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Estado de Minas

Vacina vira desafio na adolescência, especialmente para homens

Atuais índices de cobertura para doenças prevenidas por meio da tríplice viral são preocupantes em Minas Gerais


postado em 08/09/2017 06:00 / atualizado em 08/09/2017 07:21

Arthur tem todos os cartões de vacina, mas não os acompanha. 'Sinto falta de campanhas nas redes sociais', justifica o rapaz(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Arthur tem todos os cartões de vacina, mas não os acompanha. 'Sinto falta de campanhas nas redes sociais', justifica o rapaz (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Com o alerta aceso para os baixos índices de cobertura vacinal em Minas Gerais e em Belo Horizonte, autoridades de saúde chamam a atenção para outro desafio que impacta nos índices de imunização. Além da falta de informação e interesse das pessoas para se vacinar, públicos em faixas etárias específicas são ainda mais negligentes em relação ao cartão de vacinas. Isso porque, diferentemente do cuidado existente com a vacinação infantil, adolescentes, adultos e idosos buscam menos os serviços de saúde para se imunizar. Entre esses grupos, um problema ainda maior: numa comparação de gênero, os homens buscam ainda menos as vacinas.

Como o Estado de Minas mostrou em sua edição de ontem, são preocupantes em Minas os atuais índices de cobertura para as doenças prevenidas por meio da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), que até agora soma 79,13% de cobertura, contra o mínimo de 95%. A vacina sabin, que protege contra a já erradicada poliomielite, a paralisia infantil, também está com percentual baixo de proteção no estado – 65,83%, enquanto a meta é 95%. No ano passado, a cobertura só atingiu 88,29% e a expectativa da Secretaria de Estado de Saúde (SES) é que, mesmo com a campanha de vacinação, a meta não seja atingida, se considerado o atual comportamento da população em relação às vacinas.

No caso da vacina contra  a infecção do papilomavírus humano (HPV), micro-organismo que provoca câncer de colo de útero e também de pênis, apenas 51,8% das meninas receberam duas doses neste ano, enquanto o mínimo deveria ser de 80%. A segunda dose é aplicada seis meses após a primeira e, mesmo com o produto tendo sido liberado para meninos em janeiro, a taxa de aplicação de duas doses é alarmante. Apenas 0,11% dos adolescentes as receberam.

Realidade que o estudante Arthur Edmundo Valadares, de 20 anos, confirma e conhece bem. O jovem conta que, desde a adolescência, nunca acompanhou a sequência de vacinas. “Tenho cartão de vacina, mas não sei quais tomei ou ainda devo tomar. Não acho que os órgãos de saúde informem bem sobre isso. As campanhas geralmente são na televisão e adolescentes e o jovem não assistem mais aos programas de tevê. Sinto falta de campanhas nas redes sociais. Acho que a forma de abordagem é equivocada. Além disso, o adolescente é movido a empurrão e precisa ser motivado por alguém a buscar esse serviço”, avalia. E, apesar de não estar na faixa etária para receber a dose gratuitamente, ele diz desconhecer, por exemplo, que a vacina para HPV está disponível no SUS para meninos.

RECUO MUNDIAL A baixa cobertura vacinal e suas implicações foram tema do 28º Congresso Brasileiro de Virologia, que teve início ontem na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e segue até domingo. O encontro, que reuniu cerca de 500 pesquisadores da América Latina, contou com a participação de uma das maiores autoridades em vacinação no mundo, o professor Geoffrey L. Smith, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O especialista confirmou que as baixas taxas de imunização têm sido uma realidade no mundo, influenciadas por movimentos antivacina e pelo relaxamento da população em relação ao perigo das doenças.

“O problema é mundial e de falta de conscientização. Recentemente a Austrália enfrentou o retorno de doenças por falta de vacinação adequada. Nos Estados Unidos, o presidente não apoia as políticas de vacinação, o que resulta no enfraquecimento dessas ações. Além do mais, há grupos antivacina se disseminando em todo o mundo, especialmente pela internet. No Brasil, esse movimento ainda é pequeno, mas todo esse cenário é muito perigoso”, afirma o pesquisador inglês.

Atento a esses movimentos no Brasil, embora por aqui eles sejam mais pontuais, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira também alerta para a divergência de atenção às vacinas em faixas etárias após a infância. “Não existe uma cultura de vacinação para adolescentes e adultos. Os órgãos de saúde têm esse desafio, que é o de formular novas estratégias para levar a vacina a outras faixas que não as crianças”, afirma.

EXPERIÊNCIA Algumas iniciativas já vêm sendo feitas pelo Ministério para atingir jovens,  a exemplo de campanha atualmente veiculada no canal YouTube sobre vacinação contra o HPV e a meningite C para adolescente. E, para reforçar o acesso às vacinas, o Ministério promove em todo o país, a partir de segunda-feira e até o dia 22, a Campanha de Multivacinação. As famílias devem procurar um posto para avaliação e atualização das  vacinas de menores de 15 anos de idade.

OBRIGATORIEDADE A pasta afirma que os municípios têm papel fundamental na vigilância dos dados. Vale ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece como obrigatória a vacinação desse grupo nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Ao não vacinar seus filhos, os pais podem ser responsabilizados civil e penalmente pela decisão.


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