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Estado de Minas

Escolas particulares prometem mobilizar 1,3 milhão de alunos no combate ao Aedes aegypti

Um grupo de estudantes de colégio em BH se uniu para estudar os hábitos e o ciclo de vida do Aedes aegypti, com a intenção de contribuir para o combate ao mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya


postado em 04/03/2016 06:00 / atualizado em 04/03/2016 07:29

Estudante como Izabella Álvares e Rachel Marques já aderiram ao combate e integram projeto da escola, em conjunto com equipes da UFMG, para desvendar ciclo do mosquito(foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
Estudante como Izabella Álvares e Rachel Marques já aderiram ao combate e integram projeto da escola, em conjunto com equipes da UFMG, para desvendar ciclo do mosquito (foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
As estudantes Izabella Álvares, de 14 anos, e Rachel Marques, de 15, sabem que o Aedes aegypti não dá trégua e que, se estiver contaminado pelo vírus da dengue, pode matar. Preocupadas com essa e outras doenças que voam com o mosquito, elas se uniram a um pelotão de estudantes que tem tudo para ser reforçado nos próximos dias, com a decisão do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) de se alistar na guerra contra o vetor da dengue, zika e chikungunya. Instituições como o Colégio Magnum, onde estudam Izabella e Rachel, já entraram na luta. Lá, o objetivo do grupo integrado pelas alunas é estudar o ciclo de vida do inseto e repassar conhecimentos a colegas. Mobilização bem-vinda em um momento crítico da epidemia: o estado já registra mais de 124.729 casos prováveis de dengue e 13 mortes pela doença, segundo a Secretaria de Saúde (SES-MG).

Uma cartilha que pode incentivar iniciativas do tipo foi lançada ontem pelo Sinep-MG, em conjunto com Defesa Civil e Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, para orientar escolas particulares e conscientizar seus alunos. Entre as orientações está o incentivo para a mobilização de estudantes, pais, professores e funcionários em ações educativas, mas também em trabalhos interdisciplinares e gincanas sobre o assunto. O presidente do sindicato, Emiro Barbini, conta que a seriedade do momento foi o gatilho para a ação, cujo objetivo é ultrapassar os muros da escola. A intenção é que 1,3 milhão de alunos sejam atingidos pela campanha, levando informações para parentes e vizinhos.

Ações conscientização, segundo Barbini, se dão melhor em ambientes de ensino. “Acreditamos na nossa responsabilidade de entrar de forma firme, simples e prática, incentivando atividades nas escolas, além da vigilância dentro da própria instituição de ensino, que pode ter criatórios de dengue”, avalia ele, que reforça o protagonismo de alunos até do ensino superior. “Queremos que todos sejam multiplicadores e influenciem suas famílias e comunidades”, diz.

É o que fazem os alunos do Magnum, que trabalham em parceira com a Universidade Federal de Minas Gerais e seu Laboratório de Ecologia Química de Insetos Vetores para descobrir mais informações sobre o mosquito e repassá-las a estudantes e comunidade. O professor de biologia Iãncor Pereira conta que armadilhas usadas para neutralizar ovos do mosquito, chamadas  ovitrampas, serão acompanhadas pelos participantes, com apoio semanal da UFMG. “Além do aprendizado científico, do estudo prático sobre o ciclo de vida do vetor e seus impactos, a ideia é que eles levem o ensinamento a outras pessoas”, explica. Outro trabalho será um mutirão no Bairro Nova Floresta, onde fica a escola, com a apresentação dos resultados obtidos pelos alunos.

Foi uma oportunidade que Rachel Pereira, do segundo ano do ensino médio, não quis desperdiçar. Como ela, outros 100 alunos se candidataram ao trabalho voluntário, feito fora de sala de aula. “Acho que a maioria das pessoas sabe que é grave, mas não tem muitas informações. Alguns têm informações equivocadas sobre o mosquito e essa é uma boa oportunidade para aprender mais”, revela. Para Izabella Álvares, a ação realizada na escola também ajuda a proteger sua família. “Às vezes a gente acha que o problema nunca vai chegar até nós, mas está mais perto do que imaginamos e é preciso proteger quem amamos”, afirma a adolescente, que teve um tio contaminado por dengue este ano.

O secretário de Saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta Júnior, confirma o momento de epidemia enfrentado pela capital e o período de transmissão intensa. Mas acredita que o conjunto de ações, com mutirões de limpeza, visita de agentes às residências e parcerias com diversos setores da sociedade, especialmente com as escolas, trará redução na infestação e, por consequência, na transmissão. “Os países que conseguiram dar salto de desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida começaram pela educação”, disse, no encontro com o Sinep. Ainda de acordo com ele, esse é um passo extremamente importante para resultados de curto, médio e, principalmente longo prazo. “Vamos criar um grupo de cidadãos que vão compreender e praticar medidas simples e que fazem diferença.”

O coronel Alexandre Lucas, coordenador municipal da Defesa Civil, lembra que a epidemia demanda propagação de informações para eliminação dos focos. “A entrada dos alunos das escolas particulares aumenta nossa rede de atenção contra o mosquito”, disse. Entre as escolas já inseridas na rede de combate ao Aedes aegypti está o Colégio Padre Eustáquio, que discute o tema em sala e promove atividades para inserir os alunos no debate. Já a Escola Madre Paula, no Bairro Providência, organizou atividades práticas, com apresentações sobre os riscos das doenças. No Colégio Santa Maria da Pampulha, um convite foi feito feito à comunidade escolar para contribuir com o combate aos focos, orientando alunos, vizinhos e familiares a observar locais onde há possibilidade de foco do mosquito.

REFORÇO NA REDE Dentro do Plano de Contingência Assistencial de Belo Horizonte para pacientes com dengue, zika e chikungunya, o secretário Fabiano Pimenta anunciou a abertura de novo centro de atendimento específico, no Centro de Saúde Padre Tiago, no Bairro Alípio de Melo, Regional Pampulha, a partir de segunda-feira. De acordo com o secretário, o serviço trará celeridade aos atendimentos, desafogando as unidades de Pronto-Atendimento. Na UPA Odilon Behrens, onde já funciona uma unidade de hidratação com capacidade para 40 leitos, outro centro de atendimento será entregue no mesmo dia. “Esses locais permitem que o usuário não tenha que passar antes pelas UPAs e centros de saúde. O objetivo é agilizar o atendimento ao paciente com suspeita de dengue.”

MEMÓRIA

Prontidão iniciada no ensino público

Alunos do ensino fundamental, de unidades municipais de educação infantil (Umeis) e creches conveniadas à Prefeitura de BH receberam, no mês passado, a missão de vistoriar semanalmente suas próprias casas. No início das aulas, cerca de 200 mil alunos receberam um check-list com situações que devem ser observadas no cotidiano. Cuidados com o lixo e o quintal estão entre as prioridades. A atividade funcionará como um dever de casa, que será devolvido e analisado pelos professores. Feitos os relatórios, a coordenadora do programa Saúde na Escola, Ludmila Skrepchuk, explica que serão realizados debates em sala. Desde o mês passado, profissionais do mercado imobiliário e empresas também abraçaram a causa e se mobilizam no combate ao mosquito. No caso dos corretores, eles colaboram com a inspeção de cerca de 50 mil imóveis disponíveis para a venda ou locação, que, por estarem fechados, apresentam alto risco de abrigar focos.

Avanço também nos casos de zika

O número de casos de microcefalia em recém-nascidos que podem ter relação com a zika vírus segue em alta na capital mineira. A Secretaria Municipal de Saúde informou ontem já ter recebido 21 notificações – uma a mais que na última semana – sendo 10 de moradores da capital e 11 de fora do município. Desses, três foram descartados e 18 seguem em investigação. A capital mineira não registrou casos de microcefalia em recém-nascidos relacionados com zika. Porém, tem três gestantes que contraíram a doença, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo o balanço semanal da pasta, Minas tem 30 grávidas com a doença e 121 casos ainda sob análise. Em uma semana, o número de infectadas no estado dobrou.


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