(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Entenda como será a obra para acabar com as enchentes na Avenida Vilarinho

Estruturas subterrâneas com capacidade para sugar 305m³/s de água são a aposta da PBH para impedir alagamentos na avenida. Obras custarão R$ 300 mi e serão licitadas até abril


postado em 20/12/2018 06:00 / atualizado em 20/12/2018 08:40

Trecho a céu aberto do Córrego Vilarinho: intervenções para evitar alagamentos na região do manancial deverão ser concluídas no último trimestre de 2020 (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 21/11/18)
Trecho a céu aberto do Córrego Vilarinho: intervenções para evitar alagamentos na região do manancial deverão ser concluídas no último trimestre de 2020 (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 21/11/18)

Dois túneis capazes de sugar 305m³/s de águas de chuvas acima da capacidade das galerias de drenagem subterrâneas da Avenida Vilarinho e da Rua Álvaro Camargos são a aposta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para dar fim aos prejuízos e mortes que a Região de Venda Nova sofre historicamente com as chuvas. O volume de líquido a ser captado representa três vezes a vazão atual da Usina Hidrelétrica de Três Marias, atualmente em 99 m³/s. Toda essa água será desviada para o Córrego da Floresta, que passará por ampliação em 437 metros de seu curso pelo Bairro Juliana, até desaguar novamente no Córrego Isidoro, destino final do Córrego Vilarinho. Estruturas também serão abertas em praças, rotatórias e canteiros sobre as galerias para ajudar a captar a água da chuva na superfície. A solução foi desenvolvida e apresentada à PBH pela Engesolo Engenharia, que trabalha com a administração municipal em obras nas regiões da Pampulha e da Cachoeirinha. A estimativa é de que o custo seja de cerca de R$ 300 milhões, com a licitação ocorrendo entre março e abril e as obras durando um ano e meio, com término previsto por volta de outubro de 2020.
Com essas intervenções subterrâneas, a expectativa é poupar a área mais crítica para alagamentos, que é o trecho da Avenida Vilarinho e da Rua Álvaro Camargos nos 1.500 metros entre a Rua Bernardo Ferreira da Cruz e a Avenida Cristiano Machado, um segmento com 16 acessos viários que passa sob o viaduto da Avenida Dom Pedro I e ao largo do Shopping Estação BH. Foi justamente nesse local onde morreram afogadas uma adolescente, uma mulher e sua filha, o estopim para que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) anunciasse uma força-tarefa para a resolução do problema. “Com essas intervenções, poderemos resistir a uma chuva muito forte de recorrência de 100 anos. Se a Vilarinho voltar a alagar, não será nem notícia, porque vai apenas molhar a sola dos sapatos”, afirma Kalil. O prefeito destacou, ainda, que outra vantagem do projeto será não precisar de desapropriações e contar com obras subterrâneas, com baixo impacto no trânsito da região.

DESVIOS O primeiro duto para desviar o fluxo da galeria da Vilarinho, chamado “Túnel 1”, terá 806 metros e vai passar seguindo o traçado da Rua Geraldo Alexandre Ferreira, sob a Avenida Cristiano Machado, em frente ao Hospital Risoleta Neves, debaixo de um conjunto habitacional do Bairro Juliana e desembocando no Córrego da Floresta. Esse desvio terá 5 metros de altura, por 5 metros de largura, sendo capaz de transportar 160m³/s. O outro duto, denominado “Túnel 2”, tem 98,20 metros de comprimento, desviando parte do Córrego Vilarinho na altura da Rua Maçon Ribeiro e seguindo sob essa via, a Avenida Dom Pedro I e a Rua das Gabirobas, entre a Faculdade Faminas, o Hospital Risoleta Neves e a Catedral Cristo Rei, também desembocando no Córrego da Floresta, com as mesmas dimensões, mas transportando apenas 145m³/s. Esse manancial de recebimento precisará de tratamento nas margens para ter uma largura de 32 metros, feita com gaiolas de redes metálicas preenchidas com pedras, chamadas de gabiões, ao longo de 437 metros.


Um duto menor, chamado de “Minitúnel”, levará parte da água excedente da confluência subterrânea dos córregos Vilarinho e Isidoro, por 220 metros de comprimento, numa galeria menor, de 2,20 por 2,60 metros. Para ajudar a dispersar as águas que se acumulam na superfície durante as chuvas, será necessário abrir 2.430 metros quadrados de estruturas de captação de águas em praças, rotatórias e canteiros centrais. Também serão feitas aberturas nas drenagens subterrâneas, chamadas estruturas de engolimento de água. O projeto indica pelo menos cinco aberturas na galeria do Ribeirão Isidoro (1.080m²) e outras duas na galeria do Córrego Vilarinho (609m²). “A microdrenagem – estruturas que recebem as águas das chuvas e que as deveriam transferir para as galerias, como bocas de lobo, grelhas e bueiros – estavam saturadas, sem conseguir dar vazão à água e por isso a necessidade de aberturas”, disse o engenheiro coordenador de projetos da Engesol, Mário Castro.

Para se ter uma ideia do gargalo que as drenagens com mais de 30 anos representam, a galeria da Avenida Vilarinho tem capacidade para 55m³/s, mas chegava a receber 210m³/s. A que corre sob a Rua Álvaro Camargos foi projetada para comportar 50m³/s. Contudo, registrou até 330m³/s. Uma forma de controlar o déficit desse sistema, que poderá chegar a 50 m³/s, será o amortecimento de águas em reservatórios de detenção de cheias nos afluentes. Um deles, o Córrego Lareira, terá bacia com capacidade de 36 milhões de litros. O Córrego do Marimbondo, afluente do Nado, receberá tratamento de fundo.

De acordo com o prefeito Alexandre Kalil, o projeto final e as obras emergenciais serão realizados em Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), modalidade em que a proposta mais barata se torna a vencedora. “A expectativa é de que se leve um ano e meio, mas a obra precisa de três coisas: recurso, projeto e cadastramento subterrâneo correto. Pode ser que encontremos estruturas enterradas em locais inesperados, como cabeamentos da Cemig ou de telefônicas. Mas já com o início das obras a situação da Vilarinho vai ser amenizada”, disse o prefeito. O secretário municipal da Fazenda, Fuad Noman Filho, disse que os recursos estarão garantidos para a obra. “A prefeitura tem parte dos recursos necessários para dar início às obras. Na primeira quinzena de janeiro, vamos nos reunir com duas instituições financeiras internacionais para conseguir financiamentos. Mas esse processo precisará contar também com os vereadores e com o governo federal”, disse o secretário.

Convênio de R$ 10 mi

Para dar continuidade às ações de prevenção a enchentes na capital, a Prefeitura de Horizonte firmou contrato de financiamento no valor de R$ 10 milhões com Caixa Econômica Federal, por meio do Programa Saneamento Para Todos/Avançar, do Ministério das Cidades. O contrato prevê liberação de R$ 9,5 milhões de recursos federais e R$ 500 mil de contrapartida do município. Os recursos serão utilizados para elaboração de estudos e projetos de saneamento ambiental integrados para redução de riscos de inundação nas seguintes áreas: Córrego Cercadinho (Oeste), Córrego Barreiro (Barreiro), Córrego Leitão (bairros Santo Antônio, Cidade Jardim e Lourdes, na região Centro-Sul), Córrego dos Pintos (Avenida Francisco Sá, na região Oeste), Conjunto Lagoa (Bairro Santa Terezinha, na Região da Pampulha) e Rua Antônio Henrique Alves (no Bairro Caiçara, na Região Noroeste). Os estudos serão iniciados em 2019.

ENTENDA O CASO

Devastação na Avenida Vilarinho e reação da PBH

1973
» Canalizações dos córregos da região de Venda Nova são iniciadas, entre elas, a do Vilarinho

15 de novembro de 2018
» Uma forte chuva de mais de 97 milímetros em 30 minutos, o equivalente a 40% do previsto para o mês, alaga diversos trechos da Avenida Vilarinho, disparando 32 chamadas de auxílio para a Defesa Civil. Três pessoas morreram afogadas nas áreas de inundação do Córrego Vilarinho, que corre embaixo da avenida de mesmo nome. Perto do viaduto da Avenida Dom Pedro I, morreram abraçadas dentro do carro Cristina Pereira Matos, de 40 anos, e a filha dela, Sofia Pereira, de 6. A estudante Anna Luísa Fernandes de Paiva, de 16, morreu perto dali, ao cair em um bueiro que teve a tampa arrancada pela força da água, na Rua Doutor Álvaro Camargos. Ela afundou ao deixar o carro em que estava com o namorado. Seu corpo foi encontrado a cerca de sete quilômetros de distância

16 de novembro de 2018
» Prefeito Alexandre Kalil (PHS) assume a responsabilidade pela falta de intervenções em dois anos de governo, anuncia a formação de um força-tarefa e obras emergenciais com verbas já destinadas

19 de novembro de 2019
» Defesa Civil informou que não teria condições de isolar o tráfego na Avenida Vilarinho e que estuda colocar sirenes e placas para avisar a motoristas sobre enchentes

20 de novembro de 2018
» Emitido decreto de situação de emergência e que instituiu um grupo de trabalho da PBH sobre o tema. É estipulado prazo de 30 dias para que soluções sejam apresentadas para a situação da Avenida Vilarinho

 enquanto isso...

...suspense sobre passagens

O prefeito Alexandre Kalil voltou a falar ontem sobre a auditoria das contas das empresas de ônibus da capital, que deve ser anunciada ainda nesta semana. A abertura da “caixa-preta” da BHTrans foi uma das promessas de campanha do prefeito. Durante entrevista coletiva após a apresentação das obras para contenção de enchentes na Avenida Vilarinho, Kalil foi questionado sobre a ausência de cobradores em grande parte das linhas da capital. “O que a gente pode fazer – a BHTrans – é multar (as empresas), não podemos botar um cobrador dentro dos ônibus. Agora, quando a caixa-preta sair, e será algo surpreendente e em uma audiência pública, aí as coisas vão ser diferentes”, afirmou. As 8.726 multas aplicadas neste ano pelos ônibus circulando sem cobrador fora do horário permitido são aproximadamente 41 vezes mais do que as 210 computadas nos 12 meses de 2017 pelo mesmo motivo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)