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Estado de Minas

Conheça a síndrome que já matou 160% mais que epidemia de dengue em Minas

Onda de frio aumenta chance infecções por vírus respiratórios. Minas já registrou 306 mortes por SRAG, cerca de 2,6 vezes mais que a doença transmitida pelo Aedes aegypti


postado em 06/08/2019 06:00 / atualizado em 06/08/2019 07:33

Unidade de pronto-atendimento: procura de vítimas de quadros respiratórios graves aumentou para quase 20% na rede de saúde no estado(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Unidade de pronto-atendimento: procura de vítimas de quadros respiratórios graves aumentou para quase 20% na rede de saúde no estado (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)

Ao sabor dos humores do tempo, mudam os desafios da saúde pública, mas permanece o alerta entre autoridades e pacientes em Minas. A queda dos termômetros, se fez começar a recuar o pesadelo da dengue, que este ano já tirou a vida de 117 pessoas no estado, traz à tona outra ameaça, que matou 2,6 vezes mais pacientes: as doenças respiratórias. Sintomas como espirros, nariz escorrendo e voz rouca se tornam mais comuns nesta época do ano, com as mudanças repentinas de temperatura, como aconteceram nos últimos dias. A associação do frio e tempo seco provoca complicações e facilita a transmissão de vírus, como mostram dados da Secretaria de Estado da Saúde: desde janeiro, 2.712 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) foram computados, matando 306 dos infectados – cerca de 160% mais casos fatais que a epidemia provocada pela picada do mosquito Aedes aegypti. Especialista ressalta que a vacinação é indispensável e destaca que medidas de higiene também ajudam a preservar a saúde.
 
Do total de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) registrados de janeiro até ontem, foram confirmados 251 diagnósticos causados por vírus Influenza e 306 por outros vírus respiratórios (veja quadro). Do total associado ao Influenza, predominaram as infecções pelo subtipo H1N1 – 201 registros desde janeiro. O H3N2 vem na sequência, com 18, seguido de diagnósticos de tipo A não subtipável, com 15 registros. De acordo com a Saúde estadual, há um aumento de demanda nas unidades de saúde em relação aos pacientes com Influenza. O percentual de atendimentos desses doentes subiu de 6,8% do total na primeira semana do ano para 19,5% na 30ª semana.
 
O Influenza não é a única ameaça para a população. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), um dos principais agentes das infecções que acometem o sistema respiratório de crianças que estão sendo amamentadas e das menores de 2 anos, também vem infectando um grande número de pessoas em Minas. Dados da secretaria de estado mostram que foram 279 registros neste ano. Em relação ao último boletim epidemiológico, de 8 de julho, o aumento foi de 25,1%. Mais uma morte foi confirmada, com o total passando de 11 para 12 entre os dois boletins.
 
Apesar de o quadro ser grave, é a primeira vez que a pesquisa de casos provocados pelo vírus sincicial é computada, sendo possível conhecer a proporção de diagnósticos em que ele se associa à hospitalização por SRAG em Minas. Segundo a Saúde estadual, anteriormente a identificação de vírus em casos de pessoas internadas com síndrome respiratória aguda grave monitorava apenas Influenza A e B. Este ano, a rotina da Fundação Ezequiel Dias (Funed) passou a incluir em todos os casos de pacientes SRAG hospitalizados a pesquisa de vírus Sincicial Respiratório. 

Mais mortes


Desde o início do ano, das 306 mortes por síndrome respiratória aguda grave em Minas, 70 tiveram associação com vírus respiratórios, a maioria por Influenza, 53, sendo 41 pelo tipo A H1N1, que em 2009 provocou uma epidemia mundial de gripe suína, e 17 associados a outros vírus respiratórios. Belo Horizonte é a cidade com o maior número de óbitos: a capital mineira já registra 12 casos fatais, todos por Influenza.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, BH registrou 71 casos de pessoas infectadas por Influenza neste ano. Do total, 61 contágios foram pelo tipo A H1N1, dois por H3N2, sete por tipo A não subtipável e um por Influenza B. “No que se refere a casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), até o momento foram notificados 1.288”, informou a saúde municipal. Depois da capital mineira, a cidade com o maior número de mortes é Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com cinco, seguida de Juiz de Fora, na Zona da Mata, com três.
 
Outras mortes foram registradas em Minduri (2), João Pinheiro (2), Além Paraíba (2), João Monlevade (2), Pedralva (2), Prata, Três Corações, São Francisco de Sales, Iturama, Campo Belo, Carmópolis de Minas, Sabará, Conselheiro Lafaiete, Timóteo, Frutal, Araçuaí, Santo Antônio do Aventureiro, Santa Rita de Jacutinga, Andrelândia, Itaúna, Governador Valadares, Carrancas, Cajuri, Córrego do Bom Jesus, Lagoa Santa, Bom Sucesso, Leopoldina e Mariana, estas com um caso cada.

Proteja-se


Os vírus respiratórios circulam durante todo o ano. Mas o inverno, quando as temperaturas caem e o tempo fica seco, é o período mais crítico, com um aumento significativo de doentes. “O tempo seco resseca as mucosas do nariz e da faringe, e com isso há maior facilidade de infecção por vírus e bactérias”, explica o coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Lifecenter, Carlos Starling, integrante da Sociedade Mineira de Infectologia.
 
O infectologista ressalta que a vacinação é a principal maneira de se prevenir e atenuar os sintomas provocados pelos vírus, e que a imunização é importante para todas as idades. “Tem que se vacinar, independentemente da época de campanha. O vírus circula durante o ano inteiro. Temos uma prevenção muito boa: além da vacina contra a gripe, temos a antipneumocócica, que evita complicações maiores com essas infecções. É a forma mais produtiva de que dispomos”, afirma.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

 
Contra alguns vírus, como o Sincicial Respiratório, não há vacinas disponíveis. Por isso, é importante que outros cuidados sejam adotados pela população. “Procurar evitar lugares fechados e se hidratar muito bem, pois no inverno as pessoas tomam menos água. Devem também se alimentar de forma correta, evitar o fumo, pois fumantes têm mais risco de complicações, e lavar as mãos. Quando a pessoa estiver gripada, é importante usar uma máscara quando for a um lugar com mais aglomeração, além de praticar a etiqueta para tossir e espirrar”, enumera Starling, referindo-se à prática de cobrir a boca com um lenço ou protegê-la com o braço flexionado em episódios de tosse ou espirro.


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