Um teatro em dificuldades financeiras e, agora, com a estrutura totalmente danificada. Bandidos arrombaram as portas do Teatro Kleber Junqueira, localizado na Rua Platina, no Bairro Calafate (Região Oeste), e fizeram uma verdadeira algazarra nesta segunda-feira (9).
Segundo Éder Paulo, diretor artístico do teatro, os criminosos levaram toda a fiação do local, além de microfones, refletores, móveis e itens de acabamento da estrutura. Eles, ainda, quebraram as pias do banheiro com extintores e furtaram a geladeira e o bebedouro.
“Eles acabaram com tudo. Acabaram com a história de uma vida e com um espaço que existe desde 1942. Só sobraram as cadeiras e o palco. Na situação atual, você não consegue fazer nada no teatro”, lamentou Éder Paulo.
Ele ainda reclamou da sujeira causada pelos bandidos. Eles fizeram fogueiras no espaço, o que espalhou cinzas pelo local, e defecaram no chão do teatro.
A administração da estrutura acionou a Polícia Militar (PM) nesta segunda. A corporação se deslocou ao local e, até por volta das 17h, ainda registrava a ocorrência.
Os militares deram exatamente a mesma versão do diretor Éder Paulo e, até o contato com o Estado de Minas, não haviam prendido os bandidos.
Uma câmera de um estabelecimento localizado em frente ao teatro teria filmado a ação dos bandidos. Segundo o dono deste comércio, moradores de rua são os principais suspeitos.
Dificuldades
O Teatro Kleber Junqueira está fechado desde 13 de dezembro de 2017, quando aconteceu a última apresentação na estrutura. Desde então, a administração precisou encerrar as atividades pela falta de recursos.
“Até 2014, recebíamos escolas e pessoas em vulnerabilidade social no local. Depois de 2014, as escolas não conseguiram vir mais, porque as verbas foram cortadas. Desde então, tentamos uma parceria com a prefeitura de Belo Horizonte para que o teatro não fechasse, mas infelizmente não conseguimos”, relata Éder Paulo, o diretor artístico do espaço.
Segundo ele, a Cemig cortou a energia elétrica por falta de pagamento e as dívidas se acumularam desde 2014. O teatro, de acordo com Éder, é o único da Região Oeste da cidade, mas mesmo assim não consegue apoio.
A estrutura leva o nome de Kleber Junqueira desde janeiro de 2004, quando ele tirou R$ 200 mil do próprio bolso para comprar e adequar o espaço para o teatro. Antes, um cinema abandonado estava instalado na estrutura.
Em nota, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, lamentou o furto e informou que "se reuniu várias vezes com a equipe do Teatro Kleber Junqueira, reconhecendo a importância deste espaço cultural para Belo Horizonte".
Nesses encontros, o Executivo municipal informou que a concessão de "qualquer tipo de financiamento e/ou apoio institucional a equipamentos culturais privados" dependem de "editais de seleção específicos, como a Lei Municipal de Incentivo à Cultura e o Fundo Municipal de Cultura".