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Estado de Minas

Ato cobra presença efetiva da polícia e da Guarda Municipal na Praça do Papa

Moradores do Bairro Mangabeiras se manifestam e pedem a volta da tranquilidade a um dos cartões-postais de BH. No começo do mês, casal de jovens foi morto no local


postado em 22/02/2016 06:00 / atualizado em 22/02/2016 08:12

O ato serviu para que as pessoas cobrassem uma presença mais efetiva da Polícia Militar e da Guarda Municipal no entorno da praça(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O ato serviu para que as pessoas cobrassem uma presença mais efetiva da Polícia Militar e da Guarda Municipal no entorno da praça (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Num ato simbólico pela paz e volta da tranquilidade à região, moradores do Bairro Mangabeiras deram abraço simbólico na Praça do Papa, Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã de ontem. Eles deram as mãos e formaram um círculo em torno da cruz no alto da praça. Os manifestantes, muitos deles vestidos de preto, pediram ações mais efetivas contra a violência. No dia 1º, um casal foi espancado até a morte durante um baile funk no local, organizado pelas redes sociais. “O objetivo é valorizar o convívio geral. A praça é de toda a população, não é somente do bairro. Não queremos que ocorram mais mortes, fazendo com o que local seja inviável para quem mora aqui e também para quem passeia”, afirmou o presidente da Associação de Moradores do Bairro Mangabeiras, Alberto Dávila.

Os moradores pedem presença efetiva da Polícia Militar e da Guarda Municipal, principalmente à noite. A entidade negocia com a corporação um ponto de observação e vigilância (Pove). De acordo com Alberto, não seria uma estrutura fixa, mas uma equipe de policiais para circular por todo o bairro. Os moradores se queixam dos bailes funk que acontecem no espaço público depois das 22h, descumprindo a Lei do Silêncio, e dos motociclistas e motoristas que transformam a região em pista de corrida durante a madrugada. “Defendemos o uso de lazer do local, que é lindo. É um espaço para contemplação para todos nós, moradores e pessoas de outras áreas da cidade. A reclamação não contra pobre ou rico, é contra a marginalidade que toma conta da praça por meio do uso abusivo e venda de drogas”, afirma Alberto.

Na avaliação dos moradores, a falta de fiscalização do trabalho de ambulantes contribui para o descontrole da segurança na região. Alberto defende que os vendedores atuem até as 22h e não estendam o trabalho na madrugada. “Falta à prefeitura fiscalizar os ambulantes e permitir que atuem apenas os que são cadastrados. Muita gente pensa que não queremos que as pessoas usem a praça. Não é isso. Só queremos o cumprimento da lei. Em determinados horários, você encontra até menores consumindo drogas por aqui.”

O cirurgião plástico Eduardo Nigri, de 55, e a mulher, a advogada Rute Nigri, de 51, participaram do ato. “É uma tentativa de sensibilizar a população sobre os problemas enfrentados na praça. É um lugar público muito agradável, que está sendo mal utilizado devido ao uso de drogas por jovens e a música em volume muito alto. Tudo isso atrai a violência. Pedimos que as autoridades deem atenção no que tange à segurança”, diz Eduardo. Rute lembra que, durante o dia, a praça é bastante familiar. “Vem muita criança, namorados durante o dia. Quando começa a noite, a praça se transforma. Vem a baderna, vem o tráfico, vem a droga.”

O casal Eduardo e Rute Nigri disse que é preciso que toda a população de BH se sensibilize com a situação na região(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O casal Eduardo e Rute Nigri disse que é preciso que toda a população de BH se sensibilize com a situação na região (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Embora a manifestação fosse pela paz, os moradores resolveram usar o preto devido às mortes que ocorreram e também para denunciar a deterioração da região. “É uma manifestação de luto pela perda de qualidade da praça. Nos manifestamos também pela perda da vida de dois jovens”, defendeu a advogada Aparecida Lopes Cançado, de 68. Para ela, a realização de bailes funk desvirtua a vocação do espaço público, que recebe eventos de meditação, famílias e namorados em piqueniques. “A praça é para crianças e famílias que querem desfrutar. É o coração do bairro, mas é uma praça de toda a cidade. É referência para os católicos. De repente, está perdendo tudo isso e as famílias se afastaram.” O assessor de comunicação da associação de moradores, Marcelo Marinho, informou que a entidade entrou em contato com a PM, BHTrans, Regional Centro-Sul e Fundação Municipal de Parques e Jardins para ações de valorização da praça. A entidade espera que, até julho, sejam instaladas três câmeras de monitoramento na área.

Memória - Problemas começaram em 2011

Há pelo menos cinco anos a Praça do Papa tem sido ocupada à noite por grupos de jovens que usam carros com o som ligado a todo volume, bebem, usam drogas, muitas vezes em eventos que se estendem pela madrugada. Em fevereiro de 2011, equipe de reportagem do EM acompanhou uma “festa” no meio da praça, com menores bebendo, consumindo drogas e dançando na frente dos veículos. A PM fez blitz no local logo depois da publicação da denúncia, mas poucos meses depois os problemas voltaram, tornando-se frequentes desde então. O ápice da violência foi o assassinato do casal Vitor Almeida de Oliveira, de 23 anos, e Lara Ferraz Medina da Silva, de 16, no começo deste mês. Até o momento, nenhum envolvido no duplo homicídio foi preso.


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