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Estado de Minas

Prisão de falso médium alerta para aumento da ação de golpistas em BH

Ele usava truques e se propunha a purificar valores "amaldiçoados". Apenas de uma aposentada em Belo Horizonte ele tirou R$ 284 mil


postado em 28/12/2018 06:00 / atualizado em 28/12/2018 07:57

O estelionatário Djalma da Silva já tinha mandado de prisão em aberto e foi detido em flagrante pelo mesmo crime(foto: Guilherme Paranaiba/EM/DA Press)
O estelionatário Djalma da Silva já tinha mandado de prisão em aberto e foi detido em flagrante pelo mesmo crime (foto: Guilherme Paranaiba/EM/DA Press)


A prisão em Belo Horizonte de um falso médium que usava truques de mágica e prometia tratamento espiritual para purificar dinheiro amaldiçoado liga o alerta para o crescimento de um crime silencioso na capital mineira e em toda Minas Gerais. Djalma Alves da Silva, de 55 anos, já tinha mandado de prisão em aberto por estelionato e foi preso em flagrante pelo mesmo crime ao aplicar um golpe que tirou R$ 284 mil de uma professora aposentada de BH, de 71. Um total de R$ 250 mil foi recuperado pelos policiais do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública mostram que o estelionato, tipo de delito descrito no artigo 171 do Código Penal, cresceu 3,43% em Belo Horizonte de janeiro a outubro deste ano quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas a escalada dessa conduta é ainda maior quando analisados os últimos três anos tanto em BH quanto em Minas (veja quadro). Em BH o ano de 2015 foi concluído com 8.292 registros, enquanto o ano passado terminou com 9.471 casos (alta de 14,21%). A Polícia Civil orienta as pessoas a desconfiarem principalmente de pedidos de dinheiro e de informações bancárias, além de procurarem informações sobre pessoas ou empresas que oferecerem algum tipo de serviço mediante pagamento.

O estelionato é definido pela legislação brasileira como a obtenção de vantagem ilícita causando um prejuízo alheio, com a indução da pessoa a um erro usando algum meio fraudulento. No popular, estelionatários são conhecidos como “171”, em alusão ao artigo que traz a punição para esse crime. O Código Penal do Brasil, de 1940, prevê reclusão de um a cinco anos para quem praticar essa conduta, que dobra se a vítima for idosa. No caso revelado ontem pelas autoridades, o estelionatário preso pelo DHPP contou com a ajuda de uma comparsa ainda não identificada para atrair uma professora aposentada de BH. De acordo com o delegado Sérgio Belizário, essa mulher se apresentou como funcionária de uma rede de drogarias da capital, o que era mentira. Na aproximação com a vítima, ela conseguiu obter informações pessoais da idosa, que revelou problemas de saúde na família, como uma doença degenerativa de seu marido, um ex-funcionário aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

A partir daí a mulher levou a vítima ao falso médium, que atendia em uma sala alugada no Edifício Clemente Faria, na Avenida Afonso Pena, em plena Praça Sete, e prometeu um tratamento espiritual para purificar e retirar a maldição do dinheiro, sob o argumento que esse era o problema que causava sofrimento na família. Um dos truques usados pelo estelionatário para impressionar a vítima foi mergulhar uma folha de papel na água e retirar com o aparecimento da imagem de um caixão, mediante conhecimentos de química que o criminoso possui. Ele tem, inclusive, uma carteira da Associação de Mágicos do Estado de São Paulo. Outro truque usado pelo investigado teve relação com frutas, segundo a Polícia Civil. Ele pediu que a mulher levasse algumas frutas em um dos encontros e ao descascar um mamão inseriu objetos como um pedaço de uma nota de R$ 50, que indicaria a necessidade de purificação do dinheiro. “Ele utiliza desses conhecimentos que têm para ludibriar e enganar essas pessoas”, afirma o delegado Sérgio Belizário. O preso também conquistou mais confiança da vítima ao mostrar imagens falsas dele com personalidades religiosas, que eram montagens grosseiras, e também levar a professora até instituições de caridade, que ele dizia que receberiam os valores, mas que são idôneas e não são investigadas.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


SAQUES EM SÉRIE Durante uma semana, a idosa fez vários saques no banco, entregando uma quantia de R$ 284 mil ao falsário, o que levantou suspeitas do gerente do banco, que acionou a família. Um dos saques foi de R$ 49 mil e o falsário sempre dizia para a mulher alegar que se tratava de uma obra que ela faria em casa. A própria vítima também desconfiou e a polícia foi acionada, conseguindo prender Djalma em flagrante quando ele se preparava para abandonar a sala no Centro de BH e fugir. Na casa dele, que fica no Bairro Castelo, Região da Pampulha, os investigadores do DHPP encontraram uma maleta trancada, que foi aberta na delegacia e continha R$ 250 mil. O valor foi restituído à vítima. O Auto de Prisão em Flagrante (APF) será encaminhado para o Departamento Estadual de Investigação de Fraudes da Polícia Civil, que tem competência para apurar esse crime. O órgão, inclusive, já investiga Djalma e conseguiu junto à Justiça um mandado de prisão, que estava em aberto para um crime de estelionato de 2016, e por isso o falsário era considerado foragido.

Segundo o delegado Sérgio Belizário, foi esse mandado de prisão que garantiu a manutenção do preso na cadeia, pois depois do flagrante da semana passada, a Justiça liberou Djalma durante audiência de custódia. Além de ser flagrado por estelionato, ele também foi preso por uso de documento falso e corrupção ativa, já que ofereceu R$ 20 mil de suborno aos policiais para ser liberado. Conforme a polícia, Djalma assumiu que é estelionatário, mas disse que subtraiu uma quantia menor da professora idosa. Os policiais acreditam que ele engana as pessoas há mais de 20 anos, mas já levantaram informações que indicam crimes em BH desde 2012. 


OUTROS CASOS
Investigações do Departamento de Fraudes identificaram duas outras vítimas do mesmo estelionatário: uma senhora de 84, que teve R$ 324 mil de prejuízo em 2013 e uma vítima de 79 , que teve prejuízo de R$ 39 mil em 2016. Segundo o departamento, o suspeito se apresentava também como “Mestre Silva”. O perfil das vítimas é variado, mas pessoas idosas são o alvo mais comum.

“As pessoas devem ter cuidado redobrado. Procurar informações sobre aquele local, sobre aquela pessoa. Se começar a pedir quantias em dinheiro, já desconfiar. Se começar a pedir dados referentes a contas bancárias sempre desconfiar e em caso de dúvida procurar a polícia”, acrescenta o delegado. Quem tiver sofrido algum golpe do mesmo estelionatário pode procurar o Departamento de Fraudes, pelo telefone 3217-9742 ou presencialmente na Avenida Francisco Sales, 780, no Bairro Floresta, Leste de BH.


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