Três anos para garantir a demolição do anexo do Iate Tênis Clube (ITC) que interfere no projeto arquitetônico original de Oscar Niemeyer para a Lagoa da Pampulha. Esse é o prazo que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) terá para viabilizar as adequações necessárias a partir de junho, caso o complexo da Pampulha ganhe o título de patrimônio cultural da humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Segundo o secretário municipal de Governo, Vítor Valverde, até o fim dessa semana será enviado ao Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) um documento que garante o compromisso do Iate e da PBH com relação à necessidade de eliminar o anexo do clube construído na década de 1970, condição atrelada ao tão desejado título da Unesco.
Valverde diz que as duas diretorias do Iate envolvidas nas discussões estão colaborando no processo e ainda não há uma certeza sobre qual será a fonte dos recursos necessários para demolir o puxadinho e adequar a estrutura do clube ao conjunto arquitetônico. O orçamento inicial para os trabalhos é de R$ 8 milhões e, atualmente, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) está desenvolvendo um projeto para detalhar quais seriam as modificações, assim como os valores. O secretário de Governo diz ainda que a probabilidade de que o recurso seja público é grande. “O poder público tem que agir porque deixou a edificação ser feita há décadas e, na época, não tomou providências. Não embargou nem impediu a obra. Mas ainda não há essa definição de quem vai arcar com os recursos”, acrescenta.
CONDICIONANTES No mesmo documento que está sendo preparado para esta semana, a prefeitura vai constar possíveis condicionantes que podem surgir durante o processo de demolição do puxadinho, como consultas à Câmara Municipal ou a algum tipo de conselho, como o do patrimônio. De qualquer forma, a viabilização do ponto que é considerado o último obstáculo para a cidade ter reais condições de ganhar esse título vai ficar para a próxima administração. “É um compromisso assumido pelo município e não por um governo. O principal é que a concessão desse título colocaria BH em outro patamar. Além disso, às vezes, é a concessão do título que viabiliza parte do que precisa ser feito”, explica Valverde, garantindo que BH estará em uma posição confortável para buscar o título daqui a quatro meses. O resultado será divulgado pela Unesco em junho de 2016, em Istambul, na Turquia.
Segundo Alfredo Lomasso, assessor da atual presidência do ITC, a expectativa do clube é que, até o fim dessa semana, o documento citado pela prefeitura seja assinado, garantindo o comprometimento de ambas as partes na solução do problema criado pelo anexo. “Estamos aguardando a assinatura do documento para falar sobre novas etapas”, disse.
Entenda o caso
- O Iate Tênis Clube foi construído em 1943 por encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek para ser um clube público.
- Em 1961, a venda do espaço à iniciativa privada foi concretizada e, a partir daí, começaram reformas na área do clube, uma delas da década de 1970, que instalou um anexo de dois pavimentos.
- Atualmente, esse anexo abriga uma garagem, salão de festas e academia e impactou diretamente na visualização do conjunto, segundo arquitetos consultados.
- De acordo com a prefeitura, o projeto arquitetônico prevê a articulação do espelho d’água com os monumentos, o que não ocorre com a presença do anexo, também conhecido como “puxadinho”.
- Em maio do ano passado, o Estado de Minas revelou a preocupação da prefeitura, até então mantida em sigilo sobre essa interferência.