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Estado de Minas

Gatos de energia elétrica causam prejuízo de R$ 360 milhões em Minas

Prejuízos com ligações clandestinas crescem em Minas e chegam a R$ 360 milhões em agosto. Cemig fecha cerco aos fraudadores e alerta para os riscos de acidentes e custos na conta de luz. Sem os gatos, conta de luz ficaria 5% mais barata


postado em 27/09/2017 06:00 / atualizado em 27/09/2017 07:56

Ligações clandestinas podem levar a curto-circuito e vêm sendo combatidas com uso de recursos tecnológicos que monitoram o consumo de energia(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Ligações clandestinas podem levar a curto-circuito e vêm sendo combatidas com uso de recursos tecnológicos que monitoram o consumo de energia (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)

Mesmo com o aumento dos mutirões da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para coibir as ligações clandestinas e fraudes em medidores de consumo, os chamados “gatos”, as irregularidades continuam ocorrendo em Minas Gerais. O prejuízo causado por essa prática à empresa já chega a R$ 360 milhões neste ano. Somente em dois meses, comparando os valores acumulados até junho e até agosto, o aumento foi de 20%. Mas, os consumidores também sentem no bolso o peso da ação criminosa. A estimativa é que, sem as fraudes, a conta de luz ficaria 5% mais barata. Além disso, as ligações irregulares oferecem risco de acidentes.

Junto ao aumento das irregularidades, a Cemig também enfrenta alta na inadimplência. E para reduzir a falta de pagamento, cortes estão sendo feitos. Somente de janeiro a agosto, foram 554 mil interrupções no fornecimento de energia de clientes que apresentavam débitos com a companhia. Destes, 180 mil em Belo Horizonte. Para se ter uma ideia, no ano passado foram 104 mil cortes em toda a área de concessão da empresa. Uma campanha está sendo feita com os clientes para tentar sanar as dívidas.“Fazemos propostas de acordo com cada consumidor, exatamente para evitar a suspensão da energia elétrica”, afirma Saad do Carmo Pereira, engenheiro de tecnologia e normalização.

"Parte da perda comercial da Cemig vai para os consumidos adimplentes. Então, pagamos pelo prejuízo. Temos a projeção que, sem as perdas da companhia, a conta ficaria 5% mais barata. Então, a sociedade acaba pagando por isso"

Saad do Carmo Pereira, engenheiro de tecnologia e normalização da Cemig

Os mutirões da Cemig já encontraram os “gatos” em diferentes regiões de Belo Horizonte durante ações neste ano. Imóveis e comércios foram vistoriados no Barroca, Gutierrez, Barro Preto, no Bairro União, além de bairros nobres, como Belvedere, Lourdes, Savassi. Em todos, havia irregularidades. “Somente nos mutirões conseguimos um retorno de R$ 1,5 milhão. Mas a perda é uma preocupação tanto pelo ponto de vista financeiro quanto da questão de segurança da população, por causa dos riscos de acidentes”, afirma Saad do Carmo Pereira, engenheiro de tecnologia e normalização da Cemig.

Desde o início do ano, o número de “gatos” estão subindo em Minas Gerais. O prejuízo era de R$ 300 milhões em junho, e agora subiu para R$ 360 milhões, um aumento de 20% em dois meses. “Esse cenário dos últimos anos em relação à questão macroeconômica social é complicado e complexo. Temos aumento de desemprego, e consequentemente, alta nos furtos de energia e no número de pessoas que deixam de pagar a suas contas”, comentou Pereira.

INSPEÇÕES Para tentar impedir e flagrar essas irregularidades, nos primeiros oito meses de 2017 a Cemig fez 61 mil inspeções em Minas Gerais, 200% a mais do que o mesmo período do ano passado. Durante os mutirões, que se concentraram em sua maioria em Belo Horizonte, foram 1,6 mil inspeções, sendo flagradas 600 instalações fraudadas. Esses problemas levam prejuízos aos consumidores. “Parte da perda comercial da Cemig vai para os consumidos adimplentes. Então, pagamos pelo prejuízo. Temos a projeção que, sem as perdas da companhia, a conta ficaria 5% mais barata. Então, a sociedade acaba pagando por isso”, alerta o engenheiro.

Para quem comete a irregularidade, há risco até mesmo de prisão. Os infratores podem responder por crime previsto no artigo 155 do Código Penal, que estabelece multas e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.

Além disso, os infratores correm o risco de provocar acidentes. “A prática do furto de energia gera riscos de choques elétricos. São conexões e fiações precárias que expõem o fraudador a condições de levar uma descarga elétrica. Também há o risco de curto-circuito. Os pontos podem ter faiscamento, que podem acarretar em fogo no cabo e sobrecarga. Nas irregularidades nos medidores, há também risco de choque e de deixar o sistema frágil, o que pode danificar equipamentos”, completou Pereira. Neste ano, o Hospital João XXIII já atendeu 68 vítimas de eletrocussão.

As ligações clandestinas são feitas de diferentes formas. Alguns se arriscam e puxam a fiação elétrica diretamente do poste ou furtam do vizinho. Outros também instalam lacres no medidor para diminuir o consumo de energia. Essas irregularidades já foram encontradas em diferentes regiões da capital mineira neste ano. Algumas em locais bastante frequentados e nas regiões nobres.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O mutirão encontrou irregularidades em bares e restaurantes do Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, onde foram verificadas fraudes em cinco locais visitados. A Avenida Alberto Cintra, que ficou conhecida pelos diferentes estabelecimentos frequentados por jovens, também passou por inspeção. Os técnicos foram ainda a prédios famosos da cidade, como o Edifício JK, onde foram identificados 95 casos de suspeitas de irregularidade em equipamentos. No Edifício Maletta foram 62 casos suspeitos.

TECNOLOGIA A estratégia para tentar identificar os imóveis onde há as irregularidades passa por um trabalho que envolve tecnologia. “Temos software de inteligência para monitorar o consumo de mais de 8,4 milhões de pessoas em todo estado, sendo que temos o monitoramento em tempo real e a distância dos grandes clientes. Um centro integrado de medição nos possibilita fazer esse acompanhamento. A qualquer comportamento estranho identificado, nós mandamos equipes a campo”, disse Pereira. Além desse trabalho, há a fiscalização diária dos técnicos, que fazem o trabalho de casa em casa.

Economia em casa


Um programa criado pela Cemig, chamado de Energia Cidadã, vem ajudando famílias de baixa renda a economizar energia. Ele busca promover a redução no valor da conta das famílias com a troca de equipamentos de alto consumo, como lâmpadas, geladeiras, chuveiros. Além disso, as famílias recebem um aquecedor solar. Neste ano, foram 51.779 famílias atendidas no projeto, em 41 municípios mineiros. Foram substituídas 250.454 lâmpadas e 1.498 geladeiras. O investimento já realizado foi de mais de R$ 9,6 milhões. Até dezembro, mais 40 cidades serão contempladas, e outras 11 no ano que vem. No total, os recursos investidos chegarão a R$ 29,7 milhões.


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