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Estado de Minas

Briga entre torcedores de Atlético e Cruzeiro em Contagem pode ficar sem investigação

Como o boletim de ocorrência foi fechado como lesão corporal leve, o inquérito só é aberto quando há uma representação na delegacia. Nenhuma vítima procurou a polícia


postado em 13/06/2016 17:22 / atualizado em 13/06/2016 20:38

Pedras usadas pelos torcedores no confronto em Contagem(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
Pedras usadas pelos torcedores no confronto em Contagem (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)

O conflito entre torcedores de Atlético e Cruzeiro nesse domingo, que provocou pânico em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte antes do clássico mineiro, pode passar impune. A Praça Paulo Pinheiro Chagas, no Bairro Eldorado, foi tomada por dezenas de atleticanos e cruzeirenses que se enfrentaram com paus, pedras e barras de ferro. Três pessoas ficaram feridas, duas delas ainda seguem internadas, e ninguém foi preso. Como o boletim de ocorrência foi fechado, segundo a Polícia Civil, como lesão corporal leve, o inquérito só é aberto quando há uma representação na delegacia. Como nenhuma vítima procurou a polícia para representar, o caso não está sendo investigado. De acordo com o promotor Fernando Ferreira Abreu, da Promotoria de Defesa do Consumidor, responsável por apurar conflitos entre torcidas organizadas, as baixas penas e a falta de fiscalização das pessoas envolvidas ajudam na impunidade.

A confusão ocorreu por volta das 10h. Segundo a PM, cerca de 30 torcedores do Atlético e 50 do Cruzeiro se encontraram no momento em que cada grupo se dirigia para a partida realizada entre os dois clubes, válida pelo Campeonato Brasileiro, na Arena Independência, Bairro Horto, Leste de BH. Vídeos divulgados na internet mostram os momentos de selvageria. Pelas imagens, é possível ver pedras atiradas a todo momento, com correria dos envolvidos. Depois que todos foram embora, a praça ficou cheia de pedras espalhadas. Também foi vista uma barra de ferro solta no chão e alguns pedaços de pau. Uma das pedras lançadas acabou acertando o vidro de um supermercado da região, dando um susto nos funcionários que trabalhavam no momento. Foi necessário fechar a porta do estabelecimento para que a confusão não se estendesse ao centro de compras ou algum cliente fosse atingido.

A Fundação Hospital de Minas Gerais (Fhemig) informou que dois torcedores que ficaram feridos no confronto seguem internados. Breno Caique Silvestre Pereira, de 21 anos, e Luiz Fernando Gonzaga Vitalino, de 32, têm o estado de saúde estável e seguem no ambulatório da unidade. Já Yuri Breno de Assis, de 22, recebeu alta na manhã desta segunda-feira.

Segundo a Polícia Civil, a ocorrência foi registrada como lesão corporal leve. Como não houve nenhuma prisão em flagrante, as vítimas têm que procurar a delegacia para fazer uma representação. Somente se houver a denúncia é que o crime será investigado pelo delegado. Até às 16h30 desta segunda-feira, ninguém tinha feito a representação.



O promotor Fernando Abreu informou que ainda não foi comunicado sobre a briga. Segundo a PM, nenhum integrante de torcida organizada foi identificado na confusão. As torcidas só serão punidas se for comprovada a participação de integrantes das agremiações no fato. “Somente diante da comunicação da PM e se tiver alguma ligação com torcedores organizados é que a promotoria da capital vai tomar medidas. Se não houver ligação com as agremiações, será analisada em Contagem, já que será crime comum”, afirmou. Segundo ele, neste ano nenhuma torcida organizada foi punida. No confronto do clássico no campeonato mineiro, em 27 de março, quando 173 pessoas foram detidas na Avenida Cristiano Machado, Região Nordeste de BH, nenhum integrante de torcida organizada foi identificado.

Para o promotor, a impunidade e a falta de fiscalização dificultam o controle dos brigões. “Todas as vezes que foram comprovadas a participação de integrantes das torcidas houve punições de suspensão de ingresso com pessoas com material de identificação, como camisetas e bandeiras. Mas o grande problema é a impunidade. As sanções são muito baixas, a fiscalização dos indivíduos são péssimas, então acaba que não vale a Justiça punir se não houver fiscalização”, afirmou. “Se não tiver uma polícia voltada para esse tipo de situação e Justiça que traga punição severa, vamos prender e no outro domingo a pessoa caçará confusão novamente”, completou. (RB)


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