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Estado de Minas

Padre espera que pichador seja punido e vê ação profissional

Há três anos como capelão da Igrejinha da Pampulha, Ademar Ragazzi considera pichação em um dos símbolos do patrimônio de BH inconcebível e não esconde a tristeza pelo ato de vandalismo


postado em 23/03/2016 06:00 / atualizado em 23/03/2016 07:48

Padre Ademar Ragazzi, que há três anos é capelão da Igrejinha da Pampulha, considera a pichação como um ato inconcebível(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
Padre Ademar Ragazzi, que há três anos é capelão da Igrejinha da Pampulha, considera a pichação como um ato inconcebível (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
Há três anos como capelão da igreja da Pampulha, o padre Ademir Ragazzi não esconde a tristeza pela agressão ao monumento, que, em 2010, foi alvo de um pichador adolescente depois apreendido pela polícia. “É um ato inconcebível, pois mostra que muitos seres humanos não amadureceram na maneira de conviver e, assim, são agressivas. Isso dói muito”, lamentou o religioso que pede punição para o culpado e o considera um “profissional da pichação e não apenas um aventureiro”.

Na parte da manhã, fizeram vistoria na igrejinha a arquiteta da Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura (FMC)/PBH, Luciana de Carvalho Teixeira, e as técnicas da Gerência de Ação preventiva do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) Andréa Sasbili Leite Praça e Flávia Alcântara. As três preferiram não fazer comentários sobre a pichação. Mas quem passava pelas imediações não se furtava a gritar em voz alta palavras como “vergonha” e “absurdo”. Construído entre 1943 e 1945 e com visitas mensais de 3 mil pessoas, o templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Iepha e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal.

Na caminhada matinal ao lado da mulher Cláudia Oliveira, o empresário Geraldo César de Sá, morador do Bairro Castelo, ficou impressionado com o que viu. “Isso só pode ser um caso patológico”, afirmou Geraldo, ciente da gravidade que é sujar uma obra projetada por Niemeyer e candidata a patrimônio da humanidade – o título com a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) será anunciado em junho, em Istambul, na Turquia. Ao olhar bem de perto as pichações, Cláudia se mostrou “estarrecida”.

Na sua bicicleta, o educador ambiental Marcelo José Cândido, também morador do Bairro Castelo, considerou a pichação um ato de vandalismo e culpou o poder público pela falta de segurança na Região da Pampulha. Enquanto isso, a arquiteta carioca Ana Carolina Xavier Soares, de 20, se mostrava horrorizada ao conferir os garranchos no meio da figura de São Francisco. “É a primeira vez que venho aqui e estou achando um absurdo”, comentou a jovem ao lado da avó e professora de literatura Ilma Souza de Oliveira.

RESTAURAÇÃO ADIADA Prevista inicialmente para este mês e depois adiada para agosto, a restauração da Igreja de São Francisco de Assis só começará em janeiro. A situação de degradação é urgente, conforme especialistas. Em 23 de janeiro de 2014, o Estado de Minas mostrou a situação da edificação considerada joia da arquitetura brasileira e atrativo para visitantes que, todos os dias, se enfileiram na calçada para tirar fotos e admirar o cartão-postal de BH. Com jardins de Burle Marx e painéis de Cândido Portinari e Paulo Werneck, o monumento traz as marcas de infiltrações, queda de reboco na marquise e muita sujeira nas pastilhas externas. E mais: falhas na calçada de pedras portuguesas e desprendimento, perto da torre, de parte da pintura.


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