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Estado de Minas

Clientes e fornecedores denunciam calote de promotor de eventos

Oito boletins de ocorrência já foram registrados contra a empresa "Siga os Balões, Festas e Eventos". Proprietário declarou falência e sumiu


postado em 08/05/2017 13:38 / atualizado em 09/05/2017 09:00

A Polícia Civil de Minas Gerais está investigando uma série de calotes de um promotor de eventos contra clientes e fornecedores de Belo Horizonte e região metropolitana, desde fevereiro. 

Pedro Augusto, proprietário da empresa “Siga os Balões, Festas e Eventos”, decretou falência na quinta-feira, quando os clientes e fornecedores foram notificados, por meio de um comunicado em uma rede social, que a empresa não conseguiria arcar com os compromissos firmados. Contudo, o promotor de eventos garantiu que, mesmo com a falência da empresa, iria ressarcir as partes lesadas com o dinheiro que ganharia vendendo os bens da família. 

Comunicado foi enviado aos clientes e postado em uma página da empresa, que saiu do ar, no Facebook(foto: Internet/ Reprodução)
Comunicado foi enviado aos clientes e postado em uma página da empresa, que saiu do ar, no Facebook (foto: Internet/ Reprodução)
Em contato com vítimas do calote, a reportagem do em.com.br apurou que, entre clientes e fornecedores, o número de prejudicados pode ultrapassar 80 pessoas. O homem desapareceu e os familiares, segundo os envolvidos, têm sido os responsáveis por negociar com os lesados.

A advogada Ana Carolina Rodrigues Oliveira, de 29 anos, que havia contratado um chá de panela para junho, afirmou que está administrando um grupo em uma rede social com pessoas que tenham assinado o contrato e possam comprovar o calote. Nesse grupo, segundo ela, são 14 pessoas. Porém, em um outro, o número chega a 100 pessoas que alegam o prejuízo, mas muitas, segundo ela, só negociaram por meio de conversas informais e não chegaram a assinar contratos

De acordo com a advogada, o grupo entrará com ações de retaliação material e moral. “Nós vamos ajuizar ações morais e de retaliação material e, caso as investigações policiais configurem o estelionato, nós também entraremos com ações criminais,” afirmou. 

Segundo Ana Carolina, o promotor de eventos continuou recebendo pagamentos mesmo após constatar que a empresa estava falindo. “O grande problema desta história é que ele fechou contratos e recebeu dinheiro sabendo que estava falindo. Na semana em que enviou o comunicado, inclusive, ele recebeu dinheiro de clientes e assinou contratos”. 

A advogada informou que, com o cancelamento do evento que havia contratado e pago no ato de assinatura do contrato, o prejuízo foi de R$2,5 mil. 

Dentre os clientes lesados pela falência da empresa está a professora Maria Cecília Melo Faria Lages, de 24. A jovem se casará nesta quarta-feira, mas teve de cancelar a recepção para amigos e familiares que havia contratado para ocorrer no próximo sábado (13). 

Desesperançosa de uma indenização, Maria Cecilia ressalta que o importante, agora, é queimar a imagem da empresa, para que novos calotes não ocorram. “Creio que de alguma forma ele será punido, pois nada que fazemos de errado fica em vão. Por mais que ele não seja encontrado e que a gente não receba, devido ao alto número de dívidas pendentes, vamos queimar o filme dele para não golpear mais ninguém.”  

Decepcionada e frustrada, a professora relatou que abdicou de muitas coisas para juntar o dinheiro gasto com a festa. O prejuízo, segundo ela, é R$5 mil. “O casamento é um sonho para nós mulheres e eu passei muito tempo da minha vida abdicando de coisas para juntar todo o montante cobrado por ele. Dentro das minhas condições, seria da maneira perfeita”, afirmou. 

Do outro lado da balança, estão os fornecedores que eram contratados pelo promotor de eventos para prestarem serviços terceirizados junto à “Siga os Balões, Festas e Eventos”. A fótografa Karolline Alves, de 24 anos, sócia da empresa CaptudaradaMente, relatou que conversou com a irmã do responsável por firmar os contratos que afirmou que a família irá arcar com todos os prejuízos da falência da empresa do irmão.

Segundo a fotógrafa, o homem não repassou os valores combinados de 20 festas e os valores ultrapassam R$6 mil. “Ele me procurou para atender os clientes dele e das primieras vezes ocorreu tudo certo, e ele me passava os valores corretamente. Porém, ele começou a não efetuar os pagamentos. De 23 festas que fiz com ele, só recebi por três”, relatou. 

Clientes que foram lesados por não receberem as fotos realizadas nos eventos começaram a procurar pela fotógrafa, que, agora, negocia diretamente com os que entram em contato com a empresa administrada por ela e um sócio.

Uma das vítimas que procurou pelas fotos, foi a gestora de RH – Andreia Ramos. A mulher, de 40 anos, relatou que após não receber as fotos e ser notificada por whatsapp da falência, buscou a fotógrafa para conseguir o material contratado. Segundo Ramos, na manhã desta segunda-feira, ela recebeu um e-mail do promotor de eventos, pedindo a rescisão contratual, mas negou o pleito do homem.  

A mulher havia realizado uma festa em abril com a empresa do homem e uma estava planejando uma para o mês de maio. De acordo com ela, o promotor não entregou algumas coisas acertadas no contrato já no primeiro evento. “Na festa que realizamos anteriormente, ele prometeu um buffett infantil, lembrancinhas para todos os convidados, segurança interna e externa e recepcionistas, mas nada foi cumprido. Além destes prejuízos com a segunda festa, fomos lesados em cerca de R$ 3 mil”, relatou. 

Um espaço de eventos no Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha, era sub-locado pelo homem para reuniões com clientes e realização dos eventos. Segundo Joyce Torquato, proprietária do local, os danos ainda estão sendo dimensionados, mas peças que foram usadas pelo homem em festas, não estão sendo encontradas no acervo do local. “Ainda estamos calculando todos os prejuiízos, pois ele reservava datas e não nos repassava os valores. Algumas peças de decorações usadas por ele em festas não estão sendo encontradas em nosso acervo também”, afirmou. 

A micro-empresária, que atua no ramo há 16 anos, ressaltou que jamais esteve envolvida em escândalos como estes.”Muitas pessoas me julgaram só pelo fato de alocar o nosso espaço para ele, mas não temos nada a ver com a irresponsabilidade dele. Inclusive, nós também registramos boletim de ocorrência contra ele”. A somatória de valores não pagos e multas por cancelamento de eventos, segundo Torquato, é aproximadamente de R$8mil. 

A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que as investigações estão ocorrendo em uma delegacia de Sabará, que poderá atender o caso com mais agilidade. Até a última sexta-feira, oito boletins de ocorrência havia sido registrados. O paradeiro do homem, no entanto, ainda é desconchecida. Os familiares do promotor de eventos não foram encontrados pela reportagem. 


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