramento de contatos


postado em 10/03/2020 06:00 / atualizado em 10/03/2020 07:34

Na unidade de referência na capital, 16 pacientes tiveram suspeita descartada e o quadro de 22 foi considerado compatível com o da nova doença(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Na unidade de referência na capital, 16 pacientes tiveram suspeita descartada e o quadro de 22 foi considerado compatível com o da nova doença (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
 

A confirmação do primeiro caso de contágio pelo coronavírus de paciente de Minas Gerais mobiliza autoridades sanitárias e deixa em alerta a população, especialmente em Divinópolis, município do Centro-Oeste mineiro onde mora a mulher com teste positivo para o COVID-19 e pelo menos outras quatro pessoas com quadros suspeitos. Monitorando 161 pacientes, a Saúde estadual anunciou ontem a redução do prazo para resultado dos exames e já considera que, com a aproximação da temporada crítica para doenças respiratórias, especialmente no inverno, o aumento das infecções será inevitável. A comprovação do primeiro diagnóstico em território mineiro gerou reações também em Belo Horizonte, por onde a paciente passou voltando de viagem à Itália. A prefeitura da capital recomenda que pessoas que tiveram contato com a moradora de Divinópolis procurem uma unidade de saúde caso apresentem algum sintoma respiratório.

Além de Belo Horizonte (59), as cidades com mais casos suspeitos são Uberlândia, no Triângulo (15); Contagem, na Grande BH (11); Ipatinga, no Vale do Rio Doce (5); Divinópolis, na Região Centro-Oeste (4); Juiz de Fora, na Zona da Mata (4); Nova Lima, na Grande BH (4); São João del-Rei, no Campo das Vertentes (4); e Sete Lagoas, na Região Central (4). A partir da próxima semana, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) passa a realizar exames para diagnóstico do novo vírus. “Os kits para exames já chegaram e vamos fazer o treinamento com a equipe esta semana. A Fiocruz pede de 48 a 72 horas para os resultados. A ideia é que a gente atinja, no máximo, 48 horas”, explicou o secretário de estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva.
 
Ele afirma que a chegada do inverno preocupa as autoridades. “O governo vem se preparando desde a notificação na China, na passagem de ano. Primeiro, fizemos um plano de contingência. Depois, entramos com o plano de educação da equipe técnica do estado inteiro. Agora, buscamos reestruturar a rede com equipe de proteção individual. Estamos nos preparando”, acrescentou. A vacinação contra a gripe foi antecipada pelo Ministério da Saúde.
 
Na cidade mineira que teve o primeiro caso confirmado, há um clima de preocupação entre moradores. Apesar de ainda não ser visível o uso de máscaras hospitalares pelas ruas, a informação provocou corre-corre em farmácias e lojas especializadas. Em alguns casos, a procura por máscaras cresceu 500%.
 
A preocupação de moradores gira, principalmente, em torno da capacidade técnica do sistema público de saúde para lidar com a situação. “Tenho criança em casa, lavo as mãos, passo álcool, mas não acredito que Divinópolis esteja preparada. A saúde é precária no dia a dia, imagina diante disso?”, comentou Vilmar Lima dos Santos, de 25 anos, morador do Bairro Lagoa dos Mandarins.

Todos os pacientes se recuperam isolados em suas casas, sem sintomas graves(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Todos os pacientes se recuperam isolados em suas casas, sem sintomas graves (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

 
Menos pessimista, a dona de casa Maria de Lourdes Alves, de 54, acredita que a situação tende a se normalizar. “Tem gente tratando como se fosse o fim do mundo, mas não penso que é assim. Tem situações mais graves, como a dengue”, opina a moradora do Bairro Quintino. Mesmo otimista, ela não deixa cuidados básicos de lado: “Faço a minha parte, lavo as mãos sempre e uso o álcool em gel”.
 
O motorista de aplicativo Antônio César, de 53, foi pego de surpresa e se preocupa com a chegada do vírus à cidade. Transportando, em média, 50 passageiros por dia, ele disse que vai disponibilizar produtos como álcool em gel e lenços no veículo. “É uma segurança tanto para o usuário do serviço quanto para mim”, afirma.
 

Corre-corre em farmácias 


Desde o início do ano, farmácias e lojas especializadas em Divinópolis estão sentido o estoque de itens como álcool, lenços e máscaras diminuir. Entretanto, ontem esse movimento se intensificou. “Tivemos uma procura intensa pelos produtos, tanto máscaras quanto álcool em gel. Atender está ficando difícil, porque o único fornecedor que ainda tem a máscara está limitando a venda a três caixas, cada uma com 50 unidades”, conta a gerente Sônia Lúcia Silva, de uma loja especializada em produtos hospitalares. A combinação de alta demanda e baixo estoque se traduziu em aumento dos preços. “Triplicaram nos últimos meses”, destaca.
 
Em uma farmácia, no Centro de Divinópolis, a procura pelas máscaras cresceu em 500% e pelo álcool em gel, em 300%. “Estamos com dificuldade em atender. Já procuramos até na internet e não conseguimos”, conta o farmacêutico e proprietário, Geraldo Fernandes de Azevedo.
 
No maior hospital de Divinópolis, o Complexo de Saúde São João, a administração correu para reforçar o estoque. De acordo com a assessoria de comunicação, foram feitas compras de equipamentos para três meses. A unidade já adota os protocolos necessários e acredita que a quantidade armazenada será suficiente.

"Transmissão inevitável"


A coordenadora municipal de Vigilância em Saúde, Janice Soares, afirmou que a situação não motiva pânico, porém não pode ser subestimada. “A gente sabe que é um vírus com letalidade muito baixa, mas os idosos tem um risco maior de quadros graves. Pessoas que apresentarem sintomas devem procurar o serviço de saúde”, afirmou.
 
A Secretaria Municipal de Saúde trata como inevitável que mais casos surjam. “O vírus está circulando no nosso país. É inevitável que se alastre. Ele se transmite da mesma forma que uma influenza, que o H1N1, e vai ser transmitido agora no período de outono/inverno”, prevê a coordenadora.
 
Para evitar que a situação se agrave, o município segue o plano de contingência elaborado em janeiro em parceria com a Superintendência Regional de Saúde. “Compramos equipamento de proteção individual e fizemos orientações para os profissionais da rede, para estar preparados a reconhecer e encaminhar, dentro do protocolo, os pacientes suspeitos”, acrescenta o secretário municipal de Saúde, Amarildo de Souza. (*Com Amanda Quintiliano especial para o EM)

Centro especializado em BH já recebeu 38 pacientes 

 
Em Divinópolis, o caso confirmado é de uma mulher de 47 anos, que esteve na Itália e retornou a Minas Gerais no último dia 2. Ela recebeu as orientações da rede privada de saúde e está estável, em isolamento domiciliar com o marido e os dois filhos. Outras pessoas que estiveram no voo estão sendo monitoradas. Antes de retornar à cidade da Região Centro-Oeste, ela esteve na residência da família, em Belo Horizonte. A situação levou a Secretaria de Saúde da capital a recomendar que pessoas que tiveram contato com a paciente monitorem seu estado de saúde por 14 dias. Caso apresentem sintomas de doença respiratória, a indicação é que procurem uma unidade de saúde mais próxima ou o Centro Especializado em COVID-19, que funciona todos os dias, das 7h às 19h, na Rua Domingos Vieira, 488, Bairro Santa Efigênia, na Região Hospitalar.
 
No novo centro especializado em COVID-19, na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul, 38 pessoas já procuraram pelo serviço desde a abertura, no dia 3. Até ontem, 16 pacientes atendidos não foram considerados casos suspeitos. Outros 22 desenvolveram sintomas compatíveis com os da nova virose e estiveram recentemente em países com casos confirmados ou tiveram contato com pacientes confirmados ou com suspeita.
 
Na unidade, quem tem suspeita de contágio é atendido logo na entrada da UPA por uma técnica de enfermagem. Caso tenha sintomas e condições compatíveis com a doença, é encaminhado para o espaço separado, onde recebe atendimento médico. 
 
A prefeitura informa que o trabalho de vigilância epidemiológica de BH é contínuo e que o plano de contingência para lidar com o novo vírus já foi ativado, antes mesmo da confirmação de caso no estado. Até ontem, o município notificou ao estado 96 casos. Desses, 13 foram descartados. Os demais pacientes aguardam resultado de exame de sangue isolados em casa. 
 
Com a demanda, os resultados de exames têm demorado em média sete dias. Até ontem, não havia nenhum resultado concluído para paciente atendido no centro especializado. “Temos uma rede robusta de atendimento. Com o aumento dos casos no mundo, vimos que houve procura, mas não algo que explodisse. Tem casos sendo atendidos em toda a rede de saúde de BH. Está acontecendo de forma equilibrada, não algo que esteja fugindo ao controle”, informou Renata Mascarenhas, diretora de Assistência da Secretaria Municipal de Saúde.
 
De acordo com a pasta, as pessoas atendidas no centro especializado não apresentaram quadro clínico grave e foram orientadas a aguardar o resultado do exame em casa. “Essas pessoas estão no que chamamos de ‘isolamento domiciliar’”, explicou Renata. Afastado com atestado médico por, em média, sete dias, o paciente deve dar preferência a ficar em local ventilado e usar máscara cirúrgica. “Deve evitar ir de um cômodo para outro e todos da casa também devem usar máscara”, disse.
 
A etiqueta respiratória deve ser o maior cuidado neste momento. Médicos e infectologistas recomendam cobrir o nariz e a boca com a face interna do cotovelo ou com um lenço descartável ao tossir e espirrar. É necessário lavar as mãos com frequência e evitar tocar olhos, nariz e boca sem a higiene adequada – usar álcool gel, se possível. Pacientes com quadros suspeitos não devem compartilhar materiais de uso pessoal.
 
A secretaria municipal recomenda que, caso a pessoa apresente suspeita de coronavírus, evite contato próximo com outras pessoas e procure o serviço de saúde mais próximo de sua casa. “O centro especializado foi criado porque a gente precisa ter um local central, de fácil acesso, mas todas unidades de saúde estão preparadas”, disse Renata Mascarenhas.
 
O centro tem estrutura para atender a cerca de 10 pessoas simultaneamente. Os profissionais contam com reforço nos equipamentos de proteção individual. Na linha de frente, quem está na triagem usa máscaras cirúrgicas. Dentro do espaço, os funcionários usam ainda, gorro, avental e óculos de proteção.


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