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Estado de Minas

Verão em BH deve continuar com cara de inverno nos próximos dias

Belo Horizonte registrou a menor temperatura para o mês de março desde 1993. Nos próximos dias não faltarão chuvas, sinônimo de transtornos Minas afora


postado em 03/03/2020 06:00 / atualizado em 03/03/2020 09:09

Edifício Niemeyer, Praça da Liberdade, ontem, às 14h30(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Edifício Niemeyer, Praça da Liberdade, ontem, às 14h30 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Só se ouve falar sobre o frio, que pegou os belo-horizontinos de surpresa no início desta semana, em pleno verão. Até semana passada, as ruas da capital mineira estavam tomadas por foliões vestindo pouca roupa, como bodys, biquínis e sungas, e cantando o hit da banda mineira Rosa Neon: “Ai que delícia o verão, a gente mostra o ombrim, a gente brinca no chão.” O protetor solar era indispensável, apesar da chuva esporádica. Mas ontem muita gente acordou no meio da noite para puxar uma coberta e, pela manhã, precisou tirar o casaco do armário para um dia típico de inverno fora de época.

Não fazia tanto frio assim em março na capital mineira havia 27 anos. Em pleno verão, quando a temperatura mínima não costuma ficar abaixo dos 18°C, a capital mineira registrou 14,6°C – a menor do ano, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A tendência é de que o frio continue nos próximos dias, mas com a temperatura em leve elevação. As chuvas também deverão persistir. A precipitação do fim de semana provocou estragos materiais em algumas cidades do interior de Minas e lentidão no trânsito de Belo Horizonte. Choveu 30% do esperado para o mês todo em apenas dois dias em algumas regionais da cidade.
 
Segundo o meteorologista do Inmet Cléber Souza, temperatura de 14,6°C foi registrada na estação meteorológica do Cercadinho, na Região Oeste de Belo Horizonte. Durante a madrugada, os ventos no local atingiram 95 quilômetros por hora. Souza diz que o cenário é incomum na estação. “A nebulosidade e a pouca radiação solar fizeram com que as temperaturas caíssem. O último registro de baixa na temperatura em março ocorreu em 14 de março de 1993, quando os termômetros marcaram 14,2°C”,acrescentou o meteorologista do Inmet, Claudemir Azevedo. Mas o dia mais frio da história do terceiro mês do ano ocorreu em 31 de março de 1961, com 12,8°C.
 
As médias de temperatura, mês a mês, do verão ao início do outono (20 de março) em BH, segundo o Inmet, foram de mínima 18,4°C e máxima de 27,8°C em dezembro, mínima de 18,8°C e máxima de 28,4°C em janeiro, mínima de 19°C e máxima de 29°C em fevereiro. “Durante o dia, a (temperatura) máxima cai por causa da cobertura de nuvens, que bloqueia o sol e impede o aquecimento”, explica o meteorologista Cléber sobre o frio mais intenso durante as manhãs. A tendência é de que o frio continue ao longo do dia em Belo Horizonte. “Teremos uma leve elevação da temperatura nesta terça-feira. A previsão é que a mínima seja de 16°C e a máxima de 24°C”, acrescentou Claudemir.
 
A chuva também vai permanecer na capital e outras regiões do estado até o final da semana. “O sistema que chegou na sexta-feira pode ser uma nova Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), frente fria no litoral Sudeste com transporte de umidade da Amazônia. Pelo menos até quinta-feira a previsão é de chuva em todo o estado”, informa Souza.

A capital mineira registrou mínimo de 14,6°C ontem, obrigando quem saiu a tirar os agasalhos do armário (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A capital mineira registrou mínimo de 14,6°C ontem, obrigando quem saiu a tirar os agasalhos do armário (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 
Em Belo Horizonte, a Defesa Civil informou que, em apenas dois dias, choveu mais de 30% do esperado para todo o mês na região da Pampulha (67,8 mm) e na região de Venda Nova (61,4 mm). Houve precipitação em todas as regiões. A média climatológica de março é de 198mm. O mês de março segue para bater recordes, como fevereiro, que se tornou 7º mês mais chuvoso da história de Belo Horizonte, com 392mm. O volume de chuva médio na capital no segundo mês do ano é de 181,4 milímetros. O mais chuvoso foi o de 1978, com 487,3 milímetros.

Na capital mineira, o trânsito precisou ser desviado na manhã de ontem na Avenida dos Andradas, sentido Região Leste, na altura dos Hospitais, devido à queda de uma árvore. O trânsito também foi alterado pela Avenida Bernardo Monteiro. Houve engarrafamentos. A chamada por aplicativos e táxis também foi problemática devido ao aumento de procura. No caso dos aplicativos, o preço das viagens aumentou várias vezes, com a corrida do Buritis para a Savassi chegando a ficar quatro vezes mais cara, por exemplo. A Defesa Civil de BH emitiu um novo alerta, indicando pancadas de chuva de 40 a 60 milímetros com raios e rajadas de vento em torno de 50 km/h até 8h de hoje.



Interior


As fortes chuvas também castigaram cidades do interior. Em Divinópolis, município de 238 mil habitantes no Centro-Oeste de Minas, a 120 quilômetros de BH, precipitações de domingo provocaram enxurradas dos bairros mais altos para os mais baixos. Algumas ruas ficaram intransitáveis. Árvores caíram, bloqueando vias e foi necessário a ação dos bombeiros par liberá-las. Casas ficaram isoladas.
 
O Sul de Minas também enfrentou transtornos. Em Monte Sião, município de 20 mil habitantes a 470 quilômetros de BH, as drenagens das ruas não foram suficientes para dar vazão ao grande volume pluviométrico, resultando em alagamentos e enxurradas que invadiram 13 casas, segundo o Corpo de Bombeiros. A água removeu calçamento de várias vias. Árvores caíram interrompendo ou dificultando o tráfego de várias ruas.
 
No Vale do Rio Doce, a zona rural do município de Ponte Nova, a 180 quilômetros da capital, registrou tempestades e estragos. Duas manilhas de um córrego próximo ao povoado de Massangano ficaram entupidas e houve represamento do manancial, gerando risco de alagamento de casas três quilômetros abaixo. Como medida preventiva, 12 famílias foram retiradas do local.

EMERGÊNCIA De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil de Minas Gerais, 196 municípios estão na lista de decreto estadual de situação de emergência devido às chuvas. Outros 47 municípios decretaram situação de emergência municipal, mas não estão no decreto estadual. Os decretos facilitam a transferência de recursos do governo federal para essas cidades. Também ajudam os municípios a receber doações, como colchões, cobertores, travesseiros e alimentos, recolhidas pelo Executivo estadual. De acordo com o órgão, 61 pessoas morreram desde 24 de janeiro devido às chuvas. Somadas às outras 11 do restante do período chuvoso, iniciado em outubro, as mortes chegam a 72.  São 10.069 pessoas desalojadas, 2771 desabrigadas e 81 feridas.


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