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Estado de Minas

Entre buracos e curvas: por que MG é 19º dos 27 estados em qualidade de estradas

Pesquisa CNT mostra que mais de dois terços dos percursos avaliados no estado está em condições péssimas, ruins ou regulares


postado em 23/10/2019 06:00 / atualizado em 23/10/2019 07:44

Tráfego confuso, asfalto esburacado, falhas na sinalização e traçado deficiente são apenas alguns dos problemas verificados no trecho da BR-381 entre BH e Governador Valadares, um dos mais críticos em Minas(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Tráfego confuso, asfalto esburacado, falhas na sinalização e traçado deficiente são apenas alguns dos problemas verificados no trecho da BR-381 entre BH e Governador Valadares, um dos mais críticos em Minas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)


Apesar de ter a maior malha rodoviária do Brasil e ficar em posição geográfica estratégica para o transporte de cargas e passageiros pelas estradas do país, Minas Gerais está atrás de 18 dos 27 estados quando o assunto é a conservação das rodovias. Retrato feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em pesquisa divulgada ontem mostra que 70,6% dos 15.363 quilômetros avaliados em território mineiro são considerados péssimos, ruins ou regulares.

O levantamento leva em consideração aspectos como sinalização, pavimento e geometria das estradas. A situação reflete uma piora significativa nas condições das rodovias mineiras entre a pesquisa de 2018, que avaliou praticamente a mesma extensão deste ano, e a de ontem, já que no ano passado o percentual de rodovias avaliadas como péssimas, ruins ou regulares era de 61,3%.

Para se ter uma ideia, analisando proporcionalmente os níveis de conservação rodoviária de cada estado, Minas tem uma fatia maior de quilômetros considerados péssimos, ruins ou regulares do que todos os estados do Sudeste e todos do Sul. A malha mineira só está à frente de Goiás, no Centro-Oeste, e do Maranhão e Ceará, no Nordeste, perdendo para Rondônia e Roraima no Norte (veja ranking).

A comparação leva em consideração os valores percentuais e não compara diretamente o número de quilômetros, já que cada estado tem uma malha diferente e Minas é disparado o maior de todos nesse quesito. Enquanto o estado tem 70,6% de sua malha em condições consideradas negativas, os 29,4% restantes são enquadrados como ótimos ou bons. O aumento da quilometragem avaliada no estado em 2019 foi muito pequeno. Em 2018, a pesquisa vistoriou 15.236 quilômetros, contra 15.363 deste ano, o que indica que o montante inspecionado variou pouco em relação à piora do estado geral das rodovias mineiras.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


Em relação à média do Brasil, Minas Gerais está em pior situação. Enquanto o estado tem 70,6% de suas rodovias avaliadas em condições ruins, péssimas ou regulares, no país esse patamar é de 59%. Em todo território nacional, os técnicos da CNT percorreram 108.863 quilômetros neste ano, frente a 107.161 avaliados em território nacional em 2018.

Preocupante


Para o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, a situação de Minas revela um quadro de bastante severidade, que supera a casa dos dois terços de rodovias com avaliação negativa. “Estamos rompendo um patamar muito alto em termos de rodovias de Minas com algum tipo de problema. É um número absurdamente alto, que demanda uma mobilização do governo federal, alinhado com o governo estadual. É a maior malha do país, e isso prejudica a economia do próprio estado, como também prejudica e onera outras regiões do país”, afirma o diretor.

Batista ainda acrescenta que a CNT mede na pesquisa anual o custo extra que os problemas nas estradas geram para o transporte. No caso de Minas Gerais, há um incremento de 33% nos custos operacionais, diante da condição atual das rodovias em comparação com um cenário em que 100% delas estivessem classificadas como boas ou ótimas. No ano passado esse custo extra era de 29%. “Esses custos são adicionais ao transporte, são repassados ao frete e do frete oneram os produtos”, explica.

Por fim, o diretor-executivo da CNT diz que essa situação revela ineficiência do poder público na manutenção das rodovias, pois, segundo ele, não há acompanhamento para sanar os problemas antes que eles se agravem. “Se os problemas menores não são corrigidos a tempo, o processo avança para situações críticas, e toda vez que isso acontece o custo de reparo fica maior. Temos um volume de recursos destinado à manutenção, que é insuficiente. As vezes não se consegue nem cobrir toda a malha”, completa.

Realidades distintas


A pesquisa CNT mostra diferentes realidades dentro de Minas Gerais. Uma rodovia que sintetiza essa discrepância é a BR-381, que tem 474 quilômetros entre Contagem, na Região Metropolitana de BH, e a divisa com São Paulo, concedidos à iniciativa privada, e outros 310 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, cuja gestão é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

No primeiro caso, o corredor viário que liga as capitais mineira e paulista é considerado um dos melhores do país. Segundo a pesquisa divulgada ontem, dos 28 corredores rodoviários avaliados em todo o país, a conexão entre BH e São Paulo é considerada ótima. Já a ligação de Belo Horizonte com Vitória, que pega o trecho mais crítico da BR-381 e ainda um segmento importante da BR-262, é considerada regular. A pesquisa considera corredor rodoviário como um conjunto de rodovias que une dois ou mais polos de atração econômica com denso volume de veículos entre as principais capitais dos estados.


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