Um percurso de quase seis quilômetros em um bairro mais afastado do Centro de Belo Horizonte foi o cenário escolhido pelo bloco Pena de Pavão de Krishna para entoar sua batida zen no carnaval deste ano. O bloco, que encanta pela beleza estampada no corpo com a cor azul, mais uma vez reuniu uma multidão. Ao som de mantras indianos e afoxé, os foliões seguiram debaixo de um sol forte até a cidade vizinha de Sabará, na Região Metropolitana. Cerca de 5 mil pessoas participaram da festa, segundo estimativas da Polícia Militar.
Os integrantes do bloco e os foliões começaram a se preparar para a maratona logo cedo. Às 7 horas, o azul, cor que homenageia Sri Krishna, a personalidade de Deus, segundo o movimento indiano Hare Krishna, já dominava a Praça Arlinda Bonsucesso, local escolhido para a concentração. Quem não veio de casa pronto para a festa recebeu a pintura ali mesmo, contanto, claro, com a ajuda de outros foliões. A festa começou em seguida, depois do café da manhã e de um mantra.
Logo na saída do desfile, um incidente com um dos integrantes do bloco trouxe preocupação. A roda de um carrinho de suprimentos, que estava acoplado ao trio elétrico, passou sobre o pé de Rafael Gonzo. Solidários, integrantes do bloco carregaram o rapaz até um carro que o levou a um hospital. Antes de sair, Rafael pediu que o público orasse por ele.
Passado o susto, a bateria voltou a tocar e a alegria novamente tomou conta dos foliões. O clima de descontração ganhou reforço com a presença de várias crianças. Ana Mel Oliveira, de 26 anos, artista circense, viveu um momento especial com a filha Olívia, de apenas 11 meses. "A Olívia passou o carnaval do ano passado na minha barriga e agora é o primeiro presencial", diz Ana.
O local escolhido pelo desfile agradou parte do público. "O mais legal do PPK é essa intenção de levar o carnaval para lugares mais longe do Centro", destacou Ana Mel". Nos anos anteriores, o bloco desfilou no Bairro Floresta, depois no Jardim América e no ano passado na Lagoinha.
O trajeto longo até Sabará, no entato, exigiu disposição. Muitos foliões desistiram no caminho. Pouco policiais militares fizeram a segurança do bloco. Apesar disso, o clima de paz dominou todo o percurso.
Com o corpo todo azul, Bruna Abreu destacou o sentimento presente no desfile: "O bloco tem uma energia diferenciada, a intenç%u0101o é conectar com o divino e trazer paz para o espírito", diz.
Paz que até o cachorro Jack teve o privilégio de sentir. Ele foi levado à festa pelos donos Diego Valadares, 32, estudante, e Maíra dos Santos, 27, gestora pública, que trouxeram o amigo para a folia.
Com informações de Guilherme Paranaíba e Valéria Mendes