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Estado de Minas

Após passagem de lama das represas, cenário no Rio Doce é desolador

Desde o rompimento de barragens, o Rio Doce se transformou em uma corredeira lamacenta ladeada por montes de galhos, lixo, entulho e animais em decomposição


postado em 10/11/2015 06:00 / atualizado em 10/11/2015 12:00

Depois da passagem da avalanche liberada pelo desastre, restaram montanhas de sujeira e barcos encalhados ao longo do curso(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Depois da passagem da avalanche liberada pelo desastre, restaram montanhas de sujeira e barcos encalhados ao longo do curso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e São José do Goiabal –
O rio que sustenta uma das regiões mais importantes de Minas Gerais é desde sábado uma corredeira de água barrenta, margeada por um emaranhado de troncos de árvores, animais em estado de putrefação, garrafas PET, peças de roupas e toneladas de peixes podres disputados por urubus. Não bastassem a poluição, o esgoto sem tratamento e o desmatamento da mata ciliar que o minam a cada ano, o Rio Doce sofre agora com o lamaçal que escorreu das barragens de rejeito da Samarco, que se romperam na última sexta-feira em Mariana. Os primeiros atingidos foram os rios Gualaxo e Carmo – este último, ao se unir ao Piranga forma o Doce –, por volta das 6h da manhã de sábado, menos de 14 horas depois do rompimento do primeiro reservatório, a cerca de 125 quilômetros de distância.



O cenário é desolador em Rio Doce, cidade da Zona da Mata onde os rios se encontram. De uma ponte, na entrada da cidade, os moradores assistem à força da água enquanto apontam restos de animais mortos e objetos carregados pela correnteza. A água subiu cerca de quatro metros, obrigando a Usina Risoleta Neves a abrir as comportas, abrindo caminho para a lama escorrer rumo à foz. “Tivemos que abrir, porque não suportou a lama, senão iria estourar tudo. Foi impressionante a força. Nós fizemos um trabalho de reflorestamento de mata ciliar, para recompor nascentes, e a água levou tudo. Não sobrou nada”, lamenta Carlos Eduardo, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Piranga, que se preocupa com a piora do assoreamento da região. “Quando começar a secar, a lama vai acabar decantando, e a situação, que já é grave, vai piorar. Os peixes não têm mais oxigênio.”

O antigo Lago Candonga, que se formava por causa da represa da usina, não existe mais. “Ficou só isso aí, uns troncos de árvore”, lamenta Denner Lucas, vigia da usina. “Antes, eram cinco carros aqui parados para pescar: pintados, carpas. Agora, só se for para brigar com urubu. É muito triste ver tudo acabado assim”, comenta o gesseiro Sidney Paulino, da vizinha Dom Silvério.

SEM ATIVIDADE A situação continua grave à medida que a lama de rejeitos avança rumo à foz. Até a Cenibra, gigante da celulose, teve de interromper atividades em duas linhas de produção em Belo Oriente, devido à impossibilidade de usar a água do Rio Doce.

Em poucos minutos à beira do rio, é de impressionar a quantidade de peixes que descem boiando. “Tem até peixe de uns 20 quilos descendo”, afirma o operador de máquina Gerimal da Silva Flaver, que trabalha em um areal em São José do Goiabal, no Vale do Aço. Ele está sem serviço, porque a dragagem teve de ser interrompida na sexta-feira, por causa da sujeira nos bancos de areia. "Não sei quando volto a trabalhar", comenta. Perto dali, uma balsa privada que liga o município à vizinha São Pedro dos Ferros voltou a funcionar ontem, depois de ficar dois dias parada por causa do nível do rio, que subiu 3,30 metros no local. Ontem, segundo o piloto da balsa, o rio ainda estava 50 centímetros acima do normal.
Ver galeria . 10 Fotos Imagem mostra como era o Rio Doce antes da onda de lama e como ele ficou depois do desastre ambientalElvira Nascimento/ Revista Caminhos Gerais
Imagem mostra como era o Rio Doce antes da onda de lama e como ele ficou depois do desastre ambiental (foto: Elvira Nascimento/ Revista Caminhos Gerais )


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