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Em tempo de epidemia da dengue, doenças contagiosas elevam pressão na saúde em Minas

Caxumba, H1N1, meningite e sarampo disparam alerta no estado. Superlotação aumenta risco de contágio e de confusão de sintomas e impõe ações da prefeitura e do governo do estado para reforçar unidades de saúde


postado em 29/04/2019 06:00 / atualizado em 29/04/2019 07:42

Na UPA Leste, o movimento intenso se repetiu ontem: autoridades alertam para perigo de confusão entre sintomas da dengue e do sarampo (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Na UPA Leste, o movimento intenso se repetiu ontem: autoridades alertam para perigo de confusão entre sintomas da dengue e do sarampo (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )

Em meio à epidemia de dengue, que pressiona os serviços de saúde e aumenta a demanda nas unidades de atendimento em Minas Gerais, casos de doenças contagiosas preocupam o estado. Junto da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti, há registros de caxumba, gripe – especialmente por H1N1–, meningite e sarampo, com risco até de contaminação durante a espera no sistema de saúde superlotado. O perigo também de subnotificação de algumas moléstias, como o sarampo, devido à similaridade de seus sintomas com os da dengue, liga o alerta das autoridades. Para acelerar o atendimento – e, com isso, reduzir o desconforto e a exposição de pacientes –, a Prefeitura de Belo Horizonte adotou medidas emergenciais, inclusive com centros especializados em dengue. Também o governo do estado reforçou seu atendimento.

Especialistas afirmam que o período do outono é propício para a disseminação de doenças virais. Ciente da situação, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) vem orientando os médicos e outros profissionais da área para o enfrentamento das situações de risco. Além disso, reforçou a divulgação da campanha de vacinação, com doses contra as moléstias que podem ser evitadas pela imunização. A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) abriu processo para contratação de pediatras e transformou uma enfermaria do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) para atender a alta demanda do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), única instituição pediátrica pública de Minas.



A situação mais grave é a da dengue. Minas Gerais passa por uma epidemia, que já atingiu 140,7 mil pessoas e matou 14. Ainda estão sendo investigados 57 óbitos. Entre as pessoas infectadas está o filho da dona de casa Viviane Medeiros, de 43 anos, um adolescente de 17. “Ele ficou muito ruim. Os primeiros sintomas foram febre alta, de 39 graus, dor no corpo e vômito. Acordei e o levei para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Hospital Municipal Odilon Behrens. Estava lotada, todo mundo com suspeita de dengue. Cheguei às 8h e fui embora apenas às 21h”, contou.

A lotação dos postos não é apenas por causa da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti. Outras doenças, como a síndrome respiratória aguda grave (Srag), também estão se espalhando. Uma preocupação nas unidades de saúde cheias é a de outros vírus se espalharem. A reportagem do Estado de Minas esteve na UPA Leste na última semana. Lá, dezenas de pessoas aguardavam por horas para serem atendidas. As queixas mais frequentes eram de febre alta, tosse e dor no corpo. Há quem precisou aguardar até sete horas para receber atendimento. Mas a maior preocupação é com as crianças. Já algum tipo de sintoma, elas ficam vulneráveis por horas em um lugar onde vírus e bactérias circulam no ar.

A diarista Deuslíria Santos, de 50, foi até a UPA Leste buscar a netinha de 10 dias. “Ela veio com a mãe. O irmão está com muita febre e dor de cabeça e não tinha com quem deixar a mais nova. Mas assim que eu sai do trabalho, vim buscá-la. Ficamos com medo, muita contaminação no ar”, contou a diarista. Já Jussana Cardoso, de 48, levou o enteado, de 6,  para a unidade de saúde. Mas logo após pegar a senha preferiu ficar do lado de fora da UPA. Enquanto brincava com o garoto ela dizia: “É um olho lá e outro aqui”. O garoto, que tossia muito, estava com suspeita de gripe e não houve alternativa a não ser levá-lo para a UPA mais próxima.

Deuslíria correu à UPA onde a filha foi se consultar para 'resgatar' a neta de 10 dias. 'Ficamos com medo, muita contaminação no ar'(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Deuslíria correu à UPA onde a filha foi se consultar para 'resgatar' a neta de 10 dias. 'Ficamos com medo, muita contaminação no ar' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)


Os sintomas semelhantes entre algumas doenças, como a dengue e o sarampo, podem ser um complicador para os diagnósticos. O sarampo é altamente contagioso.  Belo Horizonte pode confirmar os primeiros casos da virose na cidade. Exames complementares estão sendo feitos em três pacientes – dois de Belo Horizonte e também um de Contagem, na região metropolitana – que tiveram positividade para a doença apontada em teste preliminar.

Jussana Cardoso pegou senha e preferiu esperar a consulta do filho, gripado, do lado de fora e evitar o contato com outras doenças(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Jussana Cardoso pegou senha e preferiu esperar a consulta do filho, gripado, do lado de fora e evitar o contato com outras doenças (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)


O médico Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, informa que o período é propício para a infecção por vírus. “Sem dúvida, as doenças virais predominam nesta época de outono, principalmente as que envolvem o trato gastrointestinal, que em nosso meio ocorrem praticamente o ano todo”, disse o especialista. Segundo ele, neste ano, coincidiu de as doenças acontecerem ao mesmo tempo. “A coincidência é que os casos de infecção de gripe e dengue começaram mais cedo. Então, temos uma situação mais complexa, que é uma epidemia coincidindo com outra. Isso torna a vida nos centros de atendimento médico de urgência, tanto públicos quanto privados, extremamente complicada”, completou.

Flávia Gama da Silva, de 30 anos, gestora de recursos humanos já teve dengue e H1N1. Ela diz ter sofrido muito com a dengue e mais ainda com a gripe, contraída em 2017. “Não cheguei a ficar internada porque os hospitais estavam lotados. Fiz o tratamento em casa. Mas os sintomas são muito parecidos com os de outras doenças a não ser pela febre muito alta quase 40 graus, falta de apetite e o mal estar gigantesco. Perdi 9 quilos em um 1 mês. Naquele ano, eu não tinha tomado a vacina. Agora, a vacinação é um item primordial”, afirma.

O infectologista ressalta que doenças que estavam praticamente extintas estão voltando ao Brasil, principalmente por causa da baixa cobertura vacinal. “Baixa cobertura vacinal ano após ano aumenta o contingente populacional suscetível a doenças como o sarampo e a caxumba. No caso do sarampo, ainda temos uma particularidade por ter um surto em país vizinho, a Venezuela, e um grande fluxo migratório de lá para o Brasil. Já a caxumba, as pessoas devem tomar o reforço da dose”, disse. Ele recomenda que os moradores atualizem o cartão de vacinação.

Foi justamente por não tomar o reforço da vacina para caxumba que o videomaker Vinicius Portugal Duarte, de 26, contraiu a doença no fim de 2018. “Sempre achei que essa fosse uma doença de infância, que não atingia adultos.  Fiquei muito surpreso de saber que vírus ainda circula.”

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)


Medidas para reforçar a saúde


O aumento no atendimento nas unidades de saúde e a semelhança dos sintomas das doenças levaram o estado e municípios a tomar medidas imediatas para dar conta da demanda e fazer o diagnóstico correto. Em Belo Horizonte, a prefeitura teve que abrir centros exclusivos para o atendimento da dengue e postos aos sábados, pois a demanda nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) aumentou 40%. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) orientou os profissionais para o enfrentamento das situações de risco. A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) teve que fazer contratação de pediatras e transformou uma enfermaria do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) para atender a alta demanda do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), única instituição pediátrica pública de Minas Gerais.

O aumento dos casos de síndrome respiratória e de dengue pressionou o Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), antigo CGP. “Tivemos um aumento gigantesco no atendimento, de 700% devido à dengue, e uma alta repentina de 100% devido às doenças respiratórias. Então, estamos com muita criança em estado grave”, explicou Marcelo Lopes Ribeiro, diretor assistencial da Rede Fhemig. Por causa da situação, medidas foram tomadas pela fundação. “Estamos transformando uma enfermaria no Hospital João XXIII em CTI”, afirmou.

Outra medida foi a contratação de mais profissionais da saúde. “Por meio de portaria, publicada em 23 de abril pela Fhemig, estamos autorizando os médicos e profissionais da assistência como um todo, a atuarem de forma mais intensa, com o reforço de remuneração. Além disso, a contratação de pediatras para as unidades que não estão atendendo de forma suficiente, principalmente, considerando este quadro do momento”, explicou Vânia Cunha, presidente da Fhemig. Devem ser contratados mais 25 pediatras.

A SES afirmou que também vem fazendo ações devido ao registros de casos de dengue e de outras doenças no estado. “Em relação às doenças que são preveníveis por vacinação, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reitera que a principal e mais eficiente forma de prevenção é por meio da vacinação básica e oportuna da população. Em relação aos profissionais de saúde, a SES tem feito a divulgação de informações aos gestores de saúde dos territórios para que estes possam organizar suas equipes de saúde e serviços para o atendimento de doentes e enfrentamento das situações de risco”, explicou a pasta por meio de nota.

Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) começou a abrir centros de saúde aos sábados, criou leitos em hospitais e inaugurou uma unidade especial de hidratação. Além disso, anunciou a implantação de centros de atendimento exclusivos para a dengue. O primeiro deles foi inaugurado no sábado, na Região do Barreiro, e fez 180 atendimentos na estreia, encaminhando sete pacientes mais graves para UPA. A expectativa da prefeitura é abrir outras duas unidades do mesmo tipo ainda esta semana nas regiões de Venda Nova e Nordeste, mas para isso precisa concluir a contratação de médicos.


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