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Estado de Minas

Jovem bailarino com problema de crescimento consegue o tratamento de que precisa

Após Estado de Minas publicar história do bailarino Christopher Cruz, que tem 14 anos e 1,47m de altura, faculdade de medicina oferece tratamento sonhado pelo adolescente


postado em 07/04/2016 06:00 / atualizado em 07/04/2016 07:24

Christopher Cruz, que chorou ao iniciar uma campanha nas redes sociais para conseguir comprar hormônios de crescimento, agora sorri, depois de saber que conquistou o tratamento gratuito(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Christopher Cruz, que chorou ao iniciar uma campanha nas redes sociais para conseguir comprar hormônios de crescimento, agora sorri, depois de saber que conquistou o tratamento gratuito (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
O sorriso da esperança substitui agora as lágrimas de frustração, ansiedade e falta de perspectivas. O adolescente bailarino Christopher Cruz, de 14 anos, morador de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vai fazer o tratamento para crescer – ele tem 1,47 metro de altura e pesa 39 quilos – no Hospital Universitário São José, da Faculdade de Ciências Médicas, na capital. O serviço gratuito oferecido pela instituição poderá ser iniciado na semana que vem, informou, ontem, o chefe do Setor de Endocrinologia, professor Levimar Rocha de Araújo. “Vamos identificar o problema, fazer uma série de exames, enfim, uma avaliação completa”, explicou o endocrinologista, que tomou conhecimento da história do adolescente ao ler a reportagem publicada na terça-feira no Estado de Minas. “Ficamos muito sensibilizados com o relato dele”, afirmou.


O médico explicou que os medicamentos poderão ser obtidos por meio de uma campanha ou de uma cotização na própria instituição. “Vai dar tudo certo”, tranquilizou Levimar. A primeira consulta, tudo indica, deverá ser na próxima terça-feira, no hospital localizado no Barro Preto, na Região Centro-Sul da cidade. No tratamento, estão incluídos vários aspectos como medicação, alimentação, com dieta rica em cálcio, atividades físicas e educação. “Esse último significa você ser o seu próprio médico, sendo muito importante dormir cedo e ter outros cuidados. Como ele ensaia muito, a atividade física não será empecilho”, explica o médico.

Christopher soube da boa notícia, por volta das 14h30, pouco antes de começar a aula no Studio Arte e Passo, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de BH, onde integra o grupo jovem da escola de dança. Não parava mais de rir e de receber o carinho da turma. “Estou muito feliz mesmo. Não esperava uma resposta tão rápida”, afirmou, ao lado da professora de dança e diretora da escola, Liana Sáfadi. Para ela, com certeza, será um novo tempo na vida do garoto chamado carinhosamente de “meu pequeno príncipe” e que divide o dia corrido entre o balé, o nono ano na Escola Municipal Francisca Alves, no Bairro Santa Terezinha, na Região da Pampulha, e os deveres de casa. “Técnica e artisticamente, ele é muito bom bailarino, tem grande futuro”, afirma Liana.

Veja o depoimento de Christopher Cruz


DESCULPAS Os dois últimos dias foram de muitas emoções para o filho de um motorista e de uma auxiliar odontológica e irmão de Sabrina, de 17, e de um menino autista, Cauã, de 6, que, no sábado, postou nas redes sociais um desabafo seguido de uma campanha para conseguir o sonhado tratamento e os medicamentos. O motivo de aflição foi verificar, numa farmácia, o preço da vacina somatropina (hormônio de crescimento humano) recomendada: R$ 88 a dose diária, totalizando mais de R$ 2,5 mil mensais. Ao EM, Christopher contou que lutava contra o tempo, pois a explicação de uma médica, que consultara na semana passada, era de que a aplicação fosse iniciada imediatamente, antes que a puberdade avance e venha a fase do estirão (crescimento acelerado na puberdade).

Christopher tem idade óssea de 12 anos e agora seu talento vai ter ajuda da ciência para levá-lo, conforme seu desejo, pelo mundo afora. O endocrinologista Levimar esclarece que o ser humano cresce até os 18 anos, mas na idade óssea e não cronológica. Se Christopher tem idade óssea de 12 anos, pode crescer até os 20 anos (na idade cronológica).

A aula está quase começando e o aluno aplicado ainda precisa vestir a malha preta e se juntar ao grupo. Nesses minutos preciosos, tem uma revelação importante a fazer. “Sempre tive alguns problemas, na escola pública, por causa do bullying. Eram muitos os apelidos que me punham, ficava sempre chateado. Pois ontem (terça-feira), a aula até começou 10 minutos mais tarde, pois a matéria do jornal foi comentada pelos professores e alunos. Muitos se surpreenderam, pois não sabiam que eu estava sofrendo tanto. Tão importante como isso foi receber mensagens, com pedido de desculpas, de colegas que faziam o bullying comigo”, contou o adolescente. O assunto voltará a ser discutido na instituição de ensino.

Levimar Rocha de Araújo, chefe do Setor de Endocrinologia do Hospital Universitário São José, da Faculdade de Ciências Médicas, vai coordenar tratamento do adolescente(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Levimar Rocha de Araújo, chefe do Setor de Endocrinologia do Hospital Universitário São José, da Faculdade de Ciências Médicas, vai coordenar tratamento do adolescente (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

GUERREIRO O interesse de Christopher pela dança começou aos oito anos, quando assistiu, no site YouTube, a um vídeo do bailarino russo naturalizado norte-americano Mikhail Baryshnikov. Mas lá pelos 10, 11 anos, viu o seu crescimento estacionar e, com ele, todas as esperanças de ser um profissional com porte e força suficientes para levantar as bailarinas nos braços ou participar de coreografias em grupo. “Tenho colegas de 15 anos muito altos. Sou o menor da turma e isso me deixa muito infeliz. Não quero ser solista, quero o crescimento em todos os sentidos: na estatura e no palco”, afirma o jovem.

Com 15 anos e 1,80m de altura, o colega de dança e também residente em Contagem, Pablo Garcia, elogia a garra de Christopher, a quem considera um guerreiro, tanto pela dedicação extrema ao balé como ao fato de “correr atrás do seu sonho”. Ao lado, Mariana Fiorini, de 17, considera “linda” a determinação do amigo e enaltece o jeito de ser do bailarino, “uma pessoa muito querida por todos nós”.

Mais feliz nessa história está a mãe do adolescente, Márcia Rita Januário, que, junto ao marido, Wanderson, dá apoio integral à escolha do filho. “Não temos condições de bancar um tratamento desses, é muito alto para nosso orçamento. Fico feliz que tenham compreendido os seus objetivos. Vou acompanhá-lo em tudo”, afirma Márcia. Enquanto isso, o garoto volta a sorrir e exprime em três palavras todos os seus planos: “Quero ser bailarino”.


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