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Estado de Minas

Museu que homenageia Dona Beja, em Araxá, pode reabrir em 2018

Fechado por decisão do MP, museu que homenageia a bela, polêmica e poderosa figura de Araxá será reformado e pode voltar a receber o público no 145º aniversário de sua morte


postado em 16/06/2017 06:00 / atualizado em 16/06/2017 07:53

Instituição foi fundada por iniciativa de Assis Chateaubriand em sobrado colonial de dois pavimentos, localizado no Centro da cidade do Alto Paranaíba(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Instituição foi fundada por iniciativa de Assis Chateaubriand em sobrado colonial de dois pavimentos, localizado no Centro da cidade do Alto Paranaíba (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Araxá – Fechado desde 2014 por decisão do Ministério Público, diante de denúncias envolvendo problemas na estrutura do teto e na rede elétrica, o museu Dona Beja será restaurado, com possibilidade de ser reaberto em 2018, no 145º aniversário de morte de Ana Jacinta de São José (1800-1873). Beja – também chamada de Beija – nasceu em Formiga, no Centro-oeste mineiro, e se mudou ainda criança para Araxá, no Alto Paranaíba, onde fez fortuna.

O museu que a homenageia é um sobrado colonial de dois pavimentos. Foi erguido no Centro de Araxá, em frente ao agora teatro municipal, há cerca de 200 anos. Foi fundado em 1965 pelo empresário e jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), criador do grupo Diários Associados, do qual o Estado de Minas faz parte. Três anos antes de morrer, o empresário da comunicação passou uma temporada no município para se recuperar de dois derrames nas águas termais do Grande Hotel do Barreiro.

Chateaubriand era apaixonado por artes. Tanto que fundou, em 1947, o Museu de Artes de São Paulo (Masp). Em Araxá, um busto dele foi fixado no pátio interno do museu. “A princípio, a previsão é de que nosso cartão-postal seja reaberto ao público em 2019. Contudo, acredito que devamos concluir a obra em 2018”, antecipou o prefeito de Araxá, Aracely de Paula.

“O museu será restaurado sob nova proposta museológica e museográfica, com adaptações de acessibilidade, com projeto que está sendo elaborado pela Século 30, empresa de Belo Horizonte. Depois, será enviado ao Ministério da Cultura para aprovação, com incentivo por meio da Lei Rouanet e, consequentemente, captação de recurso da nossa parte”, pontuou Annette Akel, presidente da Fundação Cultural Calmon Barreto de Araxá, responsável pelo museu.

Boa parte do acervo do museu é formada por mobílias antigas, mas o que mais chama atenção dos visitantes são os longos vestidos usados pela atriz Maitê Proença na novela Dona Beija (com “i” mesmo). O folhetim, exibido em 1986, foi sucesso de audiência e ajudou a divulgar o museu no Centro de Araxá.

Porém, é importante deixar claro que o sobrado não foi residência de Beja. Aliás, não há documentos oficiais que comprovem a data exata da construção do imóvel. É bem possível, contudo, que a edificação seja uma das duas que o botânico e viajante francês August de Saint-Hilaire (1779-1853) mencionou existirem em frente à antiga praça quando esteve na cidade, em 1819.

Em pesquisa feita em diversas fontes, a presidente da Fundação Calmon Barreto cita que, embora os pesquisadores não tenham descoberto o ano exato da construção do sobrado, documentos antigos informam que o prédio foi propriedade do capitão Antônio José de Araújo, um dos primeiros criadores a requerer terras no sertão dos Araxás, em 1830. Posteriormente, o sobrado foi ocupado por famílias tradicionais do município, como Affonso Teixeira, Rodrigues Valle e Verçosa.

TOMBAMENTO
A Lei 2.041, de 1986, municipalizou o museu. Já em 28 de dezembro de 1990, por meio da Lei 2.410, o casarão e o acervo foram tombados. A reforma do local é importante para resgatar a história de Beja e da cidade, cuja formação é a mais antiga do chamado Sertão da Farinha Podre, que reúne atualmente o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba.

Amada e odiada


Ana Jacinta de São José se mudou com a mãe e o avô para Araxá aos 5 anos de idade. Jamais conheceu o pai. Relatos orais contam que sua beleza incomodava mulheres e atraía galãs. O apelido, dado pelo avô, se deveria à comparação com a doçura e a beleza da flor-beijo. Aos 15 anos foi raptada pelo ouvidor Joaquim Inácio. Viveu como amante dele, no Rio de Janeiro, por dois anos. De volta a Araxá, foi hostilizada pelas damas da alta sociedade. Construiu a Chácara do Jatobá, cuja localização exata é desconhecida. Mas era lá, segundo a tradição oral, que dormia com vários homens, engravidando de um deles. Acumulou riqueza. Em 1853, se mudou com a filha para Barragem, hoje Estrela do Sul. Lá morreu e foi enterrada.


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