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Estado de Minas

Moradores de áreas de inundação em BH se preparam para mais prejuízos

População, como a vizinhança do Córrego do Onça na Avenida Cristiano Machado, já não crê em promessas de obras


postado em 27/10/2017 06:00 / atualizado em 27/10/2017 07:41

Moradores e comerciantes, como Geralda Rodrigues de Souza, já perderam a conta dos prejuízos com as inundações(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Moradores e comerciantes, como Geralda Rodrigues de Souza, já perderam a conta dos prejuízos com as inundações (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Moradores da Rua Jorge Francisco dos Santos, na Vila 1º de Maio, Região Norte de Belo Horizonte, vivem com perdas e transtornos todos os anos com a chegada da temporada de chuvas. Na Avenida Cristiano Machado, próximo à Estação São Gabriel, o Córrego do Onça transborda e invade ruas e casas. A comerciante Geralda Rodrigues Souza, de 64 anos, conta que perdeu quase todos seus eletrodomésticos e móveis nas enchentes. “A gente nem contabiliza mais o prejuízo. Já é tanto sofrimento... Há uns quatro anos teve uma dessas enchentes mais fortes. Foi a única vez que a prefeitura veio até aqui e indenizou os moradores com R$ 1 mil ou R$ 2 mil. O que dá para comprar com isso?”, questiona. Vendedora de água de coco, cerveja e geladinho, ela conta que, além do prejuízo das mercadorias, já perdeu uma Kombi que estava na garagem da casa. Atualmente, luta para conseguir comprar um armário para guardar pertences.

A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte tem projeto de obras para melhoria da drenagem na Avenida Cristiano Machado no ponto de alagamento próximo à Estação São Gabriel. Consiste na ampliação da capacidade dos córregos Pampulha e Onça e do Córrego Engenho Nogueira, próximo ao aeroporto da Pampulha, em extensão total de 1.630 metros. A obra, no valor de R$ 230 milhões, tinha previsão de começar neste semestre, mas a licitação foi suspensa por questionamento dos concorrentes. Com isso, um novo edital deve ser publicado em janeiro. A intervenção não têm prazo para começar.

"Até o portão de casa foi levado pela enxurrada da última vez. Dava pra ver até o cachorrinho nadando"

Morador da Vila 1º de Maio, Região Norte de BH


Naquela parte da cidade há quem, casando de sofrer, não queira esperar por mais transtornos. “A água sobre muito rápido e em menos de 30 minutos invade tudo”, contou a dona de casa Maria Aparecida dos Santos, de 36, que se mudou para tentar fugir de outras inundações. Trocou a casa que ela mesma define como “maior” e “aconchegante” por imóvel alugado com apenas um quarto, onde dorme com o filho. “Meu filho era bebezinho quando uma chuva levou tudo, no ano passado. Eu estava dormindo e acordei com a água pela cintura. Perdi o enxoval todo dele, além de cama, colchão e outros móveis. Mas, pior que isso foi quando uma lacraia o picou. Ainda bem que não aconteceu nada mais grave. Mas e o tanto de bicho que aparece? No dia seguinte, tivemos que tirar rato e barata de dentro de casa”, lembrou a moradora, que teme, mesmo na nova casa, que o imóvel seja invadido pelas águas – ainda que esteja no segundo andar.

Ela disse que vizinhos “vigiam” o córrego. Quando percebem que a água está acima do nível, já começam a avisar aos outros moradores da rua. Assim, todos passam a tentar encontrar um abrigo para os móveis e salvar o que podem. Em dia de temporal, na Creche Santa Maria Madalena, em frente à casa da moradora, as aulas são interrompidas e as crianças voltam para casa.

Moradora mostra marca da água na parede: problema ano após ano(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Moradora mostra marca da água na parede: problema ano após ano (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

MEMÓRIAS Enquanto isso, as histórias de moradores da região se cruzam pelas consequências das cheias do rio e do desejo de morar em um lugar seguro. Não faltam perdas para contar. “Até o portão de casa foi levado pela enxurrada da última vez. Dava pra ver até o cachorrinho nadando”, aponta um dos moradores da vila. A dona de casa Maria do Amparo da Luz, de 64, e a filha Ailma da Luz de Jesus, de 44, revelam o desejo de sair da situação, mas dizem que a renda familiar não permite. “Moro aqui há 33 anos. Há 33 anos acontece a mesma coisa. Você acha que eu não quero sair daqui? Por mim, eu já tinha ido embora”, disse Maria, que já perdeu as esperanças nas obras prometidas para conter novas inundações. “Sempre falam isso”, comentou. Também indignada, a filha mostra a marca deixada na parede de casa por uma das cheias, quando a água chegou a um metro meio de altura.

Apesar de problemas como esse, a prefeitura informa que mantém ações permanentes para evitar problemas relacionados a enchentes. Entre elas estão a limpeza de bocas de lobo e de córregos, o monitoramento de áreas de risco geológico, vistorias, remoções de pessoas de áreas de risco, além de obras de pequeno e médio portes. A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil mantém cerca de 100 núcleos com aproximadamente 800 integrantes para alertar a população que mora em áreas sujeitas a alagamentos.


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