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Estado de Minas

Sorteio de vagas para camelôs em shoppings populares de BH acontece hoje

Prefeitura de BH faz hoje a distribuição das vagas para ambulantes em shoppings populares do Centro e de Venda Nova, mas parte da categoria mantém a mobilização para ficar na rua


postado em 06/07/2017 06:00 / atualizado em 06/07/2017 09:11

Ontem, informais fizeram manifestação na Câmara da capital pedindo a suspensão das remoções enquanto a situação não for resolvida(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Ontem, informais fizeram manifestação na Câmara da capital pedindo a suspensão das remoções enquanto a situação não for resolvida (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) fará hoje o sorteio de vagas para camelôs em shoppings populares privados da capital. O município anunciou ontem que já tem 1.457 colocações disponíveis em dois espaços, no Centro e em Venda Nova, para atender aos 1.134 ambulantes já cadastrados. A expectativa é de que na próxima semana os comerciantes informais possam trabalhar, com pagamento de aluguel mensal de R$ 30, ou R$ 1 diário. Porém, parte dos vendedores de rua rejeita a solução apresentada pela PBH e mantém a rotina de protestos, que ontem incluiu manifestação na Câmara Municipal. A proposta também é rejeitada por estabelecimentos. Dos seis maiores centros de compras populares ouvidos ontem pelo Estado de Minas, quatro não se interessaram pela iniciativa.

Ontem a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos fez a abertura de envelopes dos que se inscreveram. Foram confirmadas as empresas Uai Centro, na Rua Saturnino de Brito, Hipercentro de BH, e a Uai O Ponto, na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, que são do mesmo dono e juntas vão oferecer as 1.547 vagas.  O sorteio das colocações será feito hoje, às 13h, no auditório da Belotur, na Rua da Bahia, 888, 2º andar, Centro de BH. Como o recebimento de propostas continua aberto, pode aumentar o número de estabelecimentos que vão aderir.

No sorteio de hoje, a prioridade é para os 1.137 camelôs que já se cadastraram na prefeitura. Essas vagas são temporárias, por um período de quatro meses, durante os quais camelôs vão pagar a taxa de R$ 30 mensais. Caso projeto de operação urbana que tramita na Câmara Municipal seja aprovado, eles serão realocados à medida em que vagas sejam abertas em boxes nos shoppings populares parceiros. Segundo o projeto, por cinco anos o município vai subsidiar o aluguel dos espaços, arcando com porcentagens decrescentes. Também serão abertos editais para feiras regionais e livres, a fim de realocar vendedores de plantas e flores, antiguidades, livros e periódicos, artes plásticas e artesanato, comidas e bebidas típicas.

Entre administradores de seis shoppings populares de BH ouvidos pelo EM, quatro negaram interesse pela oferta da prefeitura. O dono dos shoppings Tupinambas e Oiapoque, Mário Valadares, justificou a não adesão devido ao perfil dos camelôs. Segundo ele, se há 14 anos os informais de BH eram “profissionais”, hoje a maioria está nas ruas por ter perdido o emprego. “Não vejo essa medida da prefeitura como solução e ela torna a concorrência desleal. O Shopping Tupinambás, por exemplo, é um espaço em que o logista compra direto do vendedor primário ou da fábrica ou faz o próprio produto”, afirma Mário. As administrações do Shopping Popular Oi Barreiro e do Shopping Xingu, no Bairro Alípio de Melo, na Região Noroeste de BH, informaram que decidiram não participar por falta de vagas.
Camelôs deram as mãos e fizeram um círculo em torno do obelisco da Praça Sete(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Camelôs deram as mãos e fizeram um círculo em torno do obelisco da Praça Sete (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

CONTRAPARTIDA Parte dos camelôs considera insuficiente a proposta da prefeitura de antecipar o sorteio para a ocupação de shoppings populares. Segundo eles, o modelo não atende aos trabalhadores que vendem itens como frutas, água e alimentos nas calçadas e no trânsito. Na tarde de ontem, manifestantes foram para a Praça Sete para protestar contra as medidas. O cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas foi fechado por ambulantes, que deram as mãos e fizeram um círculo em torno do obelisco da Praça Sete. Depois, o grupo seguiu pela Avenida dos Andradas até a Câmara de Belo Horizonte, onde houve nova manifestação. A intenção é encaminhar, por meio do Legislativo, uma lista de propostas à prefeitura. A principal elas é que as remoções de ambulantes do Centro sejam suspensas enquanto a negociação persistir.

Pelo menos uma pessoa foi detida durante o protesto de quarta-feira(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Pelo menos uma pessoa foi detida durante o protesto de quarta-feira (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Segundo os ambulantes, em shoppings populares eles terão que enfrentar o que classificam como “concorrência desleal” com comerciantes chineses. Parte dos camelôs também pede que, em vez de serem instalados em centros de compras, sejam criadas feiras livres no Hipercentro para acomodar os informais. Outra proposta é a ocupação de quarteirões fechados no Centro.

“Nós vamos voltar para as ruas. Não é questão de querer, é questão de sobrevivência. Um tiro de borracha dói menos do quer ver seu neto em casa sem mamadeira”, disse Vânia Lúcia dos Santos Rosa, de 52. Ela foi uma das cinco representantes dos camelôs que participaram de reunião com vereadores na Câmara, onde enfrentaram resistência ao chegar. Todos foram revistados e vários foram impedidos de entrar no saguão, com segurança reforçada por guardas municipais. A intenção dos trabalhadores era assistir à reunião plenária, mas ela foi suspensa com três minutos, por falta de quórum. De acordo com o presidente da Câmara, Henrique Braga (PSDB), o término precoce da reunião não teve relação com a presença dos camelôs. Ele também disse que a revista na entrada é um procedimento normal.
Mais uma vez, comerciantes tiveram que fechar as portas no Centro de BH(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Mais uma vez, comerciantes tiveram que fechar as portas no Centro de BH (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


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