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Estado de Minas

Crimes contra policiais revelam riscos da profissão em Minas Gerais

Dois PMs são feridos durante troca de tiros em assalto com reféns em São João del-Rei e outro é atacado a golpes de foice em Rio Espera em semana marcada por ações violentas


postado em 17/10/2016 06:00 / atualizado em 17/10/2016 12:48

Soldado atacado com golpes de foice foi transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII(foto: PM/Divulgação)
Soldado atacado com golpes de foice foi transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (foto: PM/Divulgação)
Três policiais militares ficaram feridos em duas ocorrências em Minas entre o fim da noite de sábado e a manhã deste domingo. Dois deles foram baleados e um atacado a golpes de foice. As ocorrências reacendem o alerta para os riscos de uma profissão que sempre esteve na mira dos bandidos, em meio ao fogo cruzado.


Na guerra do bem contra o mal, muitos agentes de segurança pública, em serviço ou de folga, acabam perdendo a vida tentando proteger a população. Outros acabam matando. Nas últimas semanas, houve vítimas de ambas as partes. Levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que somente nos meses de setembro e outubro deste ano ao menos seis agentes de segurança, entre policiais civis e militares, foram mortos e quatro ficaram feridos.

Em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, a população viveu momentos de terror na noite de sábado (veja vídeo abaixo). Quatro bandidos armados entraram em um supermercado do Bairro Fábricas com o objetivo de roubar o estabelecimento e fizeram oito pessoas reféns durante a ação. No momento em que a Polícia Militar chegou no local, houve troca de tiros e dois policiais foram baleados, além de um dos criminosos. Os quatro foram presos depois de intensa negociação para liberar os reféns.


O crime ocorreu no Supermercado Monte Rei, que fica na Rua Vereador Eli Araújo, por volta das 21h30. Segundo a PM, militares faziam ronda quando receberam um chamado de assalto no estabelecimento comercial. Quando chegaram, eles foram recebidos a tiros e responderam atirando na direção dos bandidos.

Um sargento foi baleado no ombro e um tenente levou três tiros de raspão, sendo um na boca, outro na testa e o terceiro em uma das mãos. Várias viaturas foram ao local e fizeram um cerco do supermercado, momento em que testemunhas disseram que os bandidos estariam mantendo oito pessoas como reféns no interior da loja.

Depois das primeiras negociações, dois bandidos se entregaram, sendo que um deles foi ferido por um tiro na perna. Um dos reféns, que seria filho do dono do supermercado, foi liberado junto com os dois primeiros ladrões e informou que outros dois comparsas ainda permaneciam dentro da loja. As negociações continuaram e garantiram a liberação de um segundo refém, que trabalha como supervisor do supermercado.


Nesse momento, os outros dois bandidos também se entregaram e permitiram a entrada da PM no local. Três armas, sendo duas pistolas e um revólver foram encontrados, além de uma bolsa com cerca de R$ 70 mil em dinheiro.

Todos os feridos foram atendidos e, segundo a PM, os dois militares atingidos passam bem. Os criminosos disseram que saíram do Rio de Janeiro para cometer o crime. O carro usado na ação foi encontrado abandonado na região e apreendido. A perícia compareceu ao local para fazer os trabalhos de praxe e a Polícia Civil vai investigar o caso.

FOICE Na manhã de ontem, um policial militar teve ferimentos graves em um dos braços depois de levar um golpe de foice antes de pegar serviço. O caso ocorreu em Rio Espera. O suspeito do crime, que já é conhecido por outros delitos, fugiu e ainda não foi encontrado.

De acordo com a PM, o fato ocorreu por volta das 6h40. O soldado Santos foi até uma padaria próxima ao quartel, no Centro da cidade, para tomar café da manhã antes de entrar para o trabalho. Quando esteva no local, o suspeito se aproximou e o questionou sobre uma abordagem em dias anteriores. “Você me abordou outro dia e eu não gostei”, teria dito o homem, segundo versão de testemunhas.  

Logo em seguida, deu um golpe de foice no policial. O soldado tentou se proteger e acabou atingido no braço. Ele sofreu um corte profundo no membro e foi socorrido para um hospital em Conselheiro Lafaiete, na mesma região. Por causa das gravidades do ferimento, foi transferido de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo horizonte, onde deve passar por cirurgia. O suspeito do crime fugiu e ainda é procurado. De acordo com a PM, o homem é portador de sofrimento mental e conhecido por diversos crimes na região.

RESPOSTA COM TIROS Na noite de sábado, durante operação policial em Pitangui, Região Centro-Oeste do estado, militares foram recebidos a tiros por criminosos envolvidos com homicídios e assaltos. Os PMs revidaram e também atiraram contra os bandidos, iniciando uma perseguição. Por sorte, ninguém se feriu. Cinco bandidos foram presos e armas, drogas e duas motocicletas apreendidas.

Também no sábado, policiais civis do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) evitaram um roubo a uma agência do Banco Santander no Bairro São Benedito, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Houve troca de tiros entre policiais e assaltantes. Dos cinco suspeitos, três foram baleados e encaminhados para atendimento médico, sendo que dois morreram e um foi internado. Outros dois foram presos. Nenhum policial ficou ferido. Segundo a polícia, a quadrilha era do Mato Grosso e planejava roubar o dinheiro dos caixas eletrônicos.

Sucessão de ataques

A semana passada já havia começado quente para as autoridades de segurança. Na terça-feira, uma quadrilha desafiou não apenas a polícia, mas uma cidade inteira no Noroeste de Minas. O quartel da PM de Buritis foi sitiado por uma quadrilha especializada em ataques a caixas eletrônicos, enquanto outra parte do grupo, fortemente armada, agia em três bancos.

Ao todo, eram 12 criminosos armados com fuzis e pistolas. De acordo com a Polícia Militar (PM), bandidos fortemente armados cercaram o quartel da corporação e impediram a saída dos militares com tiros e uso de bombas.

Quarta-feira, o escrivão da Polícia Civil Allan Ferreira Couto, de 30 anos, morreu no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), na capital, onde estava internado havia sete dias, depois de ser atingido por um tiro na cabeça durante operação policial em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.

Em 7 de setembro, o investigador da Polícia Civil Vinícius de Morais Mendes, de 29, foi baleado na Avenida Fleming, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, em uma tentativa de assalto. O policial estava com uma mulher e reagiu.

Em 23 de setembro, mais uma morte de policial em Pirapora, Norte de Minas. O investigador Cleomar Ataíde Vieira, de 47, que foi morto dentro da delegacia. Segundo a Polícia Civil, um dos suspeitos do crime entrou no local, pouco antes do homicídio, e ficou conversando com Cleomar. Enquanto distraía o investigador, outros dois suspeitos encapuzados pularam o muro lateral. A intenção, de acordo com as apurações, era de roubar armas e drogas armazenadas no local.

Outro policial foi morto em Contagem, na Grande BH, em 25 de setembro. O soldado da PM Daniel Assis Rocha, que trabalhava no 34º Batalhão da PM, Noroeste da capital, foi encontrado morto dentro de um carro no Bairro Flamengo, com ferimentos a tiros. Um dos suspeitos acabou preso.

Também foi registrado um homicídio de um policial militar no Bairro Pompeia, na Região Leste de BH, em 8 de outubro. Em Dom Cavati, naRegião do Rio Doce, um policial militar foi baleado ao atender uma ocorrência de assalto a agência dos Correios.

Com tantos ataques, policiais militares e civis de Minas vivem em constante alerta nos últimos anos. Em outubro de 2011, novembro de 2012 e em agosto deste ano, a Polícia Civil divulgou comunicados de possíveis ataques de uma facção criminosa paulista contra agentes das forças de segurança em Minas.

TREINAMENTO A Polícia Militar informou que tem investido no treinamento de sua tropa. Segundo a corporação, este ano são quatro militares da ativa que se envolveram em confronto e morreram, no ano passado foram dois e, em 2014, seis PMs.

“A Polícia Militar tem acompanhado os casos e investido no treinamento. Inclusive, acredita que treinamento tem sido importante. O policial militar atua mesmo de folga. A própria profissão, muita das vezes, induz a defesa de terceiros e pelo próprio juramento de proteção social o policial militar age mesmo estando de folga”, informou o chefe da sala de imprensa da PM, capitão Flávio Santiago.

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que lamenta as mortes de policiais e que orienta seus profissionais durante treinamentos e nas tarefas do dia a dia a sempre zelar pela vida.

"Porém, a própria natureza da atividade é de risco e a função policial nem sempre se esgota no horário de serviço. A PCMG procura, ainda, dar o apoio necessário aos familiares dos policiais. Como forma de resposta e acesso à Justiça, nas investigações e inquéritos em que policiais são vitimizados, a PCMG não poupa esforços para que os suspeitos sejam devidamente punidos", diz a nota enviada.


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