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Estado de Minas

Prefeito Alexandre Kalil descarta reajuste escalonado para professores das Umeis

Na próxima quarta-feira, a PBH apresentará a proposta de aumento aos professores da educação infantil e definição sairá na quinta


postado em 26/04/2018 06:00 / atualizado em 26/04/2018 08:03

Professores querem equiparação salarial com a carreira dos educadores do ensino fundamental (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Professores querem equiparação salarial com a carreira dos educadores do ensino fundamental (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

Ficou para a semana que vem a decisão sobre o futuro da greve das professoras da educação infantil da rede municipal de ensino. Na quarta-feira, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentará a representantes da categoria proposta de aumento. Na quinta, os educadores fazem nova assembleia para decidir se aceitam ou não. Em reunião de negociação ontem com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) antecipou que está descartado o reajuste escalonado. A categoria reivindica equiparação com a carreira dos docentes do ensino fundamental. Cerca de 1 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, ocuparam três das quatro faixas da Avenida Afonso Pena no sentido Centro-Mangabeiras, em frente ao prédio da administração municipal. O movimento, que se encerrou na Praça Sete no início da noite, foi acompanhado pelos militares e Guarda Municipal. Não houve confrontos.

“Vamos apresentar uma proposta dentro da realidade e os números da educação infantil e fundamental”, disse o prefeito. Até quinta-feira da semana que vem, está mantida a paralisação. “Os acontecimentos afloraram os ânimos. Não há condições psicológicas de retomar as aulas agora”, acrescentou, se referindo à repressão às professoras ocorrida na segunda-feira, quando a Polícia Militar jogou bombas de efeito moral e jatos de água para dispersar manifestantes que haviam fechado a Avenida Afonso Pena. A proposta será conduzida pelas secretarias Municipal de Planejamento e de Educação. Enquanto as negociações correm, está suspensa na Câmara Municipal a tramitação do Projeto de Lei 442/2017. Entre as previsões do texto está o reajuste de 15% na folha salarial dos educadores infantis que têm curso superior, o que no quadro da prefeitura abrange 70% desses professores.

De acordo com os professores das Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis), a proposta faz com que o salário saia do nível 1 (ingressantes na rede) para o 3. Profissionais em início de carreira recebem hoje, bruto, R$ 1.451,93. Eles querem chegar ao nível 10 – relativo aos vencimentos dos docentes do ensino fundamental (salário líquido de R$ 2,8 mil para o professor formado em curso superior). “Temos uma perda considerável na carreira. Fazemos serviço de excelência e precisamos de valorização à altura”, diz a professora e membro da diretoria do Sind-Rede, Evângela Maria Oliveira Rodrigues.

Docentes vestidos de preto ocuparam parte da Avenida Afonso Pena, em frente à administração municipal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Docentes vestidos de preto ocuparam parte da Avenida Afonso Pena, em frente à administração municipal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


REMUNERAÇÃO MÉDIA
Na reunião, os sindicalistas pediram ainda explicações ao prefeito sobre os valores que ele anunciou como sendo os salários dos professores da rede municipal – remuneração média de R$ 3.409,05 para o ensino infantil e de R$ 7.522,39 para o fundamental. Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura explicou que os cálculos foram feitos com base na dupla jornada – docentes que trabalham em dois turnos. “Nosso trabalho não são apenas as quatro horas em sala de aula. Temos momentos de estudo e de planejamento que ultrapassam esse horário. Queremos ser contemplados em nosso turno de trabalho. Não podemos pensar a educação em dois ou três horários, pois isso não significa qualidade do ensino, mas sim, o adoecimento do professor”, rebateu Evângela.

Na porta da prefeitura, os manifestantes também cobraram explicações. “Gostaria de saber onde estão os meus R$ 3 mil”, disse uma professora de uma Umei da Região de Venda Nova, que pediu anonimato, mostrando o contracheque com um valor líquido aproximado de R$ 2,7 mil. Ela trabalha em dois turnos e, por isso, tem dois salários: o mínimo pago a quem está entrando na rede (bruto de R$ 1.451,93) e outro do chamado nível 2, para quem tem três anos de prefeitura e já saiu do período probatório (R$ 1.524,52). “Muitas professoras ganham só os R$ 1,4 mil, que sofre ainda o desconto do vale-transporte e plano de saúde. Se for a mulher e dois filhos, por exemplo, nem o marido pode ser incluído no plano, porque há uma margem de comprometimento do salário. Como o plano é coparticipação, tudo que usa é cobrado”, explica outra professora que também preferiu anonimato. “Além disso, quem dobra não tem salário garantido, pois, normalmente, cobrimos licenças de dias ou mês”, completa.

Professora de uma Umei da Região Nordeste, Dayse Maria de Jesus tem jornada única e recebe R$ 1.451. Nomeada em novembro do ano passado, ela usa o salário para pagar a faculdade de pedagogia e algumas contas da casa. “As declarações do prefeito (sobre o valor do salário) me fazem sentir desmotivada e humilhada. Gostaria de saber onde está o resto desse dinheiro q ele diz que recebemos, porque o que sinto é que está nos chamando de mentirosas”, diz. Grazielle Aparecida de Abreu é formada em pedagogia e também foi nomeada em 2017 com o mesmo salário de Dayse para assumir sala da educação infantil da Escola Municipal Monteiro Lobato, no Bairro São Marcos, na Região Nordeste. “Não estamos pedindo nada absurdo. A equiparação é promessa do prefeito.”


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