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Estado de Minas

Bênção e missa de ramos abrem a semana santa, que tem novidades na programação

Neste ano, período da Paixão de Cristo recupera solenidades 'esquecidas' no tempo na capital e no interior do estado. Confira a calendário de celebrações


postado em 13/04/2019 06:00 / atualizado em 13/04/2019 08:15

Centenas de religiosos participaram ontem da Celebração Penitencial do Clero, na Serra da Piedade(foto: Raphael Calixto/Arquidiocese de BH/Divulgação)
Centenas de religiosos participaram ontem da Celebração Penitencial do Clero, na Serra da Piedade (foto: Raphael Calixto/Arquidiocese de BH/Divulgação)

Ritos que atravessam o tempo, destacam a espiritualidade do povo mineiro e valorizam a cultura popular. As solenidades da semana santa começam hoje, com a benção e missa de ramos, e, mesmo recheado de tradições centenárias, o período da Paixão de Cristo traz novidades, este ano, para moradores e visitantes da capital e do interior do estado. Determinada a fazer da cidade uma referência religiosa, a Arquidiocese de Belo Horizonte preparou uma programação (ver o quadro) com o nome de Caminho da fé e da cultura, que inclui uma série de eventos nas igrejas, templos, praças e ruas. Na noite de ontem, em Santa Luzia, na Grande BH, os fiéis acompanharam a procissão da Encomendação das Almas, que saiu do Santuário da Matriz, na Rua Direita, em direção ao Cemitério do Carmo, logo após o último dia do Setenário das Dores. Também Ouro Preto, na Região Central, recupera em 2019 um cortejo com mais de século, a procissão do Fogaréu.

Na manhã de ontem, no topo da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH, em encontro presidido pelo arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, centenas de religiosos, entre bispos, padres e diáconos, participaram da tradicional Celebração Penitencial do Clero, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. Como ocorre sempre na sexta-feira que antecede as cerimônias da Paixão de Cristo, representantes de 277 paróquias de 28 cidades se confessaram em duplas ao ar livre – um ouvindo o outro e vice-versa, num gesto de humildade, reconhecimento dos pecados e das limitações.

“É uma tradição com mais de 50 anos na quase centenária Arquidiocese de Belo Horizonte. Mas, muito mais do que isso, é um momento para atender à necessidade de cada um de nós, filhos e filhas de Deus, também pecadores. Precisamos da graça de Deus para nos reconciliar com Ele. E, reconciliados com o Pai, podemos ajudar cada pessoa a buscar essa reconciliação”, disse o arcebispo. Ele lembrou ainda que somente pela graça divina é possível combater a violência, ajudar os mais pobres e acreditar na força da justiça. Durante a peregrinação à Serra da Piedade, os religiosos se dividem em duplas para se confessar uns com os outros.

ALMAS O domingo de ramos marca a abertura da semana santa na Igreja em todo o mundo recordando a narração bíblica em que Jesus é acolhido por uma multidão em Jerusalém, acenando para o Messias com ramos de palmeira. “Começa, assim, conforme as Sagradas Escrituras, o caminho que leva à Paixão, morte e ressurreição de Jesus”. Dom Walmor vai celebrar, às 8h, na Serra da Piedade, e, à tarde (às 17h), no canteiro de obras da Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, na Região Norte. A procissão com as palmas será realizada no interior do terreno.

Presidindo as cerimônias do Setenário das Dores, com cânticos e ladainha em latim para “meditar” sobre as sete dores de Nossa Senhora, o titular da Paróquia Santa Luzia, em Santa Luzia, padre Felipe Lemos, explicou que a Encomendação das Almas remonta ao período colonial em Minas e veio de Portugal com os colonizadores. “Muitas cidades vizinhas recuperaram o cortejo, como Caeté, e algumas localidades, a exemplo de Morro Vermelho, nunca o deixaram de lado. Aqui, temos a tradição oral: com velas acesas e rezando o ofício dos mortos, os fiéis seguem uma cruz preta, coberta pelo característico tecido roxo, até o cemitério.”

“Muita gente me procurou dizendo que estava com medo de acompanhar uma procissão até o cemitério, e respondi que não devemos ter medo dos mortos, mas sim dos vivos”, brincou padre Felipe, ontem, ao fim do Setenário. Ele adiantou que no domingo de ramos, a partir das 19h30, estará de volta o Ofício de Trevas. Outra novidade está na Caminhada Penitencial, na sexta-feira da Paixão, com início às 5h, sendo levada a imagem de Nossa Senhora das Dores no andor. “Esperamos que as pessoas gostem e possamos manter vivas essas tradições tão antigas e belas”, afirmou padre Felipe.

DEFESA DA SERRA A programação do domingo de ramos terá novidades na capital. Pela manhã, às 9h, sairão procissões da Basílica de Lourdes e do Santuário Nossa Senhora da Boa Viagem em direção à Igreja São José, no Centro, na qual será celebrada missa às 10h, presidida pelo bispo auxiliar dom Geovane Luís da Silva.

Também pela manhã, as paróquias de Caeté (Nossa Senhora do Bom Sucesso, São João Paulo II e São Francisco de Assis) fazem procissão até o ginásio poliesportivo da cidade (Avenida Carlos Cruz, s/n, Bairro José Brandão). De acordo com a Arquidiocese de BH, “o momento será também um ato em defesa da Serra da Piedade, ameaçada pela mineração, e se inspira na Campanha da Fraternidade 2019, que tem como tema Fraternidade e políticas públicas.

A semana santa, segundo os especialistas do clero, é o período no qual os fiéis recordam a Paixão, morte e ressurreição de Jesus. No domingo de ramos, os fiéis participam de procissões e missas levando alecrim, manjericão, rosmaninho e folhas de palmeira, fazendo “referência à narração bíblica em que Jesus, após ressuscitar Lázaro, foi recebido, de modo triunfante, por grande multidão em Jerusalém. As pessoas saudaram Jesus com ramos de palmeiras, enquanto gritavam: ‘Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor’.” Um destaque sempre importante está na via-sacra, com encenação da Paixão de Cristo, na subida da Serra da Piedade, na sexta-feira (dia 19), às 7h.

FOGARÉU Em Ouro Preto, na Região Central, voltará ao cenário barroco uma procissão dos tempos coloniais da qual não há registro há um século, de acordo com pesquisas da Igreja. Além do cortejo denominado procissão do Fogaréu (dia 18), há mais novidades na programação que, este ano, está a cargo do Santuário Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. Na terça-feira (16), a imagem de Nossa Senhora das Dores vai parar em cada um dos passos da Paixão ao som de motetos (cânticos em latim), o que também não ocorria havia décadas. O reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição e titular da paróquia, cônego Luiz Carlos César Ferreira Carneiro, conta que está sendo feito um resgate histórico, “reavivando os momentos do sofrimento de Cristo”.

Com saída da Igreja São Francisco de Assis, às 23h, após a cerimônia de lava-pés, a procissão do Fogaréu seguirá em direção à Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (Mercês de Baixo), de onde sairá a imagem de Jesus Flagelado rumo à Igreja Nossa Senhora das Dores. “Não sabemos por que a tradição do século 18 foi interrompida, mas retomá-la é importante. Ressaltando que, em Minas, a liturgia difere do caráter devocional, cônego Luiz Carlos explica que o cortejo recorda o momento da prisão de Cristo. Com túnicas e capuz, o grupo que sairá da Igreja São Francisco de Assis vai carregar tochas durante toda a procissão.

 

CALENDÁRIO DE CELEBRAÇÕES

Santa Luzia, na Grande BH
Domingo de ramos

» 19h30 – Ofício de trevas, no Santuário Santa Luzia

Ouro Preto, na Região Central
Terça-feira (dia 16)

» 19h – Missa na Basílica Nossa Senhora do Pilar, seguindo-se a procissão da Soledade, com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Resgatando uma antiga tradição, a imagem vai parar nos passos da Paixão de Cristo.

Quinta-feira (dia 18)
» 23h – Procissão do Fogaréu, com saída da Igreja São Francisco de Assis, após a cerimônia de lava-pés, em direção à Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (Mercês de Baixo)

Belo Horizonte
Domingo de ramos
» 9h – Procissões vão sair da Basílica de Lourdes e do Santuário Nossa Senhora da Boa Viagem, em direção à Igreja São José, no Centro, na qual será celebrada missa às 10h presidida pelo bispo auxiliar dom Geovane Luís da Silva. A programação completa da semana santa na Arquidiocese de Belo Horizonte está no site arquidiocesebh.org.br

Quinta-feira (dia 18)
» 17h – Missa cantada em gregoriano, com rito do lava-pés pelas monjas beneditinas, no Mosteiro Nossa Senhora das Graças (Rua do Mosteiro, 138, Bairro Vila Paris, Região Centro-Sul)

Sexta-feira (dia 19)
» 18h – Via-sacra na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, com o canto da Verônica e procissão acompanhada de banda musical até a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, onde haverá o sermão da Paixão do Senhor
» 19h – Encenação da Paixão do Senhor, na praça do Santuário São Paulo da Cruz (Praça Domingos Gatti, s/nº, Barreiro)

Caeté, na Grande BH
Sexta-feira (dia 19), às 7h

» Via-sacra com encenação da Paixão de Cristo, subindo a Serra da Piedade, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade


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