
Em Periquito, na Região do Rio Doce, cerca de 200 pessoas, de acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) protestaram, na tarde desta quinta-feira, em uma linha de trem da Vale que passa pelo distrito de Pedra Corrida. De acordo com o MAB, os moradores da cidade denunciaram que a Fundação Renova tem demorado para resolver os problemas demandados desde que a lama de rejeitos da barragem de Fundão chegou ao Rio Doce.
"A Vale está exigindo coisas sem critérios, sem pé e nem cabeça", desabafou Raphaela Rodrigues, de 25 anos, integrante da comissão do MAB em Naque, também na região. Segundo ela, a empresa deveria dar um retorno aos moradores dos municípios vizinhos sobre demandas até a quarta-feira passada. O documento com as reivindicações foi encaminhado à Vale há algumas semanas, segundo a integrante do MAB.
Ainda de acordo com a representante dos moradores da cidade, foi nesse momento em que os manifestantes decidiram "tomar uma atitude". "Fomos para a linha, ocupamos por uma hora, aproximadamente, com mais de 100 pessoas, incluindo crianças e idosos. Quatro trens, incluindo os que haviam passageiros, pararam, até que um tenente nos mandou sair", contou Raphela. De acordo com ela, a liminar apresentada pelo militar era de 2017: "A sensação que eu tenho é de revolta", contou.
MARIANA Houve manifestação também em Mariana, na Região Central de Minas Gerais na manhã desta quinta-feira. Moradores de Bento Rodrigues pararam a MG-129, na encruzilhada para a entrada do distrito, cobrando da Fundação Renova agilidade no processo de construção das novas moradias aos atingidos pelos rejeitos da barragem de Fundão.
De acordo com Marinalva Sagado, 45, a manifestação durou pouco, mas serviu para mostrar o drama que os moradores passam. "Eles (Renova) disseram que o Novo Bento ficaria pronto em 2019, mas, recentemente, disseram que não tem mais uma data prevista", contou. "Sinto muita tristeza. Porque só mudam, cada dia é uma coisa diferente."
Posicionamento
Sobre a repercussão desta tarde, envolvendo denúncias de autoridades, as empresas Samarco, Vale e BHP encaminharam uma nota dizendo que "reiteram o compromisso com os esforços de compensação e remediação que estão a cargo da Fundação Renova e que foram definidos pelo acordo firmado com os entes federativos da União e dos Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais".
"As empresas reiteram, ainda, o seu compromisso com as negociações em curso para realização de acordo com as partes envolvidas, permanecendo à espera do retorno do Ministério Público, conforme previamente pactuado", finalizaram.
Já a Fundação Renova informou que a Recomendação dos Ministérios Públicos já estão sendo tratadas e "passam por evoluções". "Os reflexos desses avanços nos programas são resultado de uma construção coletiva continua. A Fundação Renova prestará todas as informações sobre o avanço dos programas, seguindo sua política de transparência e seriedade no trato com todos os envolvidos", disse.
* Sob supervisão da editora Liliane Corrêa