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Estado de Minas

Escolas de BH cancelam excursões para a Pampulha devido à febre maculosa

Autoridades e empresários ligados ao turismo temem queda nas visitas


postado em 24/09/2016 06:00 / atualizado em 24/09/2016 08:53

Funcionários da Gerência de Zoonoses coletaram carrapatos ontem na orla da Lagoa da Pampulha(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Funcionários da Gerência de Zoonoses coletaram carrapatos ontem na orla da Lagoa da Pampulha (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)

Pouco mais de dois meses depois de ter o conjunto moderno declarado Patrimônio Cultural da Humanidade e registrar aumento no número de visitantes, a orla da Pampulha passa agora a ser evitada por parte da população por causa do medo da febre maculosa, o que preocupa autoridades e empresários ligados ao turismo. A morte de um menino de 10 anos que frequentou o Parque Ecológico José Lins do Rego já havia provocado queda nas visitas ao local e cancelamento de excursões de escolas particulares à região. Ontem, dia seguinte à confirmação de um segundo caso da doença em que a infecção ocorreu na orla, a Secretaria Municipal de Educação informou que expediu recomendação às unidades da rede pública de ensino para evitar excursões no parque e entorno.

Na rede particular, visitas à Pampulha passaram a ser evitadas depois da confirmação da morte do menino Thales Martins Cruz no dia 4. A direção da unidade do Bairro Cidade Nova do Colégio Magnum Agostiniano, por exemplo, transferiu uma atividade com crianças do 1º ano de um clube na Pampulha para outro no Gutierrez, Região Oeste da capital. “Há cinco anos temos realizado o projeto ‘1º dia divertido’ em um clube na Pampulha. Nossos alunos não teriam contato com a orla da lagoa, mas com a confirmação do primeiro caso na região, de uma criança que teve contato com o carrapato-estrela, decidimos por mudar de local”, disse a gestora da educação infantil das primeiras séries, Joísa Abreu.

“Não se trata de alarmismo, mas foi uma decisão que deixa os pais tranquilos. Evita-se contratempos, de um bom trabalho que temos realizado por meio do projeto”, completou Joísa. Para a gestora, a solução do problema de infestação de carrapatos-estrela na Pampulha é necessária pela importância do espaço para iniciativas educacionais, principalmente atividades para inserção geográfica e histórica das crianças com sua comunidade.

Local visitado pela criança que morreu de febre maculosa, o Parque Ecológico registrou queda de 90% no público, segundo a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. No Zoloógico, por enquanto, não foi detectada queda no número de visitantes. Ainda não há estatísticas sobre queda no número de turistas, mas a situação já preocupa empresários do setor. “Ainda não houve impactos para o turismo, mas estamos preocupados. A Pampulha é o principal patrimônio da cidade”, diz José Maurício Gomes, presidente da Associação Brasileira de Viagens (Abav), seção Minas Gerais. “Algo tem de ser feito de imediato”, acrescenta.

O diretor de promoção e marketing da Belotur, Gustavo Mendicino, reconhece que a atividade turística pode sofrer prejuízos diante do atual quadro de risco. Ele criticou entraves para uma solução definitiva. “É claro que é uma situação que repercute negativamente no setor e que gostaríamos que não estivesse acontecendo. É uma questão que a prefeitura tem tentado solucionar já há algum tempo, mas  estamos sendo impedidos pelo Ministério Público Federal (MPF). Então, sim, precisamos que haja uma solução”, disse Mendicino. Ele se refere à recomendação do MPF para que capivaras confinadas pela prefeitura fossem soltas na Pampulha – as capivaras são hospedeiras do carrapato-estrela, que transmite a bactéria causadora da febre maculosa.

Varredura Ontem, técnicos da Gerência de Zoonoses da Regional Pampulha realizaram varredura em 11 pontos na orla da lagoa, a exemplo da pesquisa realizada na quinta-feira no parque ecológico. Foram três locais de coletas próximo à Igreja de São Francisco (Igrejinha da Pampulha), três próximos ao Museu de Artes, dois na Praça de Iemanjá e em mais três outros pontos. Essas áreas são as de maior circulação de público. O gerente de zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de BH, Eduardo Viana Vieira Gusmão, reconhece que a Pampulha é atualmente uma área de risco, quando se fala em contaminação por febre maculosa.

“Como em todas áreas verdes, como fazendas, cachoeiras, a vegetação da Pampulha oferece o risco do contato com o carrapato-estrela, ainda mais nesse período do ano. A questão não é abandonar a Pampulha, deixá-la como um todo, mas seguir com o trabalho de prevenção e informação sobre os riscos”, pontuou Gusmão. Segundo ele, a partir dos resultados das investigações é que será decidido se haverá reforço ou não das medidas de combate à infestação de carrapatos, bem como ampliação de áreas de isolamento.


BH tem mais dois
casos suspeitos

A Secretaria Municipal de Saúde de confirmou ontem mais duas notificações de casos suspeitos de febre a doença: um homem de 21 anos, atendido na UPA Oeste, mas que teve contato com cavalos em Contagem (Grande BH), e um homem de 48 anos, atendido na UPA Pampulha e que disse não não ter ido ao Parque Ecológico e ou à orla da lagoa nos últimos dias. No fim de semana, dois homens de 36 e 84 anos deram entrada no Hospital Eduardo de Menezes com suspeita da doença, mas já receberam alta. São quatro casos suspeitos em investigação na capital, dois confirmados e uma morte. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), há em Minas 12 casos da doença confirmados este ano em nove municípios: Tombos (1), Divinópolis (4), Chiador (1), Belo Horizonte (2), Antônio Dias (1), Senador Modestino Gonçalves (1) e Mathias Barbosa (1). Quatro pacientes morreram, dos quais dois em Divinópolis, um em Belo Horizonte e um Antônio Dias.


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