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Estado de Minas

Operário soterrado em obra de BH avisou sobre riscos, dizem colegas

Segundo funcionários que estavam no terreno no momento do incidente, o homem reclamou da operação de uma escavadeira que funcionava enquanto ele estava dentro do buraco


postado em 05/12/2018 18:12 / atualizado em 06/12/2018 08:51

Militares conseguiram chegar no corpo do trabalhador depois de seis horas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Militares conseguiram chegar no corpo do trabalhador depois de seis horas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

O operário Cleiton Pereira, de 37 anos, que morreu ao ser soterrado em uma obra no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, avisou sobre o perigo antes de perder a vida. Isso porque uma escavadeira estava em ação no momento em que Cleiton estava dentro do buraco, fazendo uma fundação de 12 metros de profundidade, segundo relato de colegas de trabalho. Ele trabalhava como tubuleiro na obra da construtora Terrazas, na rua Piauí, entre Aimorés e Timbiras. A obra foi interditada pela Defesa Civil. 

Ver galeria . 11 Fotos Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press )

"A escavadeira estava transitando e não deveria, porque estávamos dentro do buraco. Ela esbarrou na máquina de tirar terra e Cleiton saiu e reclamou. Pediu para não deixar passar a escavadeira para a terra não cair sobre a gente. Quinze minutos depois, a terra cedeu", relatou o operário Paulo Roberto Marques dos Santos, de 26, que estava ao lado de Cleiton no momento do acidente, em seu primeiro dia de trabalho.

Para ele, faltou atenção dos engenheiros responsáveis pela obra. "Faltou bom senso dos responsáveis. O engenheiro devia ter subido para não deixar a máquina transitando", disse. Os colegas relataram ainda que antes de morrer, o operário sentiu que morreria e gritou. "É muito triste. É um colega nosso, um pai de família”. Funcionários relataram que Cleiton usava capacete, cinto de travamento, luva e protetor auricular, que sem isso os superiores não deixam trabalhar.


Depois da divulgação da morte do operário, funcionários ficaram consternados no lado de fora da obra. Eles reclamam que se os bombeiros os tivessem deixado tirar a terra, acreditam que o colega não teria morrido. Uma irmã da vítima chegou ao local pouco tempo depois. Ela informou que ficou sabendo do incidente com o parente por meio da televisão. Segundo ela, o trabalhador tem quatro filhos e a mulher dele está grávida do quinto.

Depois de seis horas de trabalho, equipes do Corpo de Bombeiros encontraram o corpo do operário. Por volta das 16h20, os militares chegaram até o braço do homem. A previsão é que o corpo seja retirado ainda na noite desta quarta-feira.

Depois de uma análise de técnicos, o local foi interditado. Por meio de nota, a Defesa Civil informou que medidas terão que ser tomadas pela empresa no terreno. “A Defesa Civil interditou a obra e notificou os responsáveis a elaborar e apresentar laudo de estabilidade e plano de ação para continuidade da obra. As causas do acidente serão definidas pela perícia da Polícia Civil”, informou no documento.

 


O soterramento


O incidente aconteceu no fim da manhã desta quarta-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, a vítima, que seria um trabalhador da obra, foi atingida por uma quantidade de terra que deslizou, deixando o operário soterrado em um buraco aberto para a construção de um muro que fará a contenção do terreno vizinho. As causas ainda estão sendo apuradas.

Os militares utilizam várias técnicas para realizar o salvamento. Entre elas, o rapel. “Como se trata de um local abaixo do nível do solo, se trabalha com segurança, então, para os bombeiros acessar a vítima, eles precisam descer com a técnica do rapel. Isso evita um novo acidente”, disse o tenente. As causas do incidente ainda serão apuradas. “Quando os bombeiros chegaram ao local, trabalhamos com as nossas escoras. Ainda não foi possível visualizar se existe ou não segurança. Essa informação só poderá ser confirmada com o trabalho da perícia”, completou o tenente.


A Defesa Civil de Belo Horizonte também acompanhou os trabalhos. Uma análise inicial do órgão municipal indicou que a norma de segurança não foi totalmente seguida. “Existe a norma, e é preciso ter um bolsão. A princípio não teria o bolsão. Quando faz um tubulão, tenho que ter uma bolsa que vai dar o suporte para eu entrar e ter acesso a essa fundura. Pois, se algo cair, estou protegido com o bolsão”, contou Marcus Vinícius Vittório, da Defesa Civil. 

Por meio de nota, a Construtora Terrazzas lamentou o incidente com o operário. “Ao longo dos últimos 15 anos, nos transformamos em uma das referências em segurança do trabalho no setor da Construção Civil, através de um rigoroso controle da utilização correta de todos os equipamentos de proteção e adoção de práticas e iniciativas inovadoras. Infelizmente o risco é inerente à nossa atividade e estamos muito consternados com o acontecido, nossa equipe já está prestando todas as informações às autoridades competentes, para a rápida apuração do caso”. “E, por fim, reafirmamos o nosso compromisso em prestar todo o amparo necessário à família da vítima neste momento tão difícil. A empresa está em luto e agradecemos a todas as manifestações de solidariedade que recebemos”, finalizou.


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