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Estado de Minas

Jornalista mineiro que mora na China relata drama e apreensão com coronavírus

Igor Patrick, de 26 anos, é de Diamantina e mora em Pequim. Ele retorna para o Brasil no próximo dia 10 para fugir do surto da doença


postado em 01/02/2020 13:40 / atualizado em 02/02/2020 18:53

Igor Patrick (D) e o namorado André Lessa (E) usam máscaras para se protegerem do coronavírus (foto: Reprodução/Facebook)
Igor Patrick (D) e o namorado André Lessa (E) usam máscaras para se protegerem do coronavírus (foto: Reprodução/Facebook)

Medo, apreensão, prejuízo financeiro, incertezas. O drama vivido por brasileiros que residem na China, local onde se iniciou o surto de coronavírus, coincide com o anúncio do balanço atualizado de mortos, que subiu para 259, e infectados, que se aproxima de 12 mil.

O jornalista Igor Patrick, de 26 anos, é de Diamantina, em Minas Gerais, e deixou o Brasil há cerca de seis meses para estudar em Pequim. Ele conta que, em algumas regiões, as máscaras já estão em falta. "Álcool gel, então, esquece", conta. 

De férias pelo sudeste asiático, ele relata a dificuldade para retornar à capital chinesa. "Estou em Cingapura, que fechou as fronteiras para viajantes vindos da China. Meus voos de volta foram cancelados e meu prédio está em quarentena. Ninguém entra, ninguém sai", conta. 
"Minhas coisas ficaram presas no meu apartamento. Estou com pouquíssimas roupas. Meus documentos, meu dinheiro vivo, ficou tudo lá em Pequim. Meu namorado está viajando comigo e deixou parte das coisas no meu apartamento em Pequim. O voo dele de Pequim para o Brasil também foi cancelado", disse.  

Sem poder voltar para Pequim, Igor e o namorado André Lessa, de 29 anos, vão retornar para o Brasil no próximo dia 10 partindo de Bangkok, capital da Tailândia.

"Vou voltar pro Brasil porque meu voo de volta para Pequim foi cancelado. Estava viajando pelo sudeste asiático de férias. Era o fim da minha viagem. Não fosse isso, jamais gastaria tanto dinheiro pra voltar em cima da hora para o Brasil. A passagem foi mais de R$ 3,8 mil", relata.

Prejuízos


Além da dificuldade em voltar para casa, o jornalista relata prejuízos com o cancelamento dos voos.
Ao todo, segundo ele, os gastos passaram de R$ 18 mil. "Foram gastos R$ 14.481 de passagens canceladas e ainda não estornadas no meu cartão de crédito e R$ 3.527,41 da passagem que meu sogro conseguiu comprar pra mim e que terei de pagar para ele", detalha.

"A primeira cancelei porque tinha comprado ida e volta e a universidade nos avisou para não fazer isso porque não há previsão de retorno. A segunda cancelei porque meu vôo de Bangcoc para Pequim foi cancelado. Eu não conseguiria ir para a cidade e pegar meu vôo de lá". 

Igor reclama que os sites de compra de passagem do Brasil estão fazendo de tudo pra dificultar sua vida. Ele conta que comprou duas passagens que precisou cancelar dentro do prazo legal de 24 horas e a empresa se recusa a reembolsá-lo. "Isso comprometeu meu limite do cartão de crédito e eu tive que pedir ajuda para o meu sogro no Brasil. E dizem que se reembolsarem será só em 45 dias. O valor vai cair na minha fatura e eu não terei dinheiro pra arcar. Espero não ter que entrar na justiça", disse.

Embaixada 

Apesar das dificuldades, Igor  disse que não chegou a procurar a embaixada brasileira. "Eles também não me procuraram, porém, não posso julgar o trabalho de apoio consular deles. De fato não entrei em contato,
mas não acho que conseguiriam me ajudar muito considerando as orientações do governo em Brasília."

Nessa sexta-feira, o  presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo enfrenta ao menos duas dificuldades para evacuar os brasileiros que se encontram na China, local onde se iniciou o surto de coronavírus. Uma delas é a falta de recursos. O outro ponto seria a falta de garantia na lei para que esse grupo cumpra o período de quarentena. O presidente disse que os brasileiros que lá se encontram apenas retornarão ao Brasil caso haja garantia de que o prazo de 40 dias será respeitado. Ele pedirá ao Judiciário e ao Congresso que assegure a medida.

“Temos alguns nacionais, em especial na região de Wuhan, que querem voltar para cá e têm pedido o nosso apoio. Obviamente, o apoio custa dinheiro, meios e o Brasil vai ter que se esforçar para consegui-los”, alegou.

O Ministério da Saúde informou nessa sexta que o Brasil tem 12 casos suspeitos do coronavírus. Nenhum caso foi confirmado.  

Os casos suspeitos estão sendo monitorados pelo Ministério da Saúde nos seguintes estados: Ceará (1), Paraná (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e São Paulo (7). 


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