
O maior evento científico da América Latina começa hoje em Belo Horizonte com o tema “Inovação, diversidades, transformação”. A 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com programação até 22 de julho, terá como sede a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A expectativa é receber cerca de 10 mil pessoas por dia – entre cientistas, professores e estudantes para discutir os avanços da ciência e para debater políticas públicas para a tecnologia. Desde 1948, a reunião ocorre em universidade pública em um dos estados brasileiros. O encontro conta com uma agenda extensa de conferências com 240 atividades, entre mesas-redondas, encontros, sessões especiais e minicursos. Todas as atividades são abertas à comunidade e gratuitas.
Segundo a vice-reitora de UFMG, Sandra Goulart Almeida, o evento também comemora o aniversário de 90 anos da universidade. “Há 20 anos não recebíamos o encontro na capital mineira. É um evento muito importante, que, além de marcar as comemorações da universidade, também recebe um público de todo o Brasil e do mundo para participar da maior reunião científica da América Latina”, afirma. Ela destaca que não se trata apenas de um evento acadêmico, mas sim de um encontro que convida pessoas de todas as idades para divulgar a ciência. As atividades são divididas em exposições, contando com atrações para estudantes do ensino básico e amostras de ciência e tecnologia.
Entre os destaques deste ano estão as atrações inéditas SBPC Afro e Indígena e SBPC Cultura na capital mineira. A SBPC Afro e Indígena contará com mesas-redondas que abordarão os direitos territoriais dos povos indígenas, além de avanços e retrocessos em perspectiva antropológica. “A programação conta com grupos para discutir as questões quilombolas, além de tratar sobre assuntos como mineração e meio ambiente. Também receberemos grupos indígenas. Durante o SBPC Cultura, receberemos diversas manifestações artísticas e culturais regionais e discussões sobre temas relacionados às artes e cultura. Entre elas, teremos apresentação do Clube da Esquina, feira de artesanato do Vale do Jequitinhonha, café literal com lançamentos de livros e aprestações de poemas”, explica Sandra Goulart.

INTERAÇÃO Para o encerramento do evento, a UFMG terá mais uma edição do Dia da Família na Ciência, que visa à interação com a comunidade, buscando mostrar que a ciência faz parte do dia a dia das pessoas. Aberto para crianças, jovens e seus familiares, a atividade oferecerá aos participantes a oportunidade de aprender sobre experiências científicas e ter suas questões respondidas por cientistas.
Em um momento em que à redução dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e da retirada de bolsas de pós-graduação, a SBPC convida os participantes a refletirem sobre o futuro do país na área. Sandra Goulart pontua que a redução dos recursos é muito prejudicial e preocupante. “O Brasil ocupa lugar de destaque em relação à comunidade científica. O corte no financiamento pode trazer prejuízos sérios ao país. Até para sair da crise precisamos desses estudos em ciência e tecnologia. As universidades precisam desenvolver e devolver para a sociedade o conhecimento. Não se trata de corte de gastos, são cortes de investimentos. A SBPC cumpre esse papel de reflexão”, pontua a vice-reitora da UFMG.
PÔSTERES A sessão de pôsteres é uma das mais tradicionais e concorridas atividades da reunião anual da SBPC. Ela ocorrerá a partir de amanhã no CAD 1, câmpus Pampulha. Os pôsteres serão afixados a partir das 12h30, e os autores deverão estar presentes para apresentação entres as 13h e as 15h. Serão aproximadamente 174 pôsteres por dia. Os conteúdos são resultado de pesquisas científicas, de experiências pedagógicas e de relatos de casos por estudantes de graduação e pós-graduação, professores de ensino superior, pesquisadores, profissionais, alunos e docentes do ensino básico e profissionalizante de todo o país.
